Hope is for Suckers

E ainda tem pós-festa

Após todos os convidados irem embora, os 5 amigos estavam arrumando o café. Estava uma bagunça, mas poderia ter sido pior.
Os pais de Riley não ajudaram porque disseram que já que a festa era dela, ela limpava. E se sentindo super poderosos por ela ter aceitado, iam fazer um programa a dois, mas acabaram dormindo no sofá.
Smackle, a namorada e ex-inimiga de Farkle, teve que ir embora mais cedo e pediu desculpas por não poder ajudar.
Riley varria o chão e jogava os descartáveis no lixo,Farkle limpava com um pano molhado, Zay recolhia as coisas não descartáveis e jogava na pia, a qual Lucas estava limpando e Maya secando. Um time com as tarefas bem divididas.
- Essa festa foi demais! Mas a minha parte favorita foi quando rolou a batalha de rap- disse Zay em um tom que todos pudessem ouvir,lembrando do que tinha acontecido anteriormente
- Quando eu vi, tinha se formando uma roda e óbvio que o Zay estava no meio- disse Lucas, rindo do amigo espontâneo- mas quem arrebentou mesmo foi o Yogi.
- É, ele foi até bonzinho..
- Tá falando assim porque não sabe perder- disse Farkle, lembrando de como o amigo ficou depois que perdeu a batalha, pediu revanche e perdeu de novo.
- Foi o mundo que perdeu meu rap, não eu.
- Eu gostei bastante Zay, achei que você arrasou- disse Riley, dando força
- Viu? Obrigado Riley
- E quando todo mundo começou a dançar ? Até seus pais sabiam os passos
- É,eu lembro disso...-disse Riley, pensando no "mico"
- Você e a Smackle tentado tava muito bom- riu Zay, achando engraçado os amigos serem tão duros pra dançar, mas no fundo estava feliz porque eles tentaram e se divertiram
Farkle mostrou a língua pro amigo e disse que ficou surpreso quando ela aceitou dançar com ele.
- Ah mas qualquer garota gosta de ser chamada pra dançar- disse Riley
- Mas a Smackle não é qualquer garota, nunca se sabe né...
Riley sentiu uma pontada no peito. Queria que também a achassem diferente e especial. Pegou se lembrando do tempo que Farkle a elogiava e ela não gostava. As vezes ele podia ser muito intenso, mas sabia fazer alguém se sentir único. Sentia falta nisso de Lucas, por mais romântico que ele fosse, ela nunca se sentira única.
Falando no garoto, ele estava inseguro de falar com Maya, que não tinha falado nada fazia um bom tempo. Ele não sabia se ela iria se incomodar se ele falasse algo, era uma caixinha de surpresas aquela menina. Mesmo com medo de receber algum xingamento, falou, quase sussurrando, só pra ela ouvir:
- Eu adorei quando você cantou, você foi muito bem
Maya até parou de secar as louças por um instante e o olhou surpresa. Primeiro porque não tinham falado nada até então. Segundo que não esperava receber nenhum elogio. Nem tinha acreditado que tinha cantando na frente de todo mundo. Não costumava fazer isso, mas por insistência cedeu, o que também não costumava fazer, mas achou que estava a fim de experimentar o não-experimentado.
- Valeu
- E eu gosto bastante da música que você escolheu
Outra surpresa.
- Cowboy gosta de "dancing on my own"?
Ele riu sem acreditar que ela achava que ele só gostava de música country.
- Quer ver?
E começou a cantar. Maya riu da péssima interpretação de Robyn que Lucas fazia.

"Eu estou no canto, vendo você beijá-la
(Oh, oh, oh)
Eu estou bem aqui, porque você não consegue me ver?
(Oh, oh, oh)
Eu estou dando tudo de mim, mas eu não sou a garota que você levará pra casa
(Ooh, ooh, ooh)
Eu continuo dançando sozinha"

Desafinado, mas cantava com emoção.
Ela se sentiu obrigada a tampar a boca dele com o pano que estava secando a louça. Ele cuspiu o pano, sentindo os fiapos que tinham escapado do tecido.
- Tá bom, tá bom, eu paro- disse sorrindo
- Tá rolando show aqui na cozinha é?- disse Zay ao trazer mais pratos
- Vamos precisar de tomates pra assistir
- Não foi tão mal assim- protestou o cantor
- Foi sim!- gritaram Riley e Farkle do outro cômodo
Todos riram.
Continuaram lembrando de momentos da festa como quando Cory fez Riley e Maya dançarem com ele como se fosse um baile de debutante, quando a roda de rap se transformou em roda de dança e depois de piadas.
E também fizeram um mini show de talentos( foi aí que Maya cantou e encantou).
Riley fez uma apresentação da sua peculiar dança.
Zay e Yogi fizeram um rap juntos, pra selarem as pazes( mas Zay ainda estava ferido com a derrota).
Daya e Sarah também cantaram.
Dave e Auggie fizeram um truque de mágica.
Farkle e Smackle também fizeram "mágica", a ciência. Fizeram um experimento simples, mas que impressionou a todos.
Lucas não quis participar.
Maya ainda estava quieta, mas Lucas se sentia um pouco mais aliviado depois de fazê-la rir. Mas ainda tinha que falar com ela sobre um assunto. Tomou coragem não sei da onde e foi:
- Foi tudo bem entre você e o Josh?
Maya não parava de pensar nesse assunto, que a deixava tão preocupada. Tinha feito a escolha certa? Tinha! Ou será que não? Foi drama? Talvez, mas aquela incomodação com Josh não era nova. Ela estava pensando o tempo todo sobre o que aconteceu, mas pareceu pra ela que Lucas estava lendo sua mente. Achou fofo o garoto querer ajudar de verdade, se preocupando sempre com ela.
- Eu briguei com ele...disse que tava cansada de correr atrás dele e que é uma bobagem essa coisa de ele se achar muito mais velho do que eu- disse a garota quase de uma vez só, sentindo as emoções da conversa novamente- disse que ele iria se arrepender de não me valorizar-não achava que iria se abrir com Lucas, mas foi bom falar o estava pensando a horas.
- Menina você disse isso mesmo?? Cara sou seu fã, fez muito mais que bem feito, ele merece mesmo!- disse Zay, se intrometendo na conversa- Não trate como sexta quem te trata como segunda.
Eles riram da comparação enquanto o amigo saia feliz da cozinha. Admirava Maya e sua atitude decidida,não gostou quando viu o garoto que ela gostava com outra, a deixando triste e deprê. Ela merecia mais, alguém mais legal e gentil,tipo o Lucas. Pensou consigo que eles fariam um bom casal, na realidade. Não que não achasse Josh uma boa pessoa, mas todas as vezes que ele rejeitava Maya dava vontade de jogar ele do alto de um prédio. Pra não dizer coisa pior.
- E como você tá depois de conversar com ele?- continuou Lucas
- Em dúvida se fiz a coisa certa, se não falei coisa demais porque fiquei brava.
Odiava vê-la assim, sofrendo e insegura. Ela realmente gostava do cara, a deixava até desnorteada, nem parecia a Maya durona e decidida.
Respirou fundo e fez uma de conselheiro:
- Olha Maya, sei que eu não sou o melhor pra falar sobre isso, tem gente melhor do que eu naquela sala- disse se referindo a Riley- mas se eu poder ajudar de alguma forma... sei que você não se acha no direito de se incomodar com o que aconteceu na festa, mas você já disse de todas as maneiras possíveis que gosta dele e ele disse não todas as vezes, com a única desculpa de ser mais velho. Eu sei que ele gosta de você também- aquilo foi estranho de falar para Lucas- mas por sei lá qual motivo imaturo ele não quer admitir e não valoriza a garota incrível que tá na dele. Quantos caras não queriam estar na pele dele só pra ter sua atenção? Foi a melhor decisão que você tomou, porque foi uma ação de amor próprio, pra parar de se machucar. Se ele não for idiota o bastante, ele volta percebendo o que ele tava perdendo.
Maya ficou sem palavras diante daquele discurso, definitivamente não esperava por aquilo. Lucas também não. Estava até sem fôlego.
Parecia que tinha falado todas aquelas coisas pra si mesmo de alguns anos atrás, quando ainda estava no Texas, onde seu coração quebrou pela primeira vez. Agora ele já não gostava mais da menina, mas o que ela fez doeu e lembrar daquilo deixou Lucas um pouco enjoado.
Ela se chamava Alexis e Lucas só via ela de longe, mas ela parecia a garota mais legal e linda do mundo. Sempre sorrindo, aquele sorriso era de tirar o fôlego. Era só um crush, mas para um garoto de dez anos parecia amor verdadeiro. Ele deixava flores em seu armário, anonimamente, que colhia no caminho da escola. Estava encantado com a simpatia da menina. Ela tinha treze, e quando as amigas descobriram que uma "criança" estava afim de Alexis, ao verem o menino colocar flores em seu armário outra vez, começaram a fazer bullying com ele. Alexis, para não ser zoada também, se juntou as amigas e começou a xingar o menino. Quando elas descobriram que ele tinha ficado só segundos em cima da Ovelha Judy, virando uma desgraça para a família, aí então as "brincadeiras" se tornaram ainda mais frequentes. Lucas era um menino doce, mas ao mesmo tempo sabia ser agressivo e se defender, foi ensinado a ser durão, mas como fazer isso com a garota que ele amava? Não conseguia. Chorava escondido. A mãe ouviu um dia e ele contou, porque ela era única que ouviria sem reprimi-lo, e também porque ela o obrigou. Mas ele agradece por ter tido essa conversa até hoje.
- Meu filho, orgulho e preconceito cegam as pessoas, por isso ela não vê o quão especial você é. Você deveria parar de deixar ela te machucar e confiar que você é muito maior do que dizem. Se você se valorizar, um dia ela vai perceber que deveria ter feito isso também.
Foi aí que Lucas aprendeu sobre amor próprio.
Sua mãe o ensinava o amor, enquanto seu pai e o resto a família o ensinava a se defender, de um jeito agressivo. As vezes eles discutiam sobre esses jeitos totalmente diferentes de ensinar Lucas, entre a paz e a guerra. Geralmente eles se acertavam:a mãe cedia e ela o ensinava "escondida" para ser mais gentil e doce. Mas teve uma hora que ela não aguentou mais. E agora estavam em Nova York.
Zay ouviu parte da conversa e soube que Lucas estava falando sobre Alexis também. Na época Zay disse que a garota era muito para o caminhãozinho do amigo, hoje já diria o contrário. Nunca tinha percebido o quanto aquilo tinha doído e se sentiu triste consigo por não ter o ajudado quando ele precisou. Agora Zay e Lucas estavam diferentes, ele não tinha conseguido enxergar a situação quando aconteceu.
Maya olhou fundo nos olhos de Lucas antes dele sentar em uma cadeira próxima e percebeu que ele estava atordoado. Não sabia se ele estava incomodado com Josh ou outra coisa, mas o que ele disse fez ela ter certeza que estava fazendo a coisa certa.
Se agachou perto da cadeira e colocou uma mão em seu ombro.
- Obrigada Lucas, de verdade.
Olhou pra ela e se sentiu muito mais do que feliz. Aquele olhar dela deu o sinal que Maya estava bem, que ficaria bem. Era tudo o que precisava.
Zay não resistiu e voou na cozinha, abraçando as costas do amigo. Ele riu e espontaneamente puxou Maya pra abraçá-los. Ela ficou surpresa por instantes, mas retribuiu.
Riley e Farkle nem tinham escutado nada.