Capítulo IV.

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Os dias estavam se passando cada vez mais rapidamente, principalmente devido à quantidade absurda de trabalho que todos eles possuíam diariamente. No quarto dia de gravações, a maioria já estava exausta, apesar da empolgação para continuar a gravar e para ver os resultados. Foi exatamente por isso que, depois de quatro dias praticamente completos e intensos de gravação, eles chegaram a um consenso de uma noite de descanso. Recomeçariam o trabalho às dez da manhã no dia seguinte e gravariam mais um pedaço de Bohemian Rhapsody. Não haviam chegado nem na metade ainda.

Quando o horário marcado chegou, praticamente todos já estavam na sala para discutir qual seria o próximo passo. Exceto por Freddie, que normalmente chegava atrasado e Roger, por algum motivo desconhecido. Demorou cerca de dez minutos até que Freddie descesse vestindo um jeans azul e uma camisa branca. Mais um dia normal de atraso, todos estavam acostumados.

— Cadê o Roger? — Foi a primeira coisa que ele falou, o tom de voz sério.

— Atrasado. — Brian rebateu rapidamente.

Freddie passou a mão pelos cabelos e suspirou, impacientemente.

— Vamos esperar por mais dez minutos. — Ele disse, mais como uma ordem.

Três minutos. Cinco minutos. Sete minutos. Dez minutos. Scarlett encarava os ponteiros do relógio de pulso agoniada enquanto o tempo passava. Repentinamente, ela levantou-se da cadeira que estava sentada e, em silêncio, atraindo todos os olhares da sala para ela, subiu as escadas, batendo os pés com força contra os degraus de madeira. Ninguém disse uma palavra.

Ela caminhou em passos furiosos até a porta pintada em uma tintura preta e, de repente, parou a uma distância de dois passos. Scarlett ergueu os punhos fechados, mas cessou os movimentos, tentando recordar-se da noite passada. Fora dormir tarde, perdera-se em meio a leitura. Lembrava-se de ter ouvido gargalhadas pelos corredores, uma delas, inclusive, ela conhecia bem. Roger Taylor. Recordava-se também do forte cheiro de álcool invadindo suas narinas e de passos afobados de mais de uma pessoa. Por fim, da porta do quarto ao lado batendo.

Ainda parada em frente a porta, ela ponderou. A menina fechou os olhos, respirou fundo e contou até dez, tentando reunir toda a coragem que tinha. Decidida, ela girou a maçaneta bruscamente e empurrou a porta sem nenhuma delicadeza.

— Roger Meddows-Taylor! — Não se conteve e proferiu o nome aos berros. Tão alto ao ponto de todos que estavam na sala, no andar de baixo, ouvirem e gargalharem.

De súbito, uma figura feminina de lingerie deu um salto, tentando esconder-se debaixo dos cobertores de tom marfim que cobriam a cama.

— Puta que pariu, Scarlett. Você está maluca?! — Ele estava quase gritando, desesperadamente irritado.

— Você é quem deve estar maluco, Roger. — Agora, ela parecia tão irritada quanto ele. Ou até mais. - Você pode fazer o que quiser, com quem quiser, quando quiser, mas não seja um cretino que deixa os amigos na mão.

— Um... Cretino?! — Ele ergueu as mãos ao ar. — Eu só me atrasei, caralho. Isso é algum tipo de pecado capital, por acaso?

Enquanto eles discutiam, a menina levantou-se da cama, levando consigo o cobertor e vestindo cada peça de roupa desesperadamente. Ela parecia estar em pânico. Consequentemente, acabou por revelar um Roger seminu, que levantou-se da cama aos poucos, completamente desavergonhado e natural. Scarlett considerou fechar os olhos ou virar de costas, mas estava com os nervos a flor da pele. E, bem, não era uma visão nada ruim. Não mesmo.

— Você se atrasou vinte minutos, mas poderia ter se atrasado duas horas se eu não tivesse vindo te chamar! - Ela gargalhou, sarcasticamente. — Deixe de ser um mal agradecido.

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