Capítulo 15 - Surpresas

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Passado horas em que havia chegado em casa e me trancado em meu quarto, pude ouvir as batidas na porta.

─ Camila, está ai? Está tudo bem filha? ─ indagou papai

─ Oi papai. Sim, estou bem... ─ me dirigi até a porta abrindo-a para meu pai.

─ Oi! O que faz aqui sozinha sorriso?

─ Podemos conversar papai? ─ perguntei e ele assentiu com a cabeça entrando no cômodo, se apoiando na bengala para conseguir se sentar em minha cama.

Eu andava de um lado para outro no quarto, estava prestes a confessar alguns sentimentos e coisas com meu pai cujo era a pessoa que me ensinou muito disso. Eu devia isso a ele antes de uma nova partida.

─ Querida, sente-se. Diga-me o que quer dizer ─ ele falou calmamente.

Me sentei na cadeira de uma mesa lateral que havia em meu quarto.

─ Papai...na verdade, o que eu queria dizer...

Me levantei da cadeira e fui em direção o armário e tirei meu violão de dentro do móvel. Papai me olhava e parecia esboçar felicidade seguido de emoção por aqueles meus movimentos. Sentei novamente na cadeira, apoiei o instrumento em meu colo e respirei fundo.

(opção de mídia acima)

─ Minha nossa...

─ Muito ruim? ─ indaguei.

─ Filha, você... ─ as lágrimas em seus olhos agora inundavam seu rosto.

Deixei o instrumento apoiado no móvel de cabeceira e me dirigi até meu pai, me ajoelhando ao chão e deitando minha cabeça em suas pernas. Comecei a chorar, mas as lágrimas eram de felicidade. Eu queria mesmo voltar a tocar e consegui! E mostrei ao meu maior e melhor docente: meu pai.

─ Gente, eu ouvi um som na casa e... ─ Sofia estava na porta do quarto e nos viu em nosso momento de emoção.

─ Venha cá pequena ─ chamou papai e ela se juntou a nós.

─ Eu amo vocês. Vocês significam tanto para mim!

─ Ei eu quero saber o porquê dessa emoção toda! ─ ela disse

Eu e papai começamos a rir.

─ Sua irmã voltou a tocar e agora cantando. O som que você ouviu? Era ela ─ ele falou e sorriu para mim.

─ Sério Kaki? Ahhhhhhhh! ─ ela vibrou e me abraçou forte.

─ Precisamos comemorar esse retorno ─ falou papai se levantando com a ajuda da bengala, a minha e Sofia.

─ Vamos sair! E quando voltarmos, Kaki toca mais uma música...no piano! ─ falou minha irmã empolgada.

─ Uma ótima ideia. O que acha filha? ─ indagou ele.

Meu sorriso era inevitável.

─ Eu topo ─ respondi.

Aquela noite era bastante especial. Era um alívio para mim ter conseguido voltar a tocar. E também emoção. No caminho para o local escolhido por papai para jantarmos eu ainda pensava em como estava feliz por aquele acontecimento. Chegando ao local fiquei encantada. Se tratava de um espaço bastante caseiro, a fachada da casa era delicada e o design interior possuia diversos filamentos com luzes brilhantes e tinha um ar bem rústico também. Nós jantamos e só saímos do local próximo o horário de fechamento pois ficamos conversando e nem vimos a hora passar. No caminho para casa, uma surpresa.

─ Ora ora, se não é o velho louco que incendeia igrejas ─ Marcus vinha em nossa direção.

─ O que deseja sr. Miller? ─ perguntou meu pai.

Ele soltou um riso debochado antes de responder e olhou para mim.

─ Ah, tudo bem amorzinho? Cadê o seu cãozinho guarda costas quando você precisa dele? ─ ele se aproximava de mim e eu realmente não me movia.

─ Fique longe da minha filha sr. Miller!

─ É sua filha? Que maravilha! Eu estava mesmo curioso a respeito de tanta beleza, mas não do senhor, é claro. Sua mãe deve ser também muito bonita assim como você não é!? ─ ele já estava bem próximo a mim.

─ O que você quer de mim? Não pode me deixar em paz? ─ indaguei nervosa.

─ Shhh...te deixar em paz? Eu estou mexendo com você meu amor? ─ ele acariciava meu rosto mexendo em uma mecha de meu cabelo e eu desviava de seu toque repugnante.

─ Fica longe de mim e do meu pai. O que foi que fizemos para você?

Marcus soltou outro riso debochado.

─ Sabe o que é? É que vulnerabilidade me atrai... ─ aquela resposta fez meu sangue ferver e eu realmente havia atingido o ápice da repulsa e ódio por Marcus.

Tirei as mãos nojentas de Marcus de meu rosto e me afastei bruscamente indo até meu pai e Sofia, que por sinal, estava muito assustada.

─ FIQUE LONGE DA GENTE! ESTÁ OUVINDO? ─ explodi de raiva.

Marcus tornava a se aproximar e foi surpreendido.

─ Eu já não te disse para ficar longe dela? ─ Shawn surgiu como se fosse num passe de mágica.

─ Olha só se não é o cara que pensei ser meu amigo. Estamos resolvendo uma parada aqui se não se importa ─ ele respondeu.

─ Marcus! Saia daqui! Deixe eles em paz! ─ exclamou Mendes.

Marcus se voltou para o moreno e foi saindo encontrando o ombro de Mendes numa topada feroz. Mendes olhou para mim com minha família e se virou para ir embora. Papai fez um gesto que mais parecia um sinal para que eu fosse atrás do rapaz. E fiz exatamente isso.

─ Mendes! ─ chamei pelo moreno e ele continuava andando.

─ Está tudo bem agora Camila. Pode ir para casa ─ ele falou.

─ Pare, por favor! ─ pedi e ele parou se virando para mim. Encontrei o olhar do menino que mais uma vez aparecera para me salvar e dessa vez a minha família também. Eu começava a me perguntar das intenções de Mendes sobre mim.

─ Eu já fiz meu papel de ser o seu salvador Camila. O que mais quer que eu faça?

─ Por que você se coloca esse cargo? Por que sempre aparece quando estou em perigo? Por que se importa tanto? Por que eu Mendes?

Ele me olhava e imaginei que estivesse pensando nas respostas para minhas perguntas mas, foi ao contrário. Mendes se aproximou de mim e colocou sua mão em meu rosto me obrigando a não desviar meu olhar dele. Em menos de segundos, nossos lábios se encontraram em um beijo doce e carinhoso.

𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐀𝐒𝐓 𝐒𝐎𝐍𝐆 • 𝚁𝙴𝚅𝙸𝚂𝙸𝚃𝙴𝙳Onde histórias criam vida. Descubra agora