aftertaste

chapter one: hi!

"Billie Eilish Pirate Baird O'Connell é uma mulher, muito mais que só garota, que tem referências múltiplas. Umas conexões neurais assimétricas, sinapses desgovernadas. Uma capacidade de associar temas conexos por um fio. Rimas que saem dela refinadas após essas ideias borbulharem no caldeirão da mente. É pura poesia e girassóis, ao mesmo tempo em que a ordem, para ela, só se encontra num buraco negro. Como um furacão que passa pela terra, destruindo tudo, ao mesmo tempo que fertiliza os corações incertos com palavras vomitadas por sua mais sincera alma. E eu a amo por cada centímetro de seu ser, exatamente assim".

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Meu despertador soou estridente, me fazendo acordar no meio de um sonho em um pulo e cair da cama em seguida. Ainda atordoada -- e com dores no bumbum -- , alcancei o maldito sobre o criado-mudo e desativei-o, me sentindo parcialmente realizada... Fiquei uns minutos sentada, olhando para o nada, ainda meio sonolenta... Mas espera aí...

AH, NÃO...

A ESCOLA!

É difícil crer, mas este é o meu primeiro dia de aula numa escola de verdade. E não, não tenho, tipo, uns 3 anos. Tenho 16, e nunca sequer pisei perto de uma instituição satânica como esta. Sabe, eu nunca fui, mas só de sentir o cheiro da Bianca (minha melhor amiga e vizinha) quando ela volta de lá, quase posso palpar um desespero personificado. Exala hormônios e socialização. Credo.

Minha família é de artistas, meus pais são atores, dubladores, meu irmão é ator, músico, produtor, compositor, e eu... bem... eu sou todinha música. É a única coisa que sei fazer direito, e ela está tão presente em mim, que sou bailarina desde muito criança, além de me envolver sempre em dança nos tecidos e outras artes circenses (sou muito elástica e movimentada), porque a própria música me envolve e me chama para efetuar movimentos. Como meus pais são bastante conhecidos (pelo trabalho), resolveram me educar em casa, com uma governanta, para que não houvesse escândalos, eu não me machucasse, e minha privacidade fosse preservada. Eu também possuo uma síndrome que me impede, às vezes, de entender o que as pessoas falam, e de me concentrar em algo por muito tempo, por isso, era melhor que eu tivesse alguém focado em mim para uma melhor educação.

Desde que me conheço por gente sou vidrada em música, comecei a cantar com dois anos e, aos onze, já escrevia minhas primeira músicas autorais. Com a ajuda do meu irmão mais velho, Finneas, comecei a lançá-las aos 14/15 anos, com clipes dirigidos por mim mesma também. Foi aí que, com a minha popularidade crescendo, meus pais decidiram que seria "bom para a carreira" que eu me envolvesse mais com pessoas da minha idade, e começasse a lidar sozinha com os problemas que surgiriam com a "fama", ingressando numa escola para um ensino médio comum -- já que a fase principal de alfabetização já havia passado também, logo, agora com mais maturidade, eu poderia me esforçar mais para acompanhar os outros alunos. Desde então, tenho refutado este destino.

EU REALMENTE NÃO GOSTO DE SOCIALIZAR! É ao contrário com meus fãs, eles são minha família e me amam, é como se já os conhecesse há décadas, são sempre tão íntimos e puros os nossos encontros. Não é como se eu precisasse provar algo constantemente a eles, como é na escola, onde há hierarquias ridículas na cabeça das pessoas, onde você TEM que se encaixar. Amo estar ao meio deles, no palco, fora dele, ou em qualquer lugar. Me sinto única quando estou com eles, porque me mostro como realmente sou, fazendo o que tenho de melhor em mim: cantar. Com eles, se eu quiser sorrir, sorrio. Se quiser chorar, choro. Se quiser gritar, grito. E se quiser explodir de emoção, explodo.

Enfim, dessa vez não teve jeito: tive que ir, de uma vez por todas, à escola. Fiz com que me inscrevessem na mesma escola da Bianca, porque se não, meu bem, a coisa ia ficar feia, e eu, que já não queria ir, preferiria não completar nem o ensino médio.