As Colinas de Górki [Romance Gay]

Capítulo 11 - A Traição

Era tarde da noite quando Yvon corria desesperadamente pela floresta. Atrás dele podia se ouvir passos da besta o perseguindo. Corria para salvar a própria vida, mas também para salvar a de Mikhail. O cão do inferno, cujo animal tinha sido seu companheiro durante os dois últimos séculos naquela casa, de repente havia enlouquecido e estava o caçando como sua presa. A mordida sangrando em seu braço dizia isso.

O medo crescia, e cada feitiço que utilizou para se proteger foi praticamente inútil. Não havia forma que ele poderia se defender se nada parecia funcionar contra Lenusya. O cão louco uivou, e o som pareceu divertido, maquiavélico para a caçada contra o seu próprio dono.

Yvon escorregou e consequentemente torceu um dos tornozelos de modo preocupante, caindo de um barranco e batendo violentamente contra pedras e destroços de árvores pelo caminho. Quando chegou ao final da queda, sentia-se destruído, destroçado, seu braço sangrando agora parecia uma bagunça muito mais dolorosa, e sua perna estava retorcida. Cortes por todo o corpo, além da sujeira e dos locais onde provavelmente haveriam diversos hematomas.

— Droga... maldição! — Ele olhou ao redor, desesperado, sua respiração curta e rápida enquanto imaginava um meio de escapar de tudo o que estava ocorrendo. O som de patas caninas se aproximando, as patas enormes de Lenusya o fez congelar no local onde estava. Medo e desespero se tornaram irmãos enquanto avistava acima o olhar de escarlate do demônio traiçoeiro a olhá-lo com diversão.

Mikhail... por favor, esteja bem!

–*-*-

— Por que está com tanta pressa? — Perguntou Isaak, o progenitor de Mikhail.

— Algo não está certo. Você me disse uma vez que tinha um vínculo com papai Hedeon, que poderia sentir quando algo de mal estava acontecendo com ele, não é?

Isaak assentiu, olhando confundido.

— Pois bem, estou sentindo essa dor no meu peito que não passa... além do mais, fui a casa dos pais de Yvon e descobri coisas que me deixaram tão confuso. Preciso fazer algo a respeito!

Isaak tocou seu ombro e o olhou com preocupação. — Eu vou falar com Hedeon, ele vai arranjar guerreiros para acompanhá-lo de volta. Se algo não está bem, precisa ir prevenido.

Mikhail sorriu agradecido. Imaginou que seu pai não aceitaria o fato de ele estar voltando tão rápido para casa e os deixando, ainda mais para viver com um mago no alto da colina. Contudo, seus pais tinham aceitado e dado a ele dezenas de bons conselhos e oferecido todo o tipo de ajuda possível.

Isaak lhe deu um beijo em seu rosto antes de correr para fora de seu quarto. Mik enfiou suas coisas na bolsa e encontrou os dois frascos que havia ganhado do ancião do vilarejo antes de sair para sua missão há meses. Havia uma poção de líquido rosa claro e uma de cor negra. Não se lembrava para o que elas serviam, qual delas era o veneno e qual era a poção de purificação, porém mesmo assim as colocou em seu bolso da calça.

Puxou a bolsa sobre as costas e seu conjunto de arco e flechas, deixando sua casa. Assim que saiu dela, encontrou Hedeon.

— Venha comigo. — Ordenou seu pai.

Mikhail não teve tempo de protestar, ele estava com tanta pressa. Seu pai o escoltou pelo caminho que atravessava o vilarejo, próximo dos lagos que abastecia a parte central, até que estavam na borda da floresta. Lá já havia cinco corvos guerreiros muito grandes, maiores do que Yvon ou seu pai, todos vestidos apropriadamente e carregando o armamento.

— Eles vão escoltá-lo de volta pelo caminho em que veio, e voltarão assim que estiver em segurança. — Hedeon lhe disse. Ele segurou Mikhail pelos ombros e olhou em seus olhos assustados. — Meu filho, eu posso sentir claramente a sua aflição, sei que está profundamente preocupado e assim nós também estamos, porém temos fé de que as coisas irão se resolver contanto que seja forte. — Ele lhe deu um aperto antes de puxá-lo para um abraço. Mikhail queria chorar nos braços de seu pai, contudo o homem mais velho estava certo, ele tinha que ser forte, caso contrário o que seria de Yvon?