Uma Questão de Honra

36 - Fim do início. Início do Meio!

Narração: Wolf

Passo pela colmeia, sei, e sinto que todos me observam como se vissem um fantasma. Bom, eu também faria se fosse com outra pessoa, mas isso já está me incomodando.

- Vocês não têm trabalho pra fazer não? Ainda sou o mesmo Wolf. – Falo um pouco mais alto e bem mas rude que o normal.

As pessoas voltam a trabalhar fingindo que não me viram, e fingindo que não estão me observando com os cantos dos olhos.

Entro na sala da Karina. Sentada atrás da mesa, Karina fita a mim sem mover a cabeça, apenas com os olhos.

- Quais as más notícias?

- Como você sabe? – Pergunto a pergunta obvia.

- Bom, você está na primeira transformação sem motivo aparente. O que significa que usou sua segunda transformação.

- Quer quais noticias primeiro?

- Vamos das melhores para as piores.

Suspiro, por quê acho que não tem melhor, mas apenas menos pior.

- Uns dias atrás, Tony veio falar com você sobre o traidor, e você e o Glitch disseram que iam dar um jeito, basicamente isso.

- Sim...

- Bom, nós já tínhamos uma suspeita por causa das ações dessa pessoa. – Digo sentindo o peso do que vou dizer.

- Que seria?

- Martin. Pode ser ele. – Digo sentindo o peso do que acabei de dizer.

Karina para. Olha diretamente para mim e começa a rir. Mantenho minha postura, o que faz Katina parar de rir.

- Escuta, Wolf – Ela apoia a caneta em sua mão na mesa – Você tem noção da gravidade dessa acusação?

- É óbvio que eu tenho. Você acha que isso é o que eu queria te falar? – Retruco instantaneamente em seguida.

Karina permanece em silêncio enquanto escuta atentamente.

- No dia que o rapaz foi baleado na panturrilha... Martin chegou em pouco tempo, e com o meu olfato mais apurado, eu confirmei. Ele cheirava a pólvora.

- Mas ele cheirar a pólvora não significa que é o traidor.

- Eu sei que não, e por isso eu não acusei ninguém. Apenas citei os fatos. Eu quero te pedir pra deixar alguma supervisão em cima do Martin.

- Bom, isso não é proibido para ninguém. – Karina estica sua coluna na cadeira e continua – Que outra notícia ruim você tem pra me dar?

- Edgar tem outros andróides, muito mais fortes. Tive que usar minha primeira transformação, como você deve ter notado...

- Sim. Passe isso para o setor de inteligência. Mas por que ainda não voltou para a forma humana?

- Bom... Eu tive que usar a segunda transformação...

- Eles são tão fortes assim?

- Aí vem a terceira notícia. – Karina fica tensa, pois já sabe e entende com as minhas transformações funcionam, inclusive que são muito ligadas as minhas emoções. – Tony estava no meu suporte, mas ele foi ferido.

- O QUÊ? ONDE ELE ESTÁ?

Karina em seu instinto maternal pula de sua cadeira e quer passar sobre mim. Mas me apoio sobre a porta para impossibilitar a passagem.