Na primavera do ano dos reis na pequena província de Lúvria situada em Ninttla, nasceu uma menina, uma bela e forte menina que ainda nem se dava conta do que era e já estava predestinada a viver grandes acontecimentos. Filha dos reis Meifus e Emália Vastilion, já nascia princesa de um povo e a segunda na linha
de sucessão ao trono, pois tinha uma irmã mais velha chamada Ayya, e anos depois seria presenteada com sua irmã mais nova, Ana.
Ayna cresceu cercada por pessoas que serviam ao reino e a ela consequentemente, porém sem carinho ou amor dos pais, seu único consolo era Aurélia irmã de seu pai; que sempre cuidou e auxiliou Ayna em tudo. Ela era curiosa, impulsiva, tempestuosa, cabeça dura, mas inteligente e aprendia rápido. No entanto se sentia sozinha e insuficiente para as pessoas ao redor, principalmente a família, então queria sempre fazer o seu melhor buscando até mesmo a perfeição. Ela sempre acompanhava escondida as reuniões que a junção dos reis de Ninttla faziam em seu castelo. Aprendia as estratégias militares de seu pai enquanto a irmã mais velha vivia apenas para estudar e a mais nova para brincar e se divertir pelos espaços do castelo. A pequena Ayna se diferenciava em tudo de sua família e das outras jovenzinhas de sua idade, tendo diferenças da forma de pensar até a forma de agir.
No seu aniversário de 11 anos seu pai havia sido constatado com uma doença que estava o matando aos poucos, logo a notícia se espalhou por toda a Lúvria chegando também aos ouvidos do rei de Eltaque: Pedis, que logo planejou um ataque contra a capital do reino de Meifus afim de tomar suas terras; inimigos desde um desacordo comercial que acabou prejudicando Eltaque e a Pedis que jurou vingança a Meifus. Sabendo que o rei do reino das flores (Lúvria) estava acamado e a beira da morte, pedis juntou seu exército e começou a avançar rumo as terras de Lúvria. As tropas de Eltaque eram maiores já que a mesma doença que havia assolado o rei, estava presente nos soldados, pois se tratava de uma praga contagiosa. Então em meio ao aviso de um ataque em breve, rei Meifus mandou que um de seus homens ainda saudáveis fosse enviado com uma mensagem de socorro ao rei de Porto do Sol, aliado de Meifus, para que o ajudasse enviando tropas para proteger seu reino já que o mesmo não o podia fazer.
Mesmo com suas tropas resumidas Lúvria resistiu durante três dias até que suas baixas já haviam sido tantas que resolveram se refugiar atrás dos muros da capital, na esperança de que as tropas de Porto do sol chegassem o mais rápido possível. Pedis sabia que devia invadir logo antes que novas tropas alcançassem a batalha, então seus soldados derrubaram os portões da cidade e a invadiram seguindo Pedis que visava chegar ao castelo. Ao saber que havia tido sua cidade e seu castelo invadido Meifus ordenou que suas filhas, irmã e esposa se escondessem em um espaço abaixo do piso (um esconderijo secreto) para que ali ficassem em segurança, mas sua esposa Emália se recusou a ir e deixar seu marido sozinho. —Não irei a lugar algum sem você meu marido! Aurélia leve minhas filhas e as proteja de qualquer coisa, mantenha-as seguras. Ficarei ao lado de meu rei e lutarei contra o que for!
Então depois de muita relutância de Ayna e suas irmãs Aurélia conseguiu levá-las ao esconderijo que ficava no quarto ao lado do quarto dos reis. E foi quando Pedis chegou ao quarto e encontrou uma guarnição a qual derrotou matando também sobrinhos de Meifus, filhos de seu irmão mais novo que havia falecido anos antes. O rei de Eltaque então entrou e se deparou com o capitão do exército, Olis e Emália a rainha, os dois preparados para luta, e quando Meifus disse: —Pedis, qual a necessidade disso? Ainda há tempo para parar com essa Loucura! E Pedis respondeu: —Você me deve mais que sua vida! Arruinou meu reino, minhas posses e minhas alianças! Eu perdi muito, e lutei para reconquistar e agora seu reino, o reino do homem que tirou tudo de meu povo, ele agora é meu! E sua vida também será! Entregarei sua cabeça aos meus súditos! Emália então falou: — Pedis, eu lhe suplico por todos os anos de amizade que eu e você tivemos, pare com isso! Já chega! Mesmo que ganhe essa batalha hoje ainda terá de encarar todos os outros reis de Ninttla que buscaram vingança por essa traição covarde! —Traição covarde? Covarde foi seu marido quando roubou você de mim, quando roubou meus direitos a terras e as saídas para o mar acabando com as posses do meu reino, deixando centenas sem comer os levando a morte! Inclusive MEU FILHO! Que se recusava a deixar de dar aos pobres o que tinha, o levando assim a morte! Vocês pagarão com suas vidas. Então uma luta entre Olis, Emália, Pedis e alguns de seus homens de confiança começou; Pedis e Emália ficaram frente a frente lutando um com o outro até que Pedis errou um ataque e foi ferido por Emália que logo começou a lutar com outros defendendo seu marido que mal podia ficar em pé. Olis matou a maior parte dos homens de Pedis, no entanto foi morto pelo mesmo fingindo que ainda estava caído no chão, Emália gritou de dor ao ver seu fiel amigo morto e partiu em combate com Pedis novamente que conseguiu derrubá-la e feri-la, ao ver sua esposa caída ao chão Meifus usou as poucas forças que tinha e se colocou à frente da espada de Pedis, impedindo que sua rainha fosse morta. Emália em desespero ouviu de Meifus que salvasse suas filhas, então ela correu o mais rápido que pode para tentar tirar Pedis do castelo já que ele iria atrás dela para matá-la também, porém enquanto corria pelo corredor foi atingida por uma flecha lançada por um dos soldados de Pedis, a rainha correu ao quarto que suas filhas estavam e trancou as portas já que não conseguiria correr para fora; Ayna a viu pela fresta do piso e a chamou, Emália pediu que ficasse em silêncio pois estava sendo perseguida. Pedis começou a gritar atrás das portas:—Você não escapará Emália! Eu caçarei você nem que seja aos confins de onde conhecemos! Eu a encontrarei e matarei você e suas herdeiras! Emália em desespero olha para suas filhas Ayya, Ayna e Ana como um gesto de despedida: —Eu amo vocês, minhas filhas! Pedis invade o quarto: —Poderia ser diferente, você poderia se juntar a mim, mas sei que recusaria. Fala Pedis enfiando uma adaga na barriga de Emália a segurando pela cintura tirando assim sua vida, enquanto Ayna e suas irmãs assistiam tudo. Gotas do sangue de sua mãe pingavam no chão e escorriam para o esconderijo, Aurélia tampava a boca de Ayya para que não chorasse e os olhos de Ana para que não visse, Ayna estava em choque e paralisada. Pedis acreditava ter vencido e ganho as terras do reino, porém não sabia que fora do castelo as tropas de Porto do sol haviam chegado e massacrado as maiores forças de Etalque, tornando Pedis um alvo fácil. Ao ser avisado aos gritos por um soldado que o rei Arménio havia o encurralado, o rei das terras dos ventos (Etalque) sabia que não conseguiria fugir então decidiu caçar ainda os descendentes de Meifus sem imaginar que seus pés estavam sobe as três herdeiras ao trono. Mesmo as procurando por onde pôde dentro do castelo Pedis não as encontrou e logo ficou frente a frente com o rei Arménio que já havia ido ao quarto real a procura do rei e só encontrou seu corpo, Arménio estava enfurecido e triste com a morte de seu amigo de jornadas antigas; ele matou todos os soldados de Pedis e o prendeu para que fosse condenado a decapitação em frente a todo reino de Lúvria, rei Pedis não tinha herdeiros ou familiares sua linhagem estava definitivamente terminada.
Apenas Ayna e suas irmãs juntamente com sua tia restaram da família de seu pai, Vastilion. Depois da morte de Pedis o funeral dos reis e de todas as vidas perdidas começou a ser preparado e realizado dois dias depois dos ocorridos, Ayya filha mais velha foi quem prestou primeiro as homenagens colocando o objeto preferido de sua relação com seu pai e mãe, ela lançou sobre seus caixões uma página escrita a mão por seu pai no dia de seu nascimento; Ayna a segunda pôs sobre seus pais uma pulseira dada por sua mãe e um boneco de madeira dado por seu pai, e Ana apenas uma criancinha colocou um lenço com as iniciais da família que havia ganhado aos 2 anos. O povo de Lúvria tinha o costume de presentear seus mortos com objetos que tivessem lembranças importantes entre os familiares e os conhecidos lançavam flores sobre seus corpos prestes a serem cremados.
Um mês depois da morte de Meifus os outros reis componentes da aliança de Ninttla começaram a cobrar pelo novo governante de Lúvria, colocando em pauta o sexo e a idade das herdeiras ao trono, pois nunca antes havia tido uma rainha nas terras de Ninttla; porém Aurélia lutou até a aceitação de que gerenciasse o reino por ser o parente mais próximo até que a mais velha Ayya que na época tinha apenas 13 anos assumisse a coroa aos 19, contanto que as decisões tomadas fossem levadas a aliança antes. As meninas de 7, 11 e 13 anos haveriam ainda de superar muita coisa, porém Ayna se fechou para o convívio com o povo e qualquer pessoa fora do castelo; Ayya seguiu com seus estudos para assumir o trono e por isso havia de se dedicar a visitas a outros reinos e A participação de festas entre o povo; Ana como ainda era muito pequena era cuidada de perto por Aurélia e pelas servas do castelo sempre sendo distraída pra que não pensasse nos acontecimentos e assim os anos se passassem e as feridas fossem curadas.
Aos dezessete, quatro anos depois Ayya já estava recuperada, ou pelo menos a ferida já estava cicatrizada de tudo que havia acontecido e era agora uma jovem forte e focada na sua posição em breve como rainha, Ana com 11 era uma criança feliz e adorável que encantava todos por onde passava, Ayna por outro lado aos 15 se tratava de uma jovem fechada sobre o que acontecia dentro de si, um tanto brusca, mas que ao mesmo tempo quando se tratava de outros assuntos sempre conseguia divertir e entreter as pessoas dentro do castelo, afinal ela nunca mais havia sido vista fora dele. Perante o comportamento de Ayna, Aurélia acreditava que quanto mais longe a mandasse melhor seria para que finalmente pudesse se recuperar e encontrar coisas boas a fazer, então decidiu que enviaria Ayna para Gustar a maior província de Fastus, na qual era reconhecida por ter os melhores estudos, a melhor educação para a nobreza de qualquer outro lugar. Governada pelo rei Florenço Eigastur e rainha Mara, se tratava de uma terra muito pacifica e grandiosa cheia de riquezas e pessoas alegres em suas ruas.
A intenção era que Ayna se integrasse aos outros jovens nobres que iam para Gustar e refizesse seus conceitos sobre carinho, amor e relacionamentos.
No início Ayna se recusou a ir embora de seu lar para um lugar totalmente desconhecido, ainda mais sozinha. Mas depois soube que não teria escolha e que era uma ordem de sua tia a qual deveria obedecer. Então começou a preparar seus pertences, se despedir de seus poucos amigos e de sua família, a despedida de sua irmã Ayya para ela foi a pior de todas, pois o laço fraterno e a relação de cumplicidade entre as duas era enorme. —Que você fique bem minha irmã, que volte para nós logo. Eu a amo como não amo mais nada nesse mundo! Melhore rápido, estarei esperando por você. Disse Ayya. —Voltarei sim minha irmã, sabe que estou indo contra a minha vontade. Eu ficarei bem, serei forte como nosso pai nos ensinou a ser, cuide de Ana, nossa irmãzinha pode ser um perigo às vezes. Então Ana apareceu correndo, agarrando Ayna pela cintura e gritando: —EU ACHEI QUE NÃO CONSEGUIRIA ME DESPEDIR DE VOCÊ! —Acalme-se Ana! Disse Aurélia. —Desculpe, ficaria muito arrasada se não me despedisse de minha irmã. Por favor não demore a voltar vou sentir muito a sua falta. E por fim chegou a vez de se despedir da rainha Aurélia, a mulher que havia dedicado todos os anos de sua vida a auxiliar nos cuidados com Ayna e suas irmãs. Sua mãe de coração. —Minha sobrinha querida... sabe que só estou fazendo isso para o seu bem. Acredito que tudo irá se consertar, você ficará bem. Eu a amo, amo como minha filha! Por favor não me odeie por isso, mas você estará melhor longe daqui. E então Ayna não disse nada apenas concordou com a cabeça e lhe deu um abraço cordial, caminhou até uma pequena bolsa com itens mais pessoais a pegou do chão, virou-se a porta do castelo inclinou a cabeça e virando-se disse: —Adeus, que estejamos sempre juntos por alma. Ayna caminhou a porta, desceu pelas escadarias e entrou na carruagem, que era guiada por guardas reais e puxada pelos cavalos mais majestosos do reino. Ayna olhou por um longo tempo sua casa: um castelo meio cinza, com pequenos muros ao redor, um jardim que o cercava inteiro com inúmeros tipos de flores, as casinhas dos empregados que ficavam próximo ao lugar em que brincava quando mais nova onde havia um riacho, as bandeiras do brasão Vastilion hasteadas sobre as torres do castelo e dos muros, as enormes janelas com vidraças pintadas a mão por seus ancestrais, com as grandes portas de dois metros e meio de altura na frente, e claro todas as pessoas que deixava no seu lar que tanto amava, olhou como se fosse a ultima vez que o veria e então a carruagem saiu pelos portões do palácio, e cruzou a capital e as outras cidades e vilas que ficavam no caminho em direção ao cais mais próximo onde iria embarcar rumo a Gustar. A viagem de barco era mais longa que a viagem por terra, Ayna quem havia escolhido ir em um barco já que nunca havia navegado. E então chegou ao porto, embarcou e seguiu ao seu destino. Seu novo destino, seu novo lar, e futuro que estavam pela frente, porém Ayna se mantinha forte dando o nome a família que pertencia. Uma princesa que conheceria mais do mundo para conhecer a si mesma.
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Ayna: a rainha
Historical FictionAyna é a segunda filha de poderosos reis governantes de Lúvria, ainda pequena Ayna é obrigada a encarar grandes reviravoltas e perdas em sua vida. Aos 15 anos, depois de passar todos os anos anteriores trancada dentro de um castelo, ela é enviada à...