Os Sonhos Que Ficaram Para Traz.

4 apagar o tempo

😊 Bom dia !!! Mais um capítulo quentinho espero que estejam gostando....

Acordo com o barulho do telefone, é minha mãe mandando mensagens perguntando como estou e reclamando que não a procuro.

Respondo que está tudo bem, para ela sempre estarei bem, o máximo que temos feito nos últimos anos é trocar mensagens, algo se quebrou entre eu e minha mãe há muitos anos, e por mais que eu tente não tem conserto, a distância fica cada vez maior, ela escolheu o caminho dela e eu tenho respeitado, mesmo que isso um dia tenha me afetado muito.

Ainda me lembro de encontrá-la chorando com uma mancha roxa no braço.

— Mãe porque você se submete a isso? – ela me encarou triste e disse...

— Ah! Margarete, a vida não é feita de flores e versos, como você sonha! – Antes que eu a questionasse, ela terminou. — agora vá se trocar, não fica bem você andar pela casa com esses shortinhos.

— Mas mãe, eu sempre andei assim!

— Os tempos mudaram filha. E tem mais, não quero você no portão de conversinha com seus amigos, quem passa pode julgá-la mal.

Na época achei que eram apenas conselhos, mas ela mudou completamente comigo, tornou- se rude, tudo que eu fazia estava errado para ela.

Não tenho mágoa, mas acho que é melhor assim. Depois da separação eu morei dois anos com ela, mas depois ela seguiu a vida dela e deve estar feliz, pois não reclama tanto como sempre fez.

Não a culpo por ter se separado, pois estava insuperável o convívio deles, mas ela deixou de ser mãe para viver a vida que sonhara nos braços de outro que também não a respeitava.

Porém quando ela teve que escolher entre ele e nós, foi ao lado de outro homem que ela resolveu ficar, ela não fez nenhuma questão que continuasse morando com ela, ao contrário, minha partida lhe pareceu um alivio.

Ver meu pai sair de seu casamento destroçado foi o pior momento da minha vida. É como se a luz de seus olhos fosse apagada, e a dor em seu peito parecia tão forte que ardia em mim. Fecho os olhos e é como se visse ele saindo por aquela porta de cabeça baixa, deixando tudo para trás, sua casa e filhos que sempre foram seu maior tesouro, mas ele estava doente e precisava de se tratar.

Naquele tempo não conseguia compreender como o amor podia causar tanto sofrimento. Meu pai passou por um momento difícil, mas superou. Passei dois anos sem conviver com ele, e foi muito difícil não estar ao lado dele quando sentia que ele precisava tanto de mim. Cada dia me doía mais a falta do meu pai, minha mãe resolveu "viver", e passamos a ser seu segundo plano, pelo menos eu passei a ser.

Assim que tive completos dezessete anos, fui morar com meu pai que graças a Deus tinha se recuperado do alcoolismo.

Ele comprou uma oficina perto de onde morávamos, acho que tinha esperança que minha mãe ainda voltasse para ele. Não aconteceu, ela já era outra pessoa. E isso só o machucava, então optamos para nos mudar para o interior, longe de tudo, onde ele reside até nos tempos de hoje.

Meu pai recomeçou sua vida, fico muito feliz de hoje ver ele totalmente recuperado, e sei que a única coisa que o moveu foi o amor e a necessidade de me ter de volta a seu lado e proteger. O amor dele por seus filhos deu a ele a vontade de lutar pela vida. E poder ver novamente o brilho que sempre amei em seus olhos.

Meu estômago ronca e percebo que já passa das nove da noite e não me troquei e nem comi nada. Vou para o chuveiro, deixo a água norma cair sobre meu corpo com desejo que ela lave e apague tudo que passei, fecho os olhos e sinto uma solidão imensa tomar conta de mim.

Termino o banho visto, um pijama de seda lilás, e saio em busca de algo para comer, um sanduíche com muito queijo e um suco de laranja, morar sozinha tem dessas coisas, sempre lanches. Só nos fins de semana faço uma comida mais completa, quem sabe uma lasanha, mas por hoje um lanche rápido vai servir.

Acabo de arrumar a cozinha, e volto à biblioteca, sei que preciso dormir, amanhã vai ser um dia cheio, mas pego um livro para acabar minha leitura e deito no sofá, me tampo com uma manta quietinha, e me entrego à leitura, um bom romance água com açúcar para limpar minha mente. Sempre me refúgio em sonhos, quem sabe um dia seja eu a encontra um amor, que preencha essa minha solidão, um mocinho desses da história podia aparecer em minha vida. Sorrio com essa ideia de ter alguém que me ame incondicionalmente com direito a flores e serenata.

Será que esse alguém não passou por minha vida e eu não soube ver? Olho para meu caderno de versos, balanço a cabeça para afastar o pensamento. Oque passou, passou, não se vive de passado. Já passa das onze quando resolvo ir para cama, não quis dividir minha casa com ninguém, mas tem dias que sinto falta de uma companhia. Um cachorro seria bom, desses bem fofinhos, mas falta espaço, não seria justo deixa-lo sozinho em um lugar tão pequeno. Rosas, essa é minha segunda paixão depois dos livros, tenho uma roseira em casa e minha relíquia quando está toda florida, me encanta.

Sempre imaginei uma casa com varanda cercada por um jardim, vários cães correndo livres muito espaço, uma rede para deitar nos dias quentes e contemplar as flores. Seria lindo, mas é mais um sonho que vai ficar para trás.

Apago as luzes e caminho em direção ao quarto, minha cama fria me espera.

Deito e sinto meu corpo relaxar, e sono chegar, última coisa que me vem à mente é o rosto do meu pai me sorrindo e seu olhar cheio de amor, penso em ligar mas já é tarde.

Estou com saudades, preciso de seu colo.

Pai

É tão triste me conformar

E saber pai não vou

Mais te ver quando acordar.

Você foi o mundo que sempre

Quis ter e tive.

E hoje tenho que me conformar

Os dias vão passar e não vou te ver.

Você entregou o mundo

Todo pra mim.

E quando se foi senti

Que o mundo todo perdi

Pai eu sentia que não tinha,

Tudo que queria.

E hoje sinto em dizer

Tudo que eu queria

Sempre foi era estar

Com você.

Sem tua proteção me sinto

Tão perdida.

Parece não ter rumo para

Minha vida.

Simples palavras não vão

Me consolar.

Não vão trazer você de volta

Para me amparar.

Os dias passam e não deixa de doer.

Nada alivia a falta que

Sinto de você.

Pai você se foi e levou

O brilho dos meus dias.

Me tira dessa escuridão

Me ampara com suas mãos.

R.M

Tadinha da Meg né mas ela e forte, e supera...

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