Eu amava-a, mas sabia que tudo era mentira. Os sentimentos, os gestos, as palavras, nada disso era verdadeiro, eu era infeliz pelo acaso do coração, era triste pela força da situação, mas continuava a sonhar com algo que sempre seria em vão.
Estranho, mas eu gostava daquilo, agradava-me ouvir e saber daquelas mentiras em forma de verdade, eu enganava-me com aquele amor ilusório, era para mim um mal necessário, porque embora fosse falso, superficial e não duradouro me satisfazia no momento, então preferia viver a ilusão, porque em certa parte me completava e não me importava de ser iludido e viver na mentira, pois tudo que eu queria era ela.
Mas passei a ficar cansado, muito cansado, sabia que o meu sofrimento para ela era indiferente, então apercebi-me que queria e podia ter algo melhor, talvez um amor verdadeiro, mas mesmo assim doeu saber que teria de abandonar o meu primeiro amor, juro que não imaginava que seria eu a terminar com isso, mas tinha que ser.
Esperei o momento, e despedi-me dela com o maior aperto no coração pois eu estava a deixar o amor que eu sempre quis, mas que não tinha.
Era muito difícil, aceitar e acreditar nessa realidade, tudo porque tinha dificuldade em dizer para mim: "recomece".
Mas lembrei que ela amava a si mesma, amor tal que em mim era inexistente, e que desta forma, por maneira nenhuma, teria eu a capacidade de me entregar a outrem, se nem o meu eu sabia a quem pertencia.
Fácil não seria, sacrifícios são dolorosos, e ainda pior por saber que teria de abdicar do meu amor.
Mas o tempo foi para mim um grande remédio, e a certo momento elevei o meu ego, era a minha vez, fiz do meu eu prioridade, notei que apenas o amor próprio era-me necessário.
E sem precisar sofrer mais, descobri que a felicidade já estava em mim, mas que precisava ter o domínio dela.Cláudia Gomes