“Seus coração não consegue sentir aquilo que os seus olhos não vêem.”
— Eu mesma.
Há! Eu conseguia ver sim, e muito bem! Enzo, 18 anos, estava no colegial, e eu, Evy, na faculdade de Teatro. Lembro-me bem de apenas correr até o garoto, jogar o copo de uma bebida desconhecida em seu rosto e em seguida bater com toda a minha força em seus braços, que, para ser sincera, não eram os dos mais fortes.
— Seu filho da puta, vai se foder! E você também, filhinha de papai.
A garota podia ser a pior de todas, aprontar com os inocentes na escola e se achar a melhor, mas eu nunca iria encostar um dedo em nenhuma delas, ou até xinga-la de qualquer palavrão estúpido. Era feminista, e por mais que algumas fossem bem ruins, eu nunca me rebaixava. Meus punhos se fecharam, e eu me virei para caminhar para fora da casa de John, um dos meus melhores amigos. Porém, eu pude ouvir sua voz de fundo, e eu revirei meus olhos. Aquele garoto estava na minha cola a noite toda! Ele não queria que eu fosse embora nem fodendo, e agora, a minha chance de escapar estava arruinada.
— Aí John, você nem imagina! Estou passando tão mal. Vomitei no seu banheiro todo, sinto muito amigão, tenho que ir.
Falei, dando um tapinha em seu ombro e me virando novamente. E antes que eu pudesse alcançar a porta, o garoto me puxou novamente, já sabendo que eu estava mentindo. Eu só esperava que ele não falasse do ocorrido, afinal, acabar de levar um chifre e falar disso logo depois não é nada legal.
John: Ei, ei, ei! Nada disso, mocinha. Você me prometeu que ficaria aqui até a festa acabar, lembra? Qual é, Evy, você não é daquelas que quebra promessas, lembra?
Ok, naquela altura eu já havia desistido. Cruzei meus braços e me joguei no sofá. Eu podia sentir dali a felicidade do maior, e eu apenas fiquei ali, com aquela cara de infelicidade. Pra mim, aquela festa já tinha acabado, e eu estava torcendo para não trombar com Enzo novamente, ou eu acabaria enchendo o moleque de porrada. Não era do tipo de demonstrar meus sentimentos, e por isso, era muito difícil me ver chorar por alguma pessoa. Talvez porque eu me apego rápido, mas acabo me desapegando bem mais fácil, e eu adorava isso.
John: Eu sei que você quer embora, mas, lembra daquela novata? Então, ela acabou de chegar. Porque não vai falar com ela? Se deram tão bem na aula de Teatro.
Eu olhei para onde John apontava, e vi Myllena na porta, totalmente perdida. Eu ri baixinho, lembrando-me do que havia acontecido na sala de aula, logo no primeiro dia da ruiva.
Flashback on.
Quatro dias atrás.
Prof° Andy: Okay pessoal, façam pares. Vou entregar um texto para cada um, assim vocês iram atuar com o seu par. Um sendo o homem, e o outro a mulher. Não esqueçam que estarão sendo avaliados, isso é muito importante.
— Ei, Myllena né? Quer ser meu par? Estou percebendo que está meio perdida, juro que sou boa e vamos passar nesse teste rapidinho.
Myllena: Oi... Hã, tudo bem. Se você diz, eu irei acreditar. Só quero ver se é tão boa mesmo.
A ruiva se aproximou de mim, e um pequeno sorriso se abriu em meus lábios rosados. Minha iris foram até o texto que eu segurava, lendo as falas do tal casal, e eu já sabia quem iria interpretar.
— Eu sou tão boa que eu menti dizendo que vamos passar nesse teste rapidinho, e você acreditou. Nem parece que era mentira, né? Estou até começando a acreditar que vamos passar mesmo. — Eu ri, voltando a olha-lá. — Há, irei ser o homem, tudo bem pra ti?
Myllena: Sem graça! E sim, tudo bem pra mim. Mas, porquê escolheu o homem?
— Tem poucas falas, gosto de ser rápida nessas atividades. Bom, boa sorte para nós duas.
Prof° Andy: Evy, Myllena, é a vez de vocês duas. Por favor, subam ao palco e interpretem um casal que acabaram de ficar noivos.
Eu concordei e subi ao palco. Myllena seguiu atrás de mim, lendo uma das suas primeiras falas. Quando já estava de frente para todos, a ruiva paralisou no meio da escada, e eu acabei erguendo uma das minhas sobrancelhas.
Myllena: Nós vamos ter que nos beijar? Sério?
— Bom... Estamos atuando. Isso é um problema pra você? — Porquê certamente para mim não era não. —
Myllena: Não... É que, eu fico meio constrangida beijando pessoas desconhecidas.
— E você está aqui para parar com esse constrangimento, vem! Vamos acabar logo com isso, juro que não vai demorar.
A garota voltou a caminhar, e não demorou para ficar de frente para mim. E eu coloquei uma mecha loira do meu cabelo atrás da orelha, esperando que ela falasse sua primeira fala.
Myllena: Oh Miguel, eu estou tão feliz que vamos nos casar! Eu lhe amo tanto, meu amor.
— Eu lhe amo muito mais, Rebecca. Ti era o pedaço que faltava em meu coração, para que me completasse e me deixasse totalmente satisfeito em apenas lhe ter. Nunca quero me separar de você, por mais nenhum segundo.
Nesse momento, já estávamos perto suficiente uma da outra, e por incrível que pareça, Myllena deu a iniciativa do beijo, e eu apenas fui na sua. Porém, não demorou muito para que ela se afastasse e me olhasse com espanto.
Myllena: Isso não significou nada pra você, né?
E eu ri. Os novatos sempre agiam dessa maneira.
Flashback off.
— Pode acreditar, eu adorei beijar ela, mesmo que tenha sido só por atuação. Mas, vou tentar me aproximar, quem sabe não vire uma amizade?
John: Amizade colorida? Hummm. Vai lá, eu sei que no fundo ela acaba lhe atraindo de qualquer forma.
Eu apenas ignorei John, e andei até o bar, onde Myllena se encontrava.
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I just love you
FanfictionEu nunca coloquei um rótulo em mim, nunca me considerei nada. Se eu amo aquela pessoa, eu amo, e pronto. Não me importo com sua etnia, seu sexo, a cor do seu cabelo ou muito menos se é gorda ou magra. Eu apenas amo, com todo o meu coração e com toda...