Capítulo 43 O que fazer agora?

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Francisco estava na sala de sua casa, junto com Natan assistindo um jogo de futebol na televisão. Dona Maria já havia preparado a janta e aguardava Karina chegar em casa para eles jantarem.

-Esse futebol de hoje não é o mesmo de antigamente Natan. -Falou um bravo Francisco vendo seu time perdendo.

-Eu não entendo muito desse esporte sogro, mas esses caras são tudo uns pernas de pau.- comentou o Arcanjo.

-Vi Sócrates jogar, Zico, Romário, Ronaldo fenômeno, Ronaldinho gaúcho, Zidane, entre outros. Fico velho e sou obrigado a ver esses ruins de bola acabar com o meu time. - desabafou Francisco.

-Mudando um pouco de assunto, Karina está demorando para chegar.- falou Natan olhando no relógio.

-Ela já deve estar chegando.- tranquilizou Francisco.

Mal a conversa cessou, o telefone começou a tocar.

-O bem... atende o telefone, pois estou ocupada.- gritou dona Maria lá da cozinha.

O velho se levantou do sofá e atendeu o telefone.

-Alô... Sim, é o pai dela que está falando.

Após a pessoa do outro lado da linha falar, Francisco ficou paralisado, seu corpo tremia, tanto que o telefone escapou da sua mão, caindo no chão.

-O que foi sogro ? - perguntou Natan.

-Meu Deus, não faça isso comigo. - Sussurrou Francisco, não contendo mais as lágrimas dos seus olhos, deu um alto grito - NÃOOOOO.

A notícia da morte de Karina foi como uma punhalada no peito de Natan, seu mundo se tornou trevas, sua mente ficou em frangalhos, sua felicidade lhe foi tirada. Ele não queria acreditar, mas o pesadelo era real.

Karina seria enterrada no cemitério de Itapevi, um lugar simples, que os familiares de Dona Maria tinha um jazigo.

No velório, a moça parecia um anjo que estava dormindo, teve a cabeça um pouco coberto por flores, para esconder o buraco da bala. Natan ficou o tempo todo ao lado do caixão. Francisco, apesar de ser um cara durão, estava aos prantos, não acreditava no que estava acontecendo. Dona Maria estava a base de calmantes.

O padre Valdir, junto com o pessoal que estava no velório, rezaram um pai nosso, uma ave Maria, para a alma da falecida.

Natan permaneceu firme, falando apenas o necessário, mas na hora de fechar o caixão, seu corpo tremeu, automaticamente as lágrimas começaram a descer, ficou tonto e quase desmaiou, mas foi amparado por Sr. José. Era duro saber que ao fechar aquele caixão, ele nunca mais veria Karina em vida.

A moça foi levada para a sepultura, a cova estava aberta esperando o caixão. Os coveiros aguardavam com as pás nas mãos. Karina foi posta no buraco de setes palmos e após isso, ouvia-se os homens jogando terra para tapar a sepultura.

Natan se aproximou, se abaixou, pegou um pouco daquela terra vermelha e jogou na sepultura do seu amor. Após isso, ele aguardou até que a cova estivesse completamente fechada.

Terminado o enterro, todos que ali estavam se dispersaram, uns para suas casas e outros para seus trabalhos, mas o luto ficou no coração de todos.

Após sete dias, houve a missa do sétimo dia, Natan não foi trabalhar nesse período, vivia a base de álcool e cigarros. Ficava isolado na sua casa enfrentando esse luto que era mais forte do que ele. Francisco ficou ao lado da sua esposa, que ficou com depressão, o estado dela era delicado.

O Padre Valdir realizou uma missa linda e comovente. Ao fim do culto, as pessoas se dirigiam para a saída. Natan ficou sentado no banco, ele estava pensativo, foi quando um homem de cabelos escuros e curtos, vestindo uma blusa marrom e calça jeans se aproximou do Arcanjo e se sentou ao lado dele.

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