Memórias... tiradas do túmulo... seladas em dor e aspergidas em lágrimas
O gatilho é a sombra que assume a forma que lhe convir
Até mesmo o formato mais nobre de alegria,
Do sincero sorriso ao riso desenfreado, são máscaras da besta
A doce inocência, sempre profanada, sempre desmembrada
Estilhaços da vivência que não fora, lhe assombrando, lhe cobrando
Memórias que violam, lhe perseguem
O julgamento sem origem virá lhe esfaquear
E o mais brilhoso céu será negro e tua luz a fonte do abismo
Ria sem nunca estar satisfeito, foda sem nunca se saciar, beba até morrer
Desejada é a morte do amor, pois dele vieram as farpas que serpenteiam pelas veias
O abandono estará nos abraços, o desespero na promessa de renovação
Implorará pela ignorância, implorará por acreditar em mentiras
Abrira demais teus olhos e deseja retornar ao conforto do pesadelo
Lembre-se quando esteve lá, quando haviam menos cicatrizes e medos
Quando se via no começo de tudo e se sentia pequeno
Sem cogitar como era completo, como era inocente
Sem imaginar quantas lágrimas viriam pela frente,
Ou quanto tempo teria o gélido piso como companhia
Lembre-se quando esteve lá, quando o perfume da carne era teu chamariz
Quando haviam descobertas sem fim, criando o ilusivo casulo de perfeição
Seus passos eram desimpedidos, nunca sozinhos, e teus caminhos infindos
Poderia voejar e mesmo assim rastejara, cavando a própria trilha ao barro
Teus fatigados membros sangram e tua adoecida alma lamenta
Lhe forçaram a lutar contra o impossível e perdera, e a culpa é apenas tua
Talhe a própria face com as unhas, dê voz às feras interiores, blasfeme em vão
Saiba que será recordado, sempre que o gatilho encontrar seu caminho para lhe abusar
Das perdas. Das derrotas. Das falhas. Dos sonhos. Das memórias tiradas do túmulo,
Seladas em dor e aspergidas em lágrimas
VOCÊ ESTÁ LENDO
Randômicos
AléatoireTextos randômicos, entre contos e escritos que se provaram dignos de serem postados, podendo conter linguagem adulta e descrições explicitas. Ou não. De qualquer forma considere +18