Alabama Song (HISTÓRIA OFICIAL)

Capítulo Quatorze

— Como disse? — Zayn se levantou, olhando para as íris de Liam. O mesmo, sentiu sua alma gelar por segundos.

— Eu... Eu... Eu disse que ele me trouxe você, porque nós temos que nos unir em prol do amor de nossos avôs. O amor me trouxe você para dar um fim na história de nossos avôs.

— Mas o que teria isso a ver com a minha história, com a sua história?

Liam se viu em um argumento sem saída.

— Nada. Mas apenas foi uma curta e exagerada... Comparação?

— Então está me dizendo que o amor me trouxe para você, para resolver o amor de nossos avôs?

— Isso.

— Não faz sentido, Liam.

— Faz. Se observar bem — Ele se levantou — Nosso trem sai ás vinte e duas. Precisamos ir.

— Mas...

— Eu vou pedir um táxi — Ele saiu exasperado e atrapalhado.

Suando frio, Liam se escondeu atrás de uma árvore, enquanto pedia um táxi. Deus, o que ele tinha falado? Não, ele não estava apaixonado por Zayn, não, ele era homem. 

Hétero, homem... Se sentindo atraído por outro homem.

Porque isso tinha que acontecer? Porque? 

Era pecado, era sujo. Ia contra o que ele aprendeu com a sua avó, nos domingos na igreja, era contra o que ele acreditava.

Mas que se foda, não? Ele não era religioso. Desde que enterrou Grace, questionava sobre tudo e a todos. Se algo bom acontecesse, seria obra de Deus, mas se fosse ruim? 

Merda, Liam. Está apaixonado por um homem.

A viagem de trem foi calada. Zayn estava olhando as mensagens do celular, vendo que Niall estava procurando Josh avidamente, e Harry escolhia uma bela roupa para encontrar Louis. Liam dormia novamente, fazendo Zayn terminar o desenho que ele havia começado. Zayn se perguntou, se deveria continuar a falar com Liam, depois dessa viagem.

No dia seguinte, Jamil desceu do carro do neto de seu amigo e caminhou até a porta, com ajuda da sua bengala. Destrancou a porta e encontrou a casa do mesmo jeito que antes, com a diferença de uma mala e um ticket da EuroStar, encima da mesa.

Ele inspecionou todo aquele espaço. Encontrou o casaco do neto jogado na cadeira, cheirando á crossaint, e a bebida. O ticket encima da mesa foi pego entre os dedos enrugados de Jamil.

Eurostar: Paris/Londres: 10 pm.

Ele suspirou profundamente. Paris e ele não se viam há mais de 60 anos. Sua última lembrança foi um avião, que o esperava gentilmente do outro lado, enquanto sentia Najila puxá-lo pelo braço, o xingando. Atrás dele, os olhos de Rita e de Genevieve, enquanto Fermín estava de cabeça baixa.

As lembranças de Paris de felizes, passaram para nebulosas. Um tom de tristeza tomou sua vida, deixando tudo em dores. Os anos se passaram, e mesmo com o nascimento de filhos e netos, a dor se fora.

Ele deixou o ticket na mesa, e viu Zayn na ponta da escada. Desarrumado e bagunçado, Zayn tinha acabado de acordar.

— Bom dia, avô — Ele desceu as escadas e deu um beijo na testa do velho.

— Boa tarde, diz me dizer não? — O velho sorriu — Como vai?

— Hm, cansado. Pedi até folga hoje, não aguentava em meus pés.