A menina dos olhos púrpura

capítulo único

Existia algo de diferente em Soraya. Não somente sua pele morena quase vermelha, ou talvez seus olhos púrpura como o linho mais puro. Seu ânimo aventureiro e imprevisível para sua posição de vida a tornava uma mulher diferente.

Soraya é a duquesa de Belgravia. Sempre teve em si a aspiração por mudança. Já foi um grande passo sair de seu país natal, e ir para o interior do interior da Inglaterra.

A partir dessa conheceu o príncipe Lorenzo, um homem que sempre que podia servia a seus próprios servos. Como em todo natal, aonde ele visitava o abrigo da cidade e levava presentes, cantava com as crianças e ali ceava com eles.

Mas, tais feitos eram com certeza de se esperar da parte de um homem, não de uma mulher. A única tarefa de uma mulher da realeza era lustrar suas tiaras, usar chapéus exóticos, vestir vestidos coloridos e acenar para os moradores em festividades.

Soraya não se conformava com a subalternidade de suas semelhantes. Não se conformava que uma mulher não teria de se aligir com situações de estado. Em seu primeiro evento com a família real, debateu com o primeiro ministro sobre violência. Depois dessa, ficou em punição de dois eventos sem ir.

Para ela, pessoas não deveriam ser tratadas diferentes, nem ao menos por sua opção, ou por sua cor de pele, ou por seu gênero. Aprendeu com seus pais e familiares a respeitar e a tratar todos em igualdade. Mas isso não era um reflexo na realeza, isso talvez devera ser considerado um hábito arcaico para eles.

Mas, não estou aqui para falar de sua objeção pela vida que levava, ou até mesmo de sua aparência deveras sucinta e delicada.

Estou aqui para contar a história de como Soraya deixou este plano.

O reino de Belgravia estava em guerra.  Estavam prestes a atacar o castelo, e todos da realeza estavam escondidos no andar subsolo, temendo os rebeldes.

A única inconformada era Soraya.

—Vamos lá rei, o senhor já deve ter enfiado espadas em cabeças de alguém na vida, né? —Soraya levantou-se em raiva, ajeitando o turbante —Rainha? James? Ah minha santa Guadálupe,  como podem ser tão fracotes?

—Controle sua petulância Soraya —A rainha advertiu

—Não! Pessoas estão morrendo lá fora, seus escravos estão morrendo com espadas no peito e vocês não fazem nada? Seus habitantes estão morrendo de frio, fome e medo lá fora e vocês estão aqui abastecidos, aquecidos e protegidos, não acham injusto isso? —Soraya gritou, apontando para fora —Quer saber? Eu não vou ficar aqui parada não, mediante ao sangue dos inocentes sendo derramado, não.

—Soraya meu amor, sempre foi assim—James a segurou mas ela soltou a mão dele de seu pulso rapidamente —Não temos o que fazer.

—TEMOS! CLARO QUE TEMOS. —Ela exclamou, pegou uma espada do canto e prendeu rente a bainha de seu vestido —Eu vou lutar em nome de meu povo!

—Deus salve a Duquesa Soraya.

Ela saiu, esquivando-se de soldados que corriam em direção aos inimigos. Parou atrás de um pilar e prendeu seu cabelo de modo que ficasse curto como o de um homem e saiu, batalhando com o máximo número de homens que conseguiu.

Quando achou ter conseguido tudo, saiu, e viu uma pequena criança chorar escondida embaixo de uma armação de madeira.  Era um garoto de mais ou menos uns 3 anos, e tremia de frio. Suas poucas roupas estavam rasgadas e sujas, assim como sua pele.

—Shh, está tudo bem garotinho. —Ela se abaixou na altura dele e tirou um cantil que roubara de um soldado —Tome um pouco de água. Vou te levar para o castelo e te arranjar doces. Gosta de doces?

O menino agarrou o cantil e bebeu por alguns segundos. Mas depois, deixou o cantil cair e apontou para trás.

—O que é?

—Salve a duquesa Soraya—O garoto sussurrou.

E foi isto que Soraya ouviu antes de ter uma espada atravessando por entre suas costelas.

Estava morta, mas como uma heroína.

Salve a duquesa Soraya.