Único

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— Tô com fome. — disse Changbin.

— Você tomou café da manhã? — perguntou Jisung, parando em frente ao outro.

— Não. — respondeu o mais velho com um sorriso.

— De novo? Você sabe que não deveria fazer isso. Quantas vezes eu vou precisar insistir para que você se alimente bem? — reclamou o Han.

Changbin continuava com um sorriso no rosto e sua expressão era a mais fofa do dia, até o momento. Aquela mesma expressão fez com que o rosto meio emburrado de Jisung se desfizesse por completo e se abrisse um sorriso de derrota no lugar. O maior simplesmente não conseguia sentir raiva do pigmeuzinho a sua frente. Era algo impossível para ele, já que Changbin fazia o mesmo feliz a qualquer momento, não importando o que estivesse fazendo.

Os dois haviam finalmente chegado ao seu "local secreto". Era um espaço mais afastado do pátio central, no meio de algumas árvores. Ninguém normalmente ia para aquele lado, então os dois adotaram aquele lugar como o cantinho secreto dos mesmos. O que faziam ali? Nada de mais, só passavam o tempo conversando, rindo, brincando, comendo, matando aula ou qualquer outra coisa. Mas eram somente os dois. Somente Seo Changbin e Han Jisung. E era exatamente isso que fazia daquele lugar especial para os dois.

— Como pode sorrir assim mesmo quando estou dando uma bronca em você? — perguntou o mais novo ao se sentarem no banco espaçoso de costume.

— Eu gosto quando você se preocupa comigo. Fico feliz e me sinto importante para alguém. — respondeu o Seo.

— Não fala assim. — brigou o outro, dando um leve tapa no ombro do amigo. — Você é muito importante para muitas pessoas. Você é muito importante para mim.

Aquela última frase fez com que o coração do pequeno Changbin palpitasse como um compasso desregulado. "Como ele me faz sentir bem." Era o que se passava na mente do mesmo sem parar naquele momento. Pensou em como seria se vivesse para sempre ao lado do amigo. Teria alguém cuidando e se preocupando consigo todos os dias do ano, seria feliz em todas as estações e sorriria todas as noites. Seria simplesmente perfeito, uma realização de sonho. Changbin queria aquilo mais que tudo naquele momento, queria realizar aquele sonho, mas, ao mesmo tempo, não sabia se seu querido Han Jisung teria o mesmo desejo que ele.

— Hyung. Hyung. Changbinnieee. Ei! — gritou o mais novo.

Quando Binnie despertou de seus longos pensamentos, percebeu que o mais novo estava deitado sobre seu colo e balançando uma de suas pequenas mãos na frente de seu rosto, tentando chamá-lo a atenção, e vendo como deu um pequeno grito no final, deu a entender que já estava fazendo aquele movimento a um tempo.

— Oi. — respondeu o Hyung.

— No que estava pensando tão profundamente? Te chamei milhões de vezes mas você não me respondia.

— Não era nada. O que queria falar para estar me chamando a tanto tempo? — Changbinnie perguntou começando a mexer no cabelo do pequeno deitado em suas pernas, que abriu um sorriso que deixava suas bochechas maiores ainda.

— Queria saber o que você queria fazer esta tarde.

O Seo pensou um pouco e apenas deu de ombros, já que não tinha nenhuma ideia. O mais novo entendeu e começou a pensar em algo para que os dois tivessem outra ocupação que não fosse os estudos durante a tarde.

Um silêncio se estabeleceu no local. Changbin ainda mexia no cabelo de Jisung e sorria enquanto admirava o mesmo. Haviam tantas coisas que amava naquele pequeno. Seu rosto, seus olhos, sua boca, seu sorriso, suas bochechas, seu jeitinho fofo, entre outras mil coisas.

— Jisung? — o menor resolveu quebrar aquele silêncio.

— Eu. — respondeu.

— Já pensou em morar comigo? — finalmente perguntou.

Jisung ficou alguns segundos em silêncio, parecia tentar entender aquela pergunta, mesmo que a mesma fosse bem clara.

— Óbvio, Hyung. Mas minha mãe nunca que deixaria. Ela me ama muito. Quero ver como sairei de casa quando adulto. — respondeu com uma risada no final.

— Quando formos adultos, você gostaria de viver comigo? Viver comigo para sempre?

Aquela pergunta final fez com que Jisung corasse perceptivelmente. O mesmo sentiu seu coração acelerar aos poucos, mas não entendia o por que de aquilo estar acontecendo.

— Uau, esse Sol está mesmo me cegando. — tentou mudar de assunto, colocando sua mãozinha tampando os raios de luz que cegavam sua visão.

Changbin percebeu o que o amigo fazia, mas queria uma resposta, então pegou a mão levantada do mais novo e desceu seu rosto até deixá-lo bem próximo ao de Jisung. Próximo o suficiente para que conseguissem sentir a respiração um do outro.

O Han ficou mais vermelho que um tomate com aquele gesto. Foi pego completamente de surpresa.

— Você não vai me responder? Você gostaria de morar comigo quando adulto? — repetiu Changbin.

Jisung não sabia o que responder, e seu olhar confuso e envergonhado revelava muito bem isso. Changbin, percebendo isso, afastou o rosto e riu.

— Você ficou surpreso? Espero que sim. Você realmente precisava ver sua cara num espelho nesse exato momento.

Jisung se levantou rapidamente e, de uma forma meio nervosa, começou a rir também.

— Hyung! Você me surpreendeu, de verdade. Não faça mais isso. Minha cara deve ter ficado incrivelmente engraçada.

O sinal anunciando o final do intervalo soou e os dois se levantaram.

— Deveríamos ir. — disse o mais novo, e Changbin apenas concordou com a cabeça.

Por mais que Binnie tenha dito ser uma brincadeira, ele realmente queria ter escutado uma resposta vinda de seu amigo, realmente queria saber se o outro sentia o mesmo. E queria muito que a resposta fosse positiva. Changbin só não sabia que, a partir daquele momento, a pergunta feita por si martelava a cabeça de Jisung, que pensava em o que responderia. Aquilo mexeu com o Han de uma maneira que ele nunca tinha experimentado ainda.

Seu coração palpitava tão alto que Jisung jurava poder ser escutado, sentia borboletas em sua barriga e uma vontade de sorrir quase incontrolável.

Han Jisung passou o restante das aulas inteiras olhando cuidadosamente para Seo Changbin, e finalmente, ao final do dia, chegou a uma resposta.

— Changbinnie. — chamou o mais novo, enquanto saíam do colégio juntos.

— Diz.

— Sim. Eu gostaria de morar com você. Gostaria de viver para sempre com você. Você só teria que me aguentar. — disse e riu de uma forma incrivelmente fofa.

Aquilo fez o coração de Chanbin pular e o mesmo sorriu, um sorriso que nunca havia mostrado antes. Que estava guardado durante toda a sua vida, apenas para esse momento. 

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