Prólogo

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Em um beco pouco iluminado, com latas de lixo abarrotadas e condôminos silenciosos, estava um homem vestido com um sobretudo preto e chapéu redondo, seu traje era semelhante aos dos detetives americanos, levantou-se  após pegar um canivete do chão.

— Humanos. — Ele murmurou ao se pôr de pé enfim. Seu longo cabelo loiro até os ombros, fazia uma bela moldura ao seu rosto que possuía belos traços.
O dono do objeto se arrastou pelo chão sujo, o canto da sua boca estava machucado e sangrava... enquanto a mulher que havia sido abordada por ele, tremia e choramingava em um canto do muro.

— Por que é tão difícil respeitar uma mulher? — perguntou o loiro.
O homem magricelo que possuía uma cicatriz no rosto levantou do chão, e tentando espantar seu medo, o enfrentou:

— E quem é você para me dar lição de moral?

O loiro avaliou melhor quem o enfrentava, mas não expressou nada, medo, sarcasmo, nada. Encarou-o por alguns segundos sem dizer-lhe uma palavra. Era intrigante.

— Por favor... só me deixem ir embora — suplicou a mulher, mas os dois não pareciam ouvi-la.

O homem que havia abordado a pobre mulher, tenta recuperar sua posição e falha drasticamente ao arriscar esmurrar o defensor. O loiro agarra o punho do agressor e o torce enquanto ele geme e tenta se livrar, a força exercida pelo intrigante defensor era muito maior do que ele poderia pensar. Um osso quebrou e o loiro o empurrou contra o muro logo em seguida. O homem parecia horrorizado, como se estivesse diante do próprio demônio, ele suplica para que o deixasse ir e acabou se urinando ao ver olhos amarelos com uma fenda negra no centro, como os de um gato. A fenda parecia rasgar seus neurônios, indo tão fundo na mente do homem que ele não conseguia dizer nada.

— Quando ela suplicou, você não ouviu, ouviu? — O loiro levou suas mãos à cabeça do agressor enquanto mira seus olhos apavorados emergidos em lágrimas. O estranho teve acesso a todas as suas lembranças. Estupros, agressões, assassinato. Viu o suficiente e saiu das mente do homem. — É uma alma ignóbil. Achei  que a humanidade fosse mais... Humana. — Decidiu que ele não merecia viver e cortou a garganta do abusador com o canivete.
O homem se manteve de pé alguns curtos segundos e caiu no chão, a mulher que presenciou tudo, estava cada vez mais horrorizada.
Seu defensor apareceu em sua frente com uma rapidez anormal para um humano, ela se assustou e pediu para que a deixasse ir, ele levou as mãos à cabeça da mulher, seus olhos novamente mudaram de cor e desenho. Viu suas lembranças e se dera conta de que se tratava de uma mulher honesta, com marido e filhos. Fez com que a lembrança daquela noite desaparecesse da sua mente e então afastou-se dela. Os olhos voltaram à cor e ao desenho natural. A mulher olhou para o seu salvador confusa.

— Desculpe, onde fica o centro? — questionou ele.

—.... Ah — A mulher tenta lembrar como havia chegado ali, mas não consegue. — Fica a uns dois quilômetros daqui ao norte — disse ela.

— Me desculpe, nós nos conhecemos?
— Creio que não, sou novo na cidade. Jason Griffin. — Estendeu a mão.

— Amália Fontes. — Apertou a mão de Jason.

— Obrigada pela informação. — Agradeceu ele fingindo seguir as orientações da mulher. Afinal, ele conhecia Rivercity como se fosse sua própria casa.






GRIFFINS. O despertar. Livro 1. DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora