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A CHUVA CONTINUAVA A cair. As nuvens cinzentas e carregadas não planejavam ir embora tão cedo e o som das gotas furiosas martelando o telhado fazia com que Leila ficasse ainda mais ansiosa. Ela começou a balançar a perna de um lado para o outro, freneticamente, sem parar e apoiou o braço esquerdo sobre a mesa. Esperar era a pior parte. Ela detestava esperar.

Lino estava em pé, parado próximo à Tiana, ao lado da escada. Ela, apoiada em um dos querubins no topo do corrimão, cruzou os braços e aguardou que o irmão se pronunciasse. O silêncio perdurou por incontáveis e longos minutos, que mais pareceu durar uma eternidade. Leila estava prestes a explodir.

Estranhamente, Kai estava calmo. Ao menos, achou que estivesse. Conseguiu ouvir o ritmo das batidas de seu coração mudar e sentiu a angústia pesar em seu peito, exatamente como uma âncora afunda no oceano.

Estava estranhamente consciente de tudo à sua volta. Ele também ouviu a trava da janela balançar com o vento e o ranger estridente das barras de metal roçando umas sobre as outras. Era ácido. Tudo ao seu redor era ácido. Duro. Incômodo. Cada pequeno barulho ou movimento, que antes era insignificante, estava agora gritando em seu ouvido. Via-se domado naquele momento pelo mais puro arrependimento e sentia a culpa o perfurar.

Não, não estava surpreso. O que era ainda pior. Era exatamente aquilo que determinava sua culpa. Ele esperava que fosse acontecer, esperou por aquilo desde o baile de máscaras.

Enquanto lutava contra seus demônios interiores, todos os outros muniam-se de compaixão ao seu redor. Sentimento este que estava começando a odiar. A única coisa que o mantinha de pé era o pedaço de papel dobrado em suas mãos. Ele sabia muito bem que não deveria confiar em Gale, mas o cretino tinha razão. Era exatamente o que iriam fazer.

Confiariam nele, porque precisavam dele.

E, naquele momento, as esperanças de Kai se sustentavam apenas naquilo. Sentindo a raiva aquecer todo o seu corpo, ele rompeu o silêncio com um suspiro pesado.

— Qual é o plano, Kai? — perguntou Lino, avançando um passo na direção do amigo. O elfo levantou o braço esquerdo e pousou a mão no ombro do outro. Sabia muito bem que aquele gesto não traria o conforto que Kai precisava, mas era o que lhe restava fazer.

Kai suspirou, incapaz de retribuir qualquer emoção ao amigo. Ele sabia que Lino era o único que entendia o que ele estava sentindo, e ainda assim... ainda assim...

— Ele deixou um endereço. — Kai manejou o pedaço de papel e o posicionou entre os dedos como um cigarro. Levantou o braço e estendeu para que Lino o pegasse. — Acho bom prepararmos nossas coisas e nos apressarmos.

— Acha que é uma boa ideia? — exasperou Leila, com os olhos brilhando e a sobrancelha arqueada. — Depois de tudo o que ele fez, você acha que...

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