As Colinas de Górki [Romance Gay]

Capítulo 12 - O velho Górki

Depois de comerem o almoço que Isaak tinha preparado com a ajuda das crianças, Yvon foi com Mikhail até a tenda do ancião. Górki estava lá.

Milhares de perguntas rodavam em sua mente naquela caminhada, e Mik pareceu notar isso, apenas segurando sua mão e a apertando algumas vezes para lhe confortar.

Quando chegaram, o velho Górki lhe deu um olhar inseguro.

— Vejo que já acordou, Yvon. – Disse o ancião do vilarejo de Irenia. – Górki estava lhe esperando para esclarecer alguns assuntos.

O mago da colina sentou-se em uma das almofadas, assim como Mikhail fez o mesmo. Ambos os idosos estavam a sua frente.

— Diga-me o que eu não sei. – Yvon tomou o copo de bambu com chá quente que o ancião lhe dera. – Graças a você, um monte de coisas desagradáveis aconteceu.

— Yvon... – Mikhail lhe cutucou. E mesmo assim, o mago continuava chateado.

— Tudo bem... tem razão por estar chateado. Eu vou lhe dizer o que fiz. – Górki também bebericou o chá com suas mãos trêmulas pela idade. – Eu também sou um mago, como você já deve saber. Tenho certeza que ambos leram meu diário.

Mikhail foi quem assentiu em concordância.

— Pois bem... por onde eu começo? – Ele disse baixinho com humor.

— Lenusya. Diga-me sobre ela. – Yvon colocou o copo sobre o chão de madeira a frente dele.

— Hum... ela tinha sido uma mulher exuberante. Era de um vilarejo vizinho... e pode não acreditar, ela era uma humana.

— Humana? – Yvon arregalou os olhos. Quando olhou em Mik, seu companheiro estava quieto, ele provavelmente já sabia de toda a história.

— Isso mesmo. Mas, além de humana... – Dizia Górki. – Ela era uma bruxa traiçoeira. Eu sempre fui um mago que vivia naquela casa da colina, eu mesmo a construí com o intuito de viver com a minha família naquele lugar. Mas... não foi bem assim que aconteceu.

Yvon permaneceu quieto e assistiu enquanto o mago lhe contava.

Górki tinha sido um homem bom quando jovem. Foi uma grande surpresa para Yvon saber que o velho tinha sido um aldeão de Irenia e tinha construído a casa na colina por causa de uma de suas expedições com as crianças, de acordo com ele, o melhor era a paisagem do grande lago e o nascer do sol quando os espíritos da floresta acordavam e lhe davam um jogo de luzes. Yvon tinha que admitir que era um grande motivo.

— Foi então que depois de me mudar para as colinas, eu conheci Alyona, quem vocês chamaram de Lenusya. Ela era uma mulher muito bonita que vinha todas as manhãs para a beira do lago assistir o nascer do sol. – Górki tinha deixado seu copo de chá próximo, mas seu olhar agora era perdido nas lembranças. – Eu a via sempre de casa e acabei me interessando por ela. Naquela época, eu tinha um desejo muito grande de me casar e ter filhos. Queria que fosse com um corvo, mas acabei me apaixonando por Alyona.

A mão de Mikhail pegou a de Yvon na sua, como se lhe transmitisse conforto enquanto ouviam a história de Górki.

— Descobri mais tarde que ela ia até aquele ponto próximo do lago por que também queria me ver. Enfim, nós nos relacionamos. Estávamos tão felizes que eu já não tinha mais vontade de escrever naquele diário. – Górki tossiu um pouco e depois suspirou. – Aconteceu que eu descobri que aquele não era amor de verdade. Alyona era uma bruxa e me ensinou muitos de seus feitiços, porém todos eram magia negra. Então... um dia veio Dimitri, era um simples mensageiro e sempre me entregava cartas de seus pais. Vivíamos muito longe e Dimitri sempre se arriscava para vir me entregar as mensagens.