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POV Fernando Haddad

Tão logo anoiteceu lá estava eu, entediado embarcando numa escuna cheia de luzinhas coloridas, entupida de adolescentes e jovens adultos.

O que caralhos fazia ali?
Minha única motivação era a bebida, em quantidade e liberada.

Me sentindo mais perdido do que cachorro que caiu da mudança, tentei não colar muito nos meus garotos, bancando o paizão controlador, e ao menos tentar socializar o mínimo com o povo e depois me enfiaria em algum cantinho, para beber quieto conversando com meus botões.


Bem longe de Catarina.


Ela seguia fingindo que me ignorava. Se dividia entre dependurar no pescoço de Frederico e beber e rebolar até o chão ao som das músicas nefastas de gosto dos jovens.

Apenas dissimulava desinteresse, pois seu olhar me seguia onde quer que eu fosse.

Como previ, no instante em que a escuna atracou e parte dos convidados desembarcou e se espalhou pela praia, ficando a embarcação quase vazia, Catarina aproveitou a escuridão para me abordar.

Se aproximou como a cobra peçonhenta que era, se esgueirou pelas sombras e veio até mim, me pegando pela cintura. Eu não fugi, a encarei  com expressão nula.

" Vá atrás do seu namoradinho, minha nora."

Subiu a mão para meus cabelos, ficou brincando de desmanchar meu penteado.

" Já lhe disse que não precisa ter ciúmes do seu filho. Eu prefiro você. E tenho uma surpresa pra você hoje. Mais tarde no seu quarto..." - Pôs minha mão no meio das próprias pernas. Quentinha. Puxei a mão.

" Vou deixar a porta trancada."


" Garanto que não vai se arrepender." - Se pôs na ponta dos pés e me beijou superficial porém demoradamente.

" Boca gostosa..." - Sugou o ar por entre os dentes e me deu as costas, me deixando sozinho no escuro.

Perigosa - Haddad + Personagem originalOnde histórias criam vida. Descubra agora