"Ei, hyung..." A voz grave, porém mansa e soando baixinha, de Chankyun chamou a atenção de Jooheon, que abriu os olhos e virou o rosto para encontrar o olhar indecifrável do melhor amigo sobre si. Estavam deitados, sem camisa, no chão gelado do apartamento do menor em mais uma das tardes abafadas daquele verão infernal em que tentavam se refrescar debaixo do ventilador. Isso quando não invadiam a casa da vizinha de Jooheon de madrugada para usar a piscina dela sem que ninguém visse. Os corpos estavam mais próximos do que era recomendável naquele calor todo, mas eles não se importavam.
"O que foi, Changkyunnie?" O mais velho tentava decifrar o que havia por trás daqueles olhos intensos perscrutando seus traços. Changkyun tinha oceanos profundos sob os orbes escuros e não era raro Jooheon se flagrar mergulhando de cabeça naquela imensidão; na maioria das vezes, gostava de fingir que não sabia nadar e se deixava afogar. O mais novo sorriu, deitando-se de lado, a cabeça apoiada no braço, o rosto pertinho do de Jooheon.
"Posso pedir uma coisa?" A voz continuava suave, mesmo que o tom rouco e grave ainda arrepiasse todos os pelos do Lee. Jooheon arqueou uma sobrancelha e imitou a postura do menor, sorrindo de volta para o Im quando as pontinhas dos narizes se tocaram.
"Eu não tenho dinheiro, já aviso logo." Os dois riram e Changkyun se aproximou um pouquinho mais. Estava quente, quente para caralho. Os dois suavam e estarem tão próximos tornava as coisas ainda mais abafadas, mas o magnetismo quase irremediável que surgira entre ambos era impossível de ser ignorado.
"Idiota." O Im revirou os olhos, mordendo o lábio inferior ao ser assolado por uma insegurança repentina. Talvez não devesse, talvez não fosse dar certo, talvez seu hyung não quisesse. Queria muito acreditar no olhar que Jooheon dirigia a sua boca quando pensava que Changkyun não estava vendo, mas também podia ser coisa da sua cabeça e havia tanto sendo posto em jogo ali. Suspirou, mastigando o lábio, o olhar baixo. Quando sua coragem sumira?
"O que é, Chang?" Jooheon nem sabia por que sussurrava, mas era quase como algo dentro de si entendesse que era aquilo que o momento pedia. O mais velho ergueu a mão para tocar o lábio inferior do menor, puxando-o delicadamente com o polegar até que Changkyun parasse de maltratá-lo. Uma boquinha linda daquelas... Eram seus dentes que deviam estar brincando com ela.
Changkyun suspirou sob o toque, sorrindo para a delicadeza com que o polegar do mais velho deslizava sobre sua boca, perfazendo o contorno de seus lábios e pressionando-os bem de levinho só para torná-los um bocadinho mais vermelhos. Jooheon parecia vidrado no que fazia, ou talvez ele só estivesse hipnotizado pela boca do Im, perdido em toda aquela vontade borbulhante que ela causava dentro de si.
Puta merda, como Jooheon queria beijar Changkyun.
O mais novo sorriu, dedilhando o braço exposto do mais velho até alcançar um cachinho do cabelo escuro e enrolá-lo no dedo, os dígitos logo se perdendo em meio aos fios, acariciando-os.
"Me empresta um beijo, hyung?" Soltou em um sussurro, segurando uma risada diante do olhar surpreso do maior, que ronronou logo em seguida pelo carinho que ganhava. "Eu juro que te devolvo."
Jooheon riu, a risada gostosa que tirava o chão de Changkyun e o deixava com umas palpitações irregulares, quase como se fosse morrer do coração. Mas o garoto sabia que era só aquela paixão descontrolada por Jooheon e tudo sobre ele.
As mãos carinhosas encontraram seu destino na cintura do menor ao que o mais velho girava os corpos e se colocava sobre o melhor amigo, os joelhos lhe ladeando os quadris. O Im sorriu largo, lhe percorrendo as costas desnudas com a pontas dos dedos até voltar a embrenhá-los nos cabelos macios e cheirosos do Lee, o peito se movendo mais rapidamente conforme a respiração se tornava urgente ao que a distância entre os dois diminuía. Jooheon sorria de canto, os olhos presos na boca do melhor amigo.
"Tudo bem, mas eu cobro juros, que você fique ciente." O maior roçou os lábios, arfando junto do mais novo.
"Eu pago."
"Ah é? Como?"
"Como você quer?"
O sorriso de covinhas de Jooheon foi a última coisa que Changkyun viu antes de fechar os olhos por ter a boca macia dele deitando sobre a sua, os lábios se encaixando tão perfeitamente que chegava a ser ridículo. Por que demoraram tanto para se renderem ao que queriam tão desespedamente?
A língua macia do Lee dançou sobre o inferior do Im, que suspirou, deixando-a invadir sua boca e varrê-la de um jeito gostoso, lento e vagaroso. Beijavam-se devagar, os lábios deslizando com lentidão, os gostos se misturando deliciosamente, os dois rapazes arfando, deleitados. Jooheon sorriu contra a boca do mais novo, lhe sugando o lábio superior e a língua, o inferior sendo puxado entre seus dentes, do jeitinho que tanto desejava fazer. Changkyun ofegou, puxando os fios de sua nuca e avançando com um pouco mais de determinação em sua boca. O fôlego foi embora ainda mais rápido com o beijo urgente; Jooheon já havia encontrado seu lugar sentado nos quadris do menor, curvado sobre ele, as bocas grudadas e os braços lhe ladeando a cabeça. Changkyun, por sua vez, apertava os dedos com firmeza nas costas suadas do melhor amigo, arranhando as laterais do corpo quente sobre o seu vez ou outra, só para fazer o Lee se arrepiar e estremecer.
O Im dedilhou as covinhas que Jooheon tinha na base da coluna e partiu o contato com selares estalados e molhados, as bocas se encontrando por mais longos segundos em mordidinhas e sugadas um no lábio inferior do outro, até se afastarem bem superficialmente. As respirações ofegantes se misturavam e os lábios vermelhos e inchados se desenhavam em sorrisos satisfeitos. Jooheon acariciou o rosto ligeiramente corado pela agitação do melhor amigo e, com delicadeza, tirou os fios claros suados que caíam sobre a testa dele. Changkyun sorriu e Jooheon sorriu de volta. Selaram os lábios uma, duas, três vezes, até estarem rolando pelo chão, rindo e se beijando, mas eventualmente parando para aprofundarem o contato e trocarem suspiros e arfares.
"Esse me parece um pagamento de juros muito interessante." Jooheon sussurrou, brincando com o lábio inferior de Changkyun entre os dentes, chupando-o devagarinho só para fazer o mais novo tremer.
"E em quanto tempo eu sano minhas dívidas?"
"Quando eu enjoar de te beijar. O que, provavelmente, vai rolar, hm, talvez, quem sabe, nunca." Changkyun gargalhou e cobriu a boca do melhor amigo com a sua novamente, tomando-a em mais um beijo que lhes faria perder o fôlego e o juízo, mas se encontrarem um no outro, do jeitinho que devia de ser.
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Ei, hyung, me empresta um beijo?
FanfictionPor favor, vai, nunca te pedi nada. Eu juro que te devolvo. {jookyun}