Seguimos para o quarto em silêncio (não quis fazer piada, juro), lado a lado. Minha mente não parava e podia ver que a de Mia, também não.
Noah e Annie vinhamm se comportando de maneira bem estranha desde a viajem, notei. Noah estava sempre arranjando uma desculpa esfarrapada quando o chamava pra dar uma volta, sempre tinha "algo pra fazer" e quando nos encontrávamos na escola ele estava sempre muito desatento, falando sozinho; e claro, temos Annie que, de acordo com o professor de ciências sociais dela, estava com as notas caindo e sempre estava sendo pega dormindo em aula.
Não havia prestado muita atenção ou mesmo dado importância pra isso uma vez que tínhamos Brooke nos importunado dia e noite mas vendo a cena no corredor me deixou um tanto intrigrado, não vou negar.
Já sei o que vão dizer: "para de ser tão cego. Eles estão se gostando. São tão fofos juntos." Bla bla bla. Claro, foi minha primeira aposta também. Seria a solução mais razoável mas, ainda assim, não. Acho que não. Honestamente, pela maneira que as coisas estavam andando, acredito que seja algo mais sério.Estava tão seriamente preocupado com o que quer que fosse que assombrava os dois que não notei quando Mia parou bruscamente no corredor na minha frente me fazendo ir de encontro a ela.
- O que foi? - perguntei.
E quando ela se virou pra mim, me assustei. Tudo o que via em seus olhos era puro medo.
Ela pôs as mãos em meu peito e me empurrou ora dentro do quarto ao lado, que estava com a porta aberta.
- Ahn... posso ajudar? - perguntou Lucas, nosso "vizinho", confuso pela súbita invasão.
Fiz um sinal apontando pra Mia que parecia, e digo sem exagero algum, que estava pensando qual era a rota de fuga pro Japão mais próxima. Lucas apenas deu de ombros e saiu dizendo que ia nos dar privacidade. Quando a porta se fechou atrás dele, falei:
- Mia? Sei que você não vai falar, mas eu preciso de algum tipo de explicação aqui.
Ela tomou ar e começou a fazer uma espécie de mímica; primeiro imitou alguém segurando uma bolsa (acredito eu), andou na ponta dos pés, ergueu o queixo, olhou pra mim e bateu no ar como se estivesse batendo do rosto de alguém e, por fim, olhou pra mim e cruzou os braços como se esperasse que eu traduzisse o que raios aquilo significava.
- Ahn... Alguém de salto roubou sua bolsa e você está brava? - tentei.
O olhar que ela me dirigiu me gelou os ossos.
- Okay! - falei em sinal de rendição - Não é isso. Entendi.
Ela revirou os olhos, agarrou meu pulso, me empurrou para o corredor e, uma vez que eu estava em frente ao nosso quarto, me soltou, voltou correndo para o quarto ao lado e bateu a porta.Entendi? Não.
Mas então, quando ia entrar no nosso quarto pra ver o que havia nele de tão errado, vi uma mulher sentada na minha cama.
Era alta, mas usava saltos sem se importar com isso, tinha cabelos longos e cacheados (como é que Annie falou que era o correto pra se descrever cabelos assim mesmo...? Ah, sim, "volumosos". Cabelos volumosos), pele e olhos claros e tudo o que vestia deixava claro que ela pertencia à uma classe alta.
Quando percebeu minha presença no cômodo, me lançou um sorriso.
- Ah, finalmente alguém por aqui! - Falou.
- Ahn, está procurando por alguém? - Respondi.
- Sim... pode-se dizer que sim.
Ela se levantou lentamente e me estendeu à mão.
- Me chamo Louise, prazer.
- Ah, claro, prazer. - Falei sem jeito - Pode me chamar de Carter.
Assim que ouviu meu nome seu semblante se fechou e ela recolheu a mão bruscamente.- Então você é o menino que está dormindo com minha filha!?
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Sem Palavras Me Conquistou
RomanceCarter mora em um dormitório coletivo feito especialmente para artistas de todos os tipos, sejam eles escritores, atores, cantores ou, no caso de Mia, desenhistas ou pintores. Mia é muito talentosa no que faz, suas telas e cadernos transmitem o que...