L U A N A

8 2 2
                                    


Havia um terremoto abalando minhas estruturas
Em um ato de desespero, estico meu braço buscando apoio
Mas já era tarde, minha mão encontrou o vazio e eu fui ao chão
Não havia mais abrigo da chuva ácida
Sem abrigo, sem defesas, sem disfarces
Todos viram meu temor bordado com o azul mais vibrante
E após pensar nisso em meio soluços
Percebo que eu não estava chorando... estava transbordando
Estava me afogando no meu próprio oceano
Estava tropeçando nas minhas próprias palavras
Tremendo sob os calafrios de meus próprios demônios
E por mais salgado que tenha sido nadar em um mar de lágrimas
Foi doce sentir este mar esvaziar meus pulmões
E refrescante ver quantos estão dispostos a segurar minha mão
E quantos estão me esperando na esquina para me julgar outra vez
Agora tudo está quieto, claro, ainda preciso secar o meu chão
Refazer minhas estruturas
Recolher pedaços do meu coração
Mas ao menos agora sei quem merece um pedaço dele
Para todos que foram gentis o suficiente pra me abraçar
Para aquele que eu acreditava ser insensível, mas que me cobriu com carinho
E para aquela que se dispôs a me ouvir
Eu sei que você também lida com seu próprio mar
Que existem dias em que você tem medo de se afogar
Mas mesmo assim, você foi minha salva-vidas
Digo retoricamente e literalmente
Quero que você olhe para seu próprio mar e veja meu reflexo acenando e dizendo obrigado
Porque é o que eu vou fazer quando sentir as ondas quebrando na costa
Vou pensar em você, nunca vou estar sozinha
E por fim, tomarei minha decisão
Sabendo que tudo o que eu tinha antes era um vaso de porcelana
E se eu voltar vai ser como se colassem os cacos do vaso com uma cola barata
Tudo vai estar de voltar no lugar
Mas nada nunca mais será o mesmo...
Especialmente eu.

PoemasOnde histórias criam vida. Descubra agora