Perigosa - Haddad + Personagem original

7

POV Ana Carolina Haddad

Conforme eu planejava, meu pai acabara concordando em seguir com a estadia no litoral, mesmo sem mamãe - E levando Cat conosco.

Chamaram um táxi pelo aplicativo e não demorou a embarcarmos com bagagens e muita sede de sol e água salgada.

O carro era grande, bem espaçoso, de modo que pudemos os três mais jovens nos espalhar no banco traseiro. Fui numa ponta e deixei convenientemente os pombinhos lado a lado. Fred aproveitava cada oportunidade para tocar em Cat, pondo o braço em torno de seus ombros, mexendo em seus cabelos, segurando sua mão.

Durante o trajeto, meu pai parecia bem entristecido, não dando muita atenção a nossas tentativas de engajar uma conversação, eu atribui sua expressão vazia à falta de mamãe.

Ainda mantinha a esperança de que estava vendo demais. Catarina era um sarro, muito louca, eu gostava demais dela, não queria ter de odiá-la.

Não quis envolver Frederico em minhas dúvidas, conhecendo meu irmão mais velho como eu o conhecia, Fred tomaria satisfações na hora com ambos: Se eu estivesse errada, seria uma puta injustiça e acabaria com as chances dele com Catarina. E, bem, se infelizmente, minhas suspeitas se confirmassem, eu não sei como ele reagiria. O tonto estava de quatro por Catarina.

POV Fernando Haddad

Quando pusemos o pé na areia - Para nossa sorte, a previsão era de tempo bem ensolarado todo o feriado prolongado - Tudo do que eu precisava era de um bom mergulho e algumas cervejas para relaxar.

Estava resoluto a não me envolver mais com a filha da Yolanda. Errara, sim, e não fora pouco, mas se me arrependia, merecia perdão.

" A água deve estar congelando !" - Catarina exultou, arrancando o vestidinho saída de praia. Estava com um biquíni de crochê ainda menor do que o que usou na piscina do condomínio.

Misericórdia, que bunda perfeita ! Grande na medida certa, redonda, empinadinha.
Mas trato era trato. Eu combinei comigo mesmo que a farra acabara, então pus o óculos de sol e afundei o nariz no livro que trouxera.
Não queria nem olhar.
Sentia orgulho de mim mesmo por ter voltado atrás e estar fazendo o certo.

Meus rebentos não se preocupariam em passar filtro solar se eu não lhes gritasse. A única que teve essa preocupação foi Catarina. Pegou o frasco em sua bolsa de palha e o abriu.

Se eu pensava que seria a mim a quem ela pediria para espalhar o produto nas costas, me enganei profundamente.

"Fred... passa o protetor em mim?"

Não nego que me incomodou uma pontadinha de insatisfação, que disfarcei muito bem.

Meu filho atendeu a seu chamado, todo prosa.
A sem vergonha deitou-se na espreguiçadeira, com o rabo pra cima, e Fred principiou a espalhar o protetor primeiro em seus ombros delgados.

Carol soltou uma gargalhada de júbilo. A coitada realmente acreditava que os dois ali eram um casal.

Por uma infelicidade do destino, meu olhar protegido pelos óculos escuros coincidiu com o de Catarina, e eu vi uma sombra de provocação que me atingiu no fundo na alma. Mantive-me no controle, porém.

" Olha essa mão boba, Frederico Haddad !" - Carol provocou, meu filho avermelhou de vexame.

" Tá me tirando, eu respeito a prima... ela é uma princesa."

Por muito pouco não ri alto.

POV Catarina Khouri

Fernando está se rasgando de ciúmes... Isso é bom. Ótimo, pra falar a verdade. Quero puni-lo, é o que merece para deixar de pagar de santinho e fingir que não existo e que nada aconteceu entre nós.

POV Fernando Haddad

Aquele joguinho de morde e assopra estava dando nos meus bagos. Agora Catarina cismou de ficar trocando selinhos com Fred. Os dois se levantaram e iam dar uma circulada pela praia quando Carol voltou saltitando do quiosque com um balde cheio de cervejas.

" Eu quero ver muitos bronzeados, porque hoje vai ter uma festa na escuna do nosso vizinho e nós três estamos convidados! " - Sacudiu os ombrinhos.

" Que vizinho, o Jairo?" - Perguntei, sem tirar os óculos. - " Então a festa é para os jovens. Eu não tenho nada o que fazer lá."

" Ahhh não..." - Carol cruzou os braços - " Se a mamãe tivesse aqui você iria...!"

Minha pequena estava certa, Ana Estela conseguia me levantar mesmo quando eu estava na pior.

Fechei o livro e o coloquei de lado.

" Se a sua mãe estivesse aqui, eu estaria namorando com ela no quarto e não aqui assando nessa lua com vocês !"

Carol aplaudiu, empolgada. Catarina - A falsa do caralho ! - Também demonstrou seus respeitos.

" Um casal tão lindo...!"