Prólogo

29 4 0
                                    

/    ◈1895◈    \

\oitenta e três dias à deriva/









— Abaixem as velas, rápido!

O grito alto e autoritário entrou pelos ouvidos de toda a tripulação, desviando suas atenções das nuvens repletas de nuances do mais puro cinza que contrastava com os filetes desconexos dos raios no céu escuro logo à frente de seus olhos.

Rapidamente a ordem foi acatada. Os homens com suas respectivas funções correram e saltaram nas cordas grossas que revestiam todo o navio, escalando por elas e tentando imediatamente dobrar o pano parcialmente branco da vela.

— O que está acontecendo aqui?

Kwan, responsável pelas ordens secundários dada aos tripulantes, se virou de imediato para o Capitão Min apontando o céu com uma expressão assustada. — Uma tempestade, Senhor, e não iremos escapar dela.

No mesmo instante um vento forte bateu contra as bochechas pálidas do Capitão, bagunçando seu cabelo negro como as sombras que cobriram rapidamente toda a extensão do navio. O mar agitou-se como nunca e o Min precisou se segurar em um dos barris de óleo que se espalhavam por ali para que não despencasse no chão.

— Temos que sair daqui... – correu o mais rápido que pôde até o timão que girava descontroladamente pelo vento forte. – As velas, rápido! Abaixem as velas, homens! – gritou a todos pulmões e rodeou seus dedos na madeira clara do timão, tentando com toda sua força girá-lo para a esquerda, mas era quase que impossível seus braços pouco magros conseguirem tal feitio.

O coração do Capitão quase se apertou ao ouvir Jake rezar em alto e bom som, pedindo a Deus que tivesse piedade de suas pobres almas. Jake, por sua vez, parecia desesperado por uma salvação, nada diferente de todos que ali estavam. Mas todos o taxavam de velho louco pelas suas histórias sem pé nem cabeça e sua fiel garrafa de aguardente, exceto o senhor Min, que adorava as aventuras fantásticas do velho que dizia ser imortal, passava horas e horas ouvindo sobre criaturas mágicas que habitavam sob as águas límpidas do oceano, e se permitia deixar sua imaginação fértil explorar um mundo desconhecido por si.

Despertou totalmente de seus pensamentos quando uma quantidade grande de água pulou do mar e molhou suas pernas. Com o balançar do navio, a agua já invadia por todos os lados.

Min gritou novamente, mas agora de alívio ao ver que faltavam apenas duas velas para serem baixadas. Kwan correu em sua direção e segurou o timão o ajudando na tarefa de virar para o lado oposto da tempestade.

Uma trovoada assustadora emitiu seu som por todo o longo oceano e, como um milagre tão esperado por Jake, as águas se acalmaram de imediato, o vendo parou de soprar e tudo o que restou fora o silêncio da noite.

Todos os homens pararam o que estavam fazendo e encararam o céu abismados, admirados pelo repentino desaparecimento da tempestade, mas ainda sim coberto pelas nuvens grossas e negras. Suspiros altos o suficiente para serem ouvidos foram soltos, mas não havia sido o suficiente para acalmar o coração do Capitão Min.

Os olhos atentos de todos acompanharam o único que foi capaz de se mover. Jungkook, o mais novo de toda a tripulação possuia apenas dezoito anos, e movido pelo seu sonho de um dia comandar um grande navio acabou embarcando clandestinamente sem ser notado, mas logo fora achado por Kwan e, depois de castigado, Min o contratou para ser seu ajudante. O garoto caminhou lentamente até o pico do navio, subiu na borda tendo como apoio a corda, e encarou o céu.

— Capitão, veja! Está tudo calmo novamente. – se virou para todos com um sorriso no rosto e encarrou o Min. – Creio eu que poderemos seguir adiante, senhor.

Não ouve tempo para possíveis respostas, o que aconteceu em seguida foi a coisa mais tenebrosa vista por cada par de olhos da tripulação. O corpo esguio de Jungkook, agora completamente queimado pelo raio traiçoeiro, foi de encontro ao chão ao mesmo tempo que as gotas grossas de chuva começaram a cair sobre suas cabeças, o vento voltando a soprar mais forte que todas as outras vezes agitando intensamente o mar que parecia querer engolir o navio.

Não havia mais o que ser feito, o destino já havia sido traçado e celado como nunca antes.

Os homens correram para todos os lados, gritos de desespero transformavam a cena diante dos olhos do Capitão em algo lastimável, horrendo e assustador.

Min não conseguiu se mover, parou onde estava vendo seus companheiros de viagem sendo engolidos pela água ou pelo fogo que agora tomava conta da madeira rústica do navio. Seu coração partido agora chorava com pesar. Levou suas mãos aos bolsos e retirou o pequeno quadro feito a mão que possuia a pintura da pessoa a qual pertencia seu corpo, alma e coração. Olhou atentamente o quadro e lhe deixou um beijo singelo antes de o levar de encontro ao peito e abraçar com força.

Não pode ver o que veio depois, pois queria que sua última memória fosse a de sua amada. Mas isso não o impediu de sentir o sufocamento da água salgada que adentrava suas narinas e invadiam seus pulmões.

E como um alívio tudo passou, a escuridão lhe tomou e, daquele belo moço com o título nobre de Capitão, sobrou-se apenas uma simples lembrança à deriva.






------------------------------------------------------


Ooi, pessoas. Eu ia escrever alguma coisa aqui mas não lembro hihi

Só espero mesmo que gostem dessa estória que estou criando com todo carinho pro cês <3

DÊEM AMOR A YOONMIN

Perdoem os erros de ortografia

E até a próxima!

Popo

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 28, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Poesia Dos Afogados ↭ YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora