Adeus, Escola Harvey!

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Elliot Blake sempre foi meu demônio pessoal. Descarado, sarcástico e sem vergonha, ele havia me irritado o ensino médio inteiro até que minha mãe, que havia acabado de se divorciar pela segunda vez, decidiu me trocar de escola no meu último ano do colégio. E, pessoalmente, eu estava dando pulinhos de alegria.

Eu me esgueirei pelos corredores do prédio masculino do Colégio Interno Harvey, na expectativa de não ser pega pelo diretor Harvey e de ver várias bundas másculas. A porta do dormitório de Elliot estava, como sempre, entreaberta, possibilitando um ataque surpresa certeiro. Esperei um instante, e...

- HÁ!

Esperei uma reação parecida com um mini infarto, mas só recebi um breve silêncio de Chris, o colega de dormitório de Elliot.

- Se 'tá' procurando o asno, ele tá no chuveiro. - Disse sem levantar os olhos da tela do notebook, com uma concentração intocável por trás dos óculos.

Uma ideia brilhante surgiu de repente. Chuveiro. Água quente. Água fria.

Saí pela porta do quarto e adentrei o vestiário masculino. Decidi colocar em prática minhas habilidades de ninja e peguei um balde jogado num canto. Enchi de água da torneira, me aproximei do único box que estava com chuveiro ligado e derrubei o conteúdo do balde por cima do box.

- AH!! PORRA, ANDREA! - Ouvir seu gritinho de surpresa foi o ápice desse dia.

- Até nunca mais, otário!

Saí vitoriosa pela porta do vestiário e rumei até a porta do prédio principal, onde minha mãe já me esperava no carro rumo a Seattle.

...

O trânsito foi tranquilo, dormi na maior parte da viajem. Chegamos no apartamento do noivo da mamãe, um cara chamado Charles, por volta das 20 horas. Pegamos o elevador até o 13° andar, e fomos recebidas por ele no Hall de entrada do seu apartamento. Era chique e espaçoso, o sofá da sala era maior que a minha cama. A cozinha era toda planejada em mármore branco, e havia um corredor que dava em outras três portas, provavelmente quartos. Havia também uma sacada enorme que tinha vista para o centro da cidade.

- Caramba! - Ignorei Charles e corri até o lado de fora da sacada, me pendurando para ver melhor - Dá pra ver o Space Needle daqui!

- Querida, vem cá, pega as suas coisas! - Mamãe entrou no apartamento carregando minhas malas em seus braços finos, quase derrubando a bolsa com a minha câmera profissional caríssima que eu quase vendi um rim pra pagar. Com toda certeza do mundo eu vou tirar muitíssimas fotos nessas férias de verão.

- O seu quarto é o segundo à direita, do lado do quarto do meu filhinho. Garanto que vocês vão se dar bem.

Deus me livre um pirralho ranhento estragar minhas férias nessa cidade incrível. Tenho que estar de cabeça fria pra quando começar a estudar no colégio de Seattle.
Carreguei minhas coisas de arrasto até o meu quarto. Abri a porta e um cheiro horrível de tinta fresca me atingiu, como se alguém tivesse acabado de pintar o quarto. Franzi o nariz e olhei para Charles.

- A tinta ainda está cheirando? Eu pintei ontem, pensei que não estaria tão forte hoje.

- Você pensou em abrir o vidro, pelo menos?

- Andrea! - Mamãe me repreendeu - Tudo bem, Charles, foi muito gentil pintar o quarto dela.

- Foi um prazer - Respondeu ele - Emily, se não for incômodo, pode dormir no sofá esta noite. E pode usar o chuveiro no quarto do meu filho também.

- Ótimo, eu tô fedendo dessa viagem!

Revirei minha mala de roupas e encontrei algo confortável pra vestir. Me dirigi ao quarto do garoto. A porta era fácil de identificar, tinha várias placas coladas. O interior era clean e organizado, com as paredes azul marinho, uma cama de casal, uma escrivaninha e um guarda-roupas espelhado. Atrás da porta havia uma cesta de basquete com algumas roupas penduradas nela. Haviam alguns pôsteres nas paredes milimetricamente colados. Encontrei a porta do banheiro e entrei, pronta para entrar no box imenso e tomar um banho quente.

(...)

Eu já havia aproveitado tudo daquele banheiro de princesa e já me sentia limpa o suficiente. Me enrolei em uma toalha fofinha e saí descalça. Abri a porta e meu corpo chocou contra um corpo estranho e eu caí de bunda no chão.

- AI! - Segurei minha toalha firme contra o corpo, e abri os olhos pra ver em que montanha eu havia batido.

Ele era alto, moreno e super irritante.

- Ora ora, o que temos aqui? - Elliot falou, e estendeu a mão para me levantar.

Fiz minha melhor cara de ódio e me levantei com meu resto de dignidade.

- O que faz aqui? 'Tá' me seguindo, é?

- 'Tá' doida, garota? Essa é a minha casa, o que você tá fazendo aqui?

Nesse momento, minha mãe entra pela porta do quarto vendo nossa cena.

- Ah, vocês estão aí! Andrea, esse é o Elliot, ele é filho do Charles.

Não consegui acreditar numa merda dessas. Eu vou ter que passar o verão inteiro com esse idiota. Essas férias acabaram de se transformar em um pesadelo.

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⏰ Última atualização: Nov 30, 2018 ⏰

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