Até logo

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Miguel é um garoto sem jeito, meio na dele, mas que quando pega intimidade, ninguém o segura mais. Não vá achando que por ser meio quieto ele leva desaforos para casa, não mesmo, ele luta pelo que acredita e defende aquilo que julga correto.

Jovem, de estatura mediana, corpo levemente definido, olhos azuis, pele bem morena e cabelos castanhos escuros e ondulados. Ele ama esportes, em especial handebol, tem o sonho de se tornar um jogador profissional e mais a frente um treinador.

Nunca passou pela cabeça de Miguel que ele iria se apaixonar, ele nunca foi de muitas namoradas, no máximo algumas ficantes, mas nada sério, ele queria focar na sua vida pessoal e profissional, mas o destino lhe pregou uma grande peça.

Alguns meses antes Miguel havia sido convidado para um jantar na casa de seu então treinador e alguns sócios do mesmo. Ele foi todo empolgado com o convite, mas ao chegar ao restaurante a última coisa com que ele se empolgara foi handebol, não, não mesmo, ele ficou vidrado em quem ele acreditava ser a namorada do patrocinador mais pomposo e o que determinaria a opinião dos demais.

Não que tivesse sido uma escolha voluntária, mas Miguel não conseguia simplesmente desviar o olhar daquela perfeita mulher, seus longos cabelos ondulados e castanhos, a forma como quando ela sorria todo o resto parava, o jeito que ela se portava a mesa o deixava maluco, ele só queria a tirar dali para dançar, a levar para longe daquele velho que tinha idade para ser seu avô. 

As horas se arrastaram e o rapaz não conseguia parar de encarar a menina, nada mais importava só o súbito amor desenvolvido por ela, ele queria fazer com que ela o notasse, mas seria difícil sem que o dinossauro ao seu lado também o percebesse.

- Miguel, Miguel está nos ouvindo? - questionou o treinador.

- Estou, claro que estou.

- Então o que acha? Está de acordo? - perguntou Mateus, o dinossauro.

- Eu, eu estou sim, mas queiram me dar licença, preciso usar o banheiro.

O menino nem esperou resposta e se levantou, por alguma mágica, a menina sussurrou algo ao Mateus e se levantou também, antes que Miguel pudesse notar eles estavam juntos, caminhando em direção ao banheiro e está era a sua chance, primeira e provavelmente última chance.

- Prazer, me chamo Miguel. - disse ele estendendo a mão a jovem ao seu lado.

- É eu sei bem, o assunto da noite é você, o garoto prodígio. - disse ela - Prazer, Lívia.

Lívia, que lindo nome, seria ainda mais perfeito ele poderia casar-se com a menina cujo nome homenageava sua amada avó, pensou ele.

- Lindo nome.

- Obrigada, mas me diga, tinha algo de errado comigo? Percebi que não parava de me encarar.

Merda, agora eu morro. Pensou ele. Mas é agora ou nunca. Então é agora!

- Com você nada, mas com seu namorado, você é muito linda e jovem para ele.

- Não que seja da sua conta, mas ele não é meu namorado, ele é meu avô.

- Me...meu Deus, me desculpe, nunca me passou pela cabeça, é que ele lhe toca e olha de uma forma mui...

- Mas é claro,assim como você, muitos babacas ficam me secando e não me deixam em paz, então ele faz isso para que eu possa ficar quieta no meu canto. - disse ela o cortando

Miguel se animou, parecia que a maré estava a seu favor, ele só precisava se desculpar e foi o que fez, eles ficaram algum tempo conversando e descobrindo muitas coisas em comum, incluindo a atração um pelo outro.

Ao retornarem a mesa, todos os encararam, e eles por sua vez ficaram o restante do jantar a se olhar e trocar sorrisos e olhares cheios de promessa. Ele fazia caretas, ela sorria, ela imitava os demais na mesa e ele se segurava para não cair na gargalhada. Dali em diante uma amizade nascia e junto a ela algo mais profundo e intenso.

Semanas se passaram e eles iam se falando pelo celular e marcando encontros, até que o primeiro beijo saiu, debaixo de uma árvore em um piquenique em um lindo dia ensolarado. E depois a primeira noite juntos, e a segunda, terceira e assim por diante.

Miguel estava rendido aos encantos da moça, adorava como tudo se encaixava, o beijo, os corpos, a vida em si.

Tudo transcorria muito bem, até o dia em que ele foi convidado para jogar fora do país e sua noiva, Lívia, conseguido uma vaga na USP, eles precisavam decidir se um dos dois abandonaria o sonho pelo outro ou se seguiriam suas vidas, pondo um fim no noivado ou se aguentariam a distância juntos.

Eles não queriam se separar, acreditavam que o amor era maior que uma mera divisão territorial e então permaneceram firmes, Miguel seguiu para o exterior e Lívia para sua tão sonhada universidade prometendo reencontrar o mais breve, dizendo para eles próprios um singelo e cheio de esperanças, até logo.


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