MY BOY

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    Meu garoto havia entrado na minha vida após ter sido apresentado pela minha irmã em uma de suas festas, onde a mesma costuma convidar seus poucos amigos para beber, comer e jogar conversa fora.

    Meu garoto esteve o tempo todo sentado ao meu lado no sofá, sorrindo a cada palavra que eu dizia, como se tal gesto fosse fazer com que eu me rendesse mais facilmente.

    Meu garoto além de um sorriso bonito, também possuía olhos hipnotizantes ― íris castanhas escuras, quase pretas. E durante toda a noite eu me perdi em sua imensidão. Encantado eu estava para perceber que aos poucos caía em um armadilha.

    Meu garoto foi embora quando minha irmã alegou não estar mais aguentando cheiro de álcool, tabaco e perfume barato. Mas isso não impediu que ele me sorrisse uma última vez antes de colocar o capacete e subir em sua bela moto ─ que serviria como o principal meio de locomoção para os nossos encontros futuros.

    Meu garoto rendeu muita conversa entre minha irmã e eu. Descobri na mesma noite, minutos depois, que ele está no segundo ano de um curso que jurei não combinar com seu perfil. Advocacia não me parece o tipo de curso que um garoto de jaqueta de couro, topete e jeans apertado, escolheria. Mas não deixei de sorrir ao perceber que poderia estar me envolvendo com alguém mais velho.

    Meu garoto deu a caras uma semana depois, o mesmo estilo de roupa adornava o belo corpo desenhado por músculos. Desta vez a jaqueta era jeans e o cabelo estava bagunçado, a franja caindo sobre os olhos. Lindo de tirar o folego, eu diria.

    Meu garoto estava me convidando para dar uma volta, nada muito grandioso. Um sorvete de casquinha às três da tarde de um domingo ensolarado não faria mal algum, pensei. E lá fui eu, juntando a pouca coragem que tinha para subir na moto e colocar o capacete. Nem preciso dizer que o abracei forte durante todo o caminho ─ infelizmente curto ─ até a sorveteria.

    Meu garoto havia deixado eu me lambuzar de sorvete de morango antes de me convidar para uma caminhada na praça. Por mais que o sol estivesse agressivo e queimasse minha pele branca, deixando-a avermelhada, não me incomodei. Era gostoso passar um tempo na companhia dele.

    Meu garoto me contou mais a respeito dele. Nada que a minha irmã já não tivesse me dito, mas ainda assim fiquei surpreso quando ele disse possuir uma cobra de estimação. Recebi inclusive outro convite, desta vez para ir ao apartamento dele conhecer a cobra com o nome mais comum de todos os tempos: Nagini. E foi aí que eu descobri sobre o amor incondicional que ele tem pela série de filmes e livros sobre o bruxo mais famoso e amado do mundo.

    Meu garoto havia me deixado em casa horas depois, quando o sol já ameaçava se pôr e os primeiros tons de vermelho e laranja apareciam no céu, deixando a paisagem urbana de Seul ainda mais bonita.

    Meu garoto se parecia e muito com a minha primeira paixão. Tendo dezessete anos e estando no último ano do ensino médio, nunca me relacionei com alguém antes e pensei que seria assim até estar na faculdade. Mas pensando por outro lado, que mal faria dar uns beijos no meu garoto com pinta de bad boy? Exatamente, nenhum.

    Meu garoto retornou outras vezes nos meses que sucederam ao passeio na sorveteria e a caminhada na praça. Idas ao cinema, piqueniques, parques de diversão, mais caminhadas e mais sorvetes. E um lindo buquê de rosas vermelhas ─ minhas preferidas ─ ao final de cada encontro. Nem preciso dizer que já estava morrendo de amores por ele, preciso?

    Meu garoto pediu a minha mão em namoro para os meus pais e a minha irmã ─ ela alegou ser o cupido da nossa relação, portanto também seria preciso seu consentimento ─ dois meses depois de estarmos saindo. Por incrível que pareça, nem mesmo o meu pai fora contra.

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