Ando pelas ruas de Sighisoara sendo guiado por Dorothea. Não falamos. A única coisa que quebra o silêncio daquela fria manhã de sábado é o crepitar dos nossos passos na neve.
Nós vamos para a praça principal da cidade. Ali vive Alina Balan, neta de Hermann Balan, que foi prefeito nos anos 50 e amigo de escola de Emil e Xaver antes da Grande Guerra.
Dorothea para em frente a uma das mansões e bate na porta. Imediatamente aparece uma mulher de sessenta anos com bochechas rosadas, parecendo que tinha saído de uma história dos Irmãos Grimm.
Alina e Dorothea conversam em romeno com essa cumplicidade de amigas de toda uma vida. Eu entendo algumas palavras isoladas, como "casa catalanului", "Emil", "Xaver", e "prieteni (amigos)".
Alina olha para mim com um sorriso de orelha a orelha e me deixa entrar. Ela não fala uma palavra de inglês, mas isso nem é necessário. É claro que ela está feliz em me ajudar.
Nós caminhamos pelos corredores da mansão, cheios de pinturas, estátuas e imagens religiosas. Dorothea está traduzindo as explicações de sua amiga: quando seu avô voltou da guerra, ele se interessou em colecionar arte.
As primeiras pinturas que obteve foram de artistas da região. E entre eles tinha uma pintura de Xaver Sumer. Por alguma razão, foi a imagem mais amada por Hermann Balan. E ali estava. Em um lugar privilegiado do salão de luxo.
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Emil & Xaver
RomanceA história a seguir é sobre o mistério que está por trás de uma lápide onde jazem dois soldados do Império Austro-Húngaro que lutaram e morreram na Primeira Guerra Mundial... e foram enterrados... juntos. PS: Essa história foi publicada originalment...