Capítulo Único

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Sentado ao seu lado, na escada da loja de conveniências, que ficava apenas duas quadras da faculdade que os dois frequentavam, com dois guarda-chuvas abertos à seus pés, estava o maior problema de Koo Junhoe.

Todos os dias caminhavam juntos pela mesma rua monótona. Apesar de nos primeiros dias não trocarem sequer uma palavra durante o percurso, a companhia um do outro se tornou gradativamente agradável para ambos. E quando chegavam à esquina da floricultura, onde seguiam por lados opostos, se despediam com um simples "Até amanhã".

Entre as despedidas no final do dia, surgiram conversas e risadas. Surgiu confiança e intimidade. E surgiu um sentimento que Junhoe não era capaz de descrever em palavras e transformar em poema. Nas suas noites de insônia, se pegava pensando no rapaz de estatura mais baixa, cabelos negros e sorriso doce. Se questionava mil vezes do porque sentia aquilo por ele e se perguntava mais mil vezes se ele compartilhava do mesmo sentimento. Koo Junhoe odiava sentir tão intensamente  por alguém como estava sentindo nos últimos meses. Por que seu coração se deixou ser tão fraco à ponto de vacilar?

A esperança de um novo amanhã surgia todos os dias ao final das tardes.

Até aquele amanhã. O amanhã onde Kim Donghyuk lhe disse que não haveria mais um amanhã para os dois.

No dia chuvoso, sentado ao seu lado, na escada da loja de conveniências, com dois guarda-chuvas abertos à seus pés, Donghyuk pôs fim em todos os amanhãs que Junhoe sonhava ao anunciar que se mudaria para o outro lado do mundo.

Donghyuk era um problema que fazia seu coração acelerar, sua mente se perder. Que fazia-o sentir mil borboletas no estômago quando se aproximava o suficiente de seus lábios, mas não era um problema que ele queria se livrar. Koo sentiu seu coração murchar como uma flor de cerejeira. A estação mais bonita do ano estava indo embora e com ela estava levando a pessoa que ele amava.

A cruel primavera.

Enquanto o silêncio reinava entre os dois, Junhoe se arrependeu profundamente das tardes não aproveitadas, de todas as vezes que não saíram para algum lugar agradável no fim de semana, de todos os poemas que fez sobre o outro e nunca lhe mostrou. Se arrependeu por perder seu tempo presente imaginando um futuro que não teria sequer a chance de existir.

Quando a chuva deu trégua decidiram seguir pelo mesmo caminho de sempre, que parecia ainda mais sem vida naquela tarde. Mas Junhoe não sabia responder se o problema era a velha rua monótona ou ele mesmo.

Contudo, a caminhada não durou até a esquina da floricultura. Ela se estendeu até o parque. Até o centro. Até a loja de cafés. Até que seus lábios se tocassem e seus corações acelerassem com o toque repentino.

E o presente simples se tornou melhor do que qualquer plano futuro que Junhoe poderia imaginar.

Seu amanhã infinito se tornou finito quando Kim Donghyuk lhe deu as costas exibindo o guarda-chuva dançante em seu ombro, deixando apenas o sentimento de saudade pregado no coração do mais alto. Uma eternidade baseada no hoje que não pode se estender até o amanhã.

O seu infinito finito que terminou com um singelo "Até!".

Até Amanhã [JunDong]Onde histórias criam vida. Descubra agora