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Toni

Isadôóra. — balancei a cabeça negativamente ao perceber que eu pronunciava de maneira incorreta o nome da garota com quem estive há alguns dias.

— Isa...Isadôra.

Era fato de que desde o nosso "reencontro", eu não tirava ela da cabeça e seu nome não saia da minha boca. Me perguntei como seria possível alguém entranhar dentro da cabeça a ponto de conseguir dominar até pensamentos. Seriam aqueles olhos castanhos hipnotizantes? A boca vermelha? O cheiro do cabelo dela? Sim, eu havia reparado no perfume que o cabelo da menina exalava. Procurei respostas para explicarem o porquê de da minha cabeça estar tão interessado, diga-se atraído pela menina que eu havia reencontrado a duas semanas atrás. Talvez tenha sido como ela proferiu as palavras em minha direção, seu jeito invocado e arisco. Não tinha muita certeza, mas ao fitar a figura dela que havia me intrigado tanto da última vez que nós vimos, foi como se eu tivesse sentido tudo o que aconteceu naquele dia, incluindo o corpo da menina colado ao meu, meus lábios grudados no pescoço dela. Alguma coisa dentro de mim esperava encontrá-la novamente, mas ela estava magoada comigo e eu não sabia com agir. Balancei a cabeça negativamente, ao relembrar da parte em que fui um idiota prepotente com a garota, um dos motivos pelo descontentamento dela com a minha pessoa, minha expressão se enrugou em uma careta que demonstrava o desgosto que eu sentia das minhas atitudes no último mês, em especial com Isadora.

— Ei. — escutei, antes de receber uma bola de meião no centro da minha testa. Assim que essa caiu no chão, chutei-a para longe de mim. — Sabemos que você é de outro planeta, mas neste momento tente parecer humano e entrosar com os seus companheiros. Ok?! — Lucas disse sério, sendo acompanhado por risadas dos demais presentes no vestiário.

— Impossível. — soltei uma risada sarcástica. — Eu sou o mais humano perto de vocês. — debochei. — Essa meia que você jogou em mim poderia ter necrosado onde ela encostou, ou até mesmo tirado um tufo de cabelo meu.

— Ha-ha! Muy divertido. — rebateu ele afetado. Sorri forçado para ele sendo contemplado por um dedo médio em minha cara.

— Ele está no planeta, Isa. — falou Casemiro se intrometendo. Fechei minha expressão, pois me lembro muito bem depois de ter comentado com Lucas, Isco e Varane sobre o episódio com a garota depois da visita a escola. Lancei um olhar matador para os três que logo trataram de disfarçar.

— Homens velhos vocês, pais de família, exímios jogadores profissionais de futebol e fofoqueiros. — fuzilei-os, balançando a cabeça em desaprovação ao comportamento deles, por mais alguns instantes antes de me atentar ao brasileiro que ria.

— Isa é a menina da escola? — questionou Asensio mais um intrometido.
— Sim. — Lucas disse. — Mas o nosso amigão Toni, a conheceu no dia que fomos a El Oro.

Hoje minha paciência seria testada.

— O nome dela é Isadôrá. — falei sem pensar.
— É Isadora. — Casemiro havia pronunciado o nome da maneira correta.

Claro, seu idiota! Ele é brasileiro, ela também.

— Para você é Isadora mesmo. — acrescentou Isco rindo, que apareceu do nada. Só podia ser sacanagem, eles se juntaram para debochar de mim, fiquei esperando Lopetegui dar as caras por ali acompanhado da comissão técnica para rir da minha cara. O que por sorte não aconteceu.
— Você merece, cara. — Lucas se manifestou, me encarando. — Vacilou feio. — eu estava concentrado em Vázquez, mas minha visão periférica me proporcionou perceber os acenos em concordância. Era isso, todos ali já sabiam o que eu havia feito e a consequência.
— Eu sei o que eu fiz. — respirei fundo. — E estou disposto a correr atrás do prejuízo.
— Qual é exatamente a sua definição de correr atrás do prejuízo, huh? — Isco fez a pergunta por todos.
— Quero me desculpar outra vez. Não quero que ela fique com má impressão de mim.
— Mais? — rolei meus olhos para Isco, me arrependendo por ter falado.

Aqueles OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora