Eu não posso deixar de ficar emocionado. Essa foto é a prova de que se conheceram antes da guerra. Xaver pintou em 1913, quando Emil já havia ido para a Universidade de Munique.
Pergunto ao garçom se ele reconhece a rua. O menino examina a pintura por um tempo e acaba dizendo: "pode ser qualquer uma". Realmente
Para se ter uma idéia, aqui está um mapa do centro de Sighisoara (obrigado, Google Maps!). Marquei em preto os lugares que já conhecemos.
A única coisa que está clara é que a casa está dentro da cidade medieval de Sighisoara, a julgar pela proximidade da Torre do Relógio que é vista em segundo plano.
A torre tem uma planta retangular e uma das duas fachadas amplas pode ser vista na pintura. Por isso deduzo que a casa tem que estar ao norte ou ao sul dela, mais ou menos nessas áreas.
Tenho que confessar que naquele momento minha esperança de encontrar a casa era ZERO. A cidadela não é grande, mas mudou muito em um século. Será que eu vou conseguir reconhecer a casa se eu a encontrar?
Também está começando a anoitecer e em algumas horas eu tenho que pegar o ônibus atrás a Târgu Mures (outra cidade da Romênia, e eu devo lembrar que Sighisoara era uma excursão de um dia e que eu vim para trabalhar!).
Ando pela área do norte sem sucesso. Muita rua bonitas, mas nenhuma sozinha, casas coloridas, vou me divertir.
Começo a me desesperar. E então um pensamento horrível me acontece. E se a casa nem existir? Metade da cidade esteve em ruínas por décadas. Que possibilidades reais existem de que a casa de Emil Muler permaneça em pé?
Com essa dúvida em mente, começo a andar pela parte sul. Sigo no caminho para a rodoviária e penso que se eu não encontrar a casa, deixo Sighisoara sem resolver o mistério.
E nada. Nenhum sinal da casa.
Ao longo do caminho eu começo a pedir informação para as pessoas. Eles olham para mim como se eu fosse um esquisitão. Isso quando eles me entendem. Um deles até achou que eu queria vender o meu celular.
Finalmente, quando me dou por vencido, fui até Hermann Oberth Square por uma escadaria e perguntei a um menino que serve mesas em um terraço. "Você reconhece esta rua?". Ele olha para a foto, olha para mim, olha para trás e aponta com o dedo. "Lá."
Eu me viro e, de fato, lá está! Eu tinha passado e nem tinha notado!
Coloco a foto e a tela juntas para que eu possa comprovar que sim, é a casa de Emil! Ainda existe!
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Emil & Xaver
RomanceA história a seguir é sobre o mistério que está por trás de uma lápide onde jazem dois soldados do Império Austro-Húngaro que lutaram e morreram na Primeira Guerra Mundial... e foram enterrados... juntos. PS: Essa história foi publicada originalment...