Espanto,
Cobiça,
TIRANIA,
Sonho platônico em camas depravadas nos motéis da existência.
Um ato solitário de almas solidárias, como os românticos ambicionavam em seus versos delicados e nojentos de tanta doçura. Algo repetido.
Não, isso seria levar esses coitados à comédia.
Intitular seus trabalhos de "piruetas do coração" seria mais indicado para esses homens e mulheres deploráveis.
Palhaços equilibristas, prestes a cair num balde cheio de boemia,
Cultuando a deusa morta de qualquer realidade.
Branca como leite parvo. Cabelos dourados de tinta barata comprada no mercado.
Olhos verdes de ervas medicinais. Boca maravilhosamente torta e angelical.
Não, eles seriam bastante astutos em idealizar uma dama tão artística.
Eles querem as melhores perfeições, as mais límpidas formas,
As mais dignas ideias imaturas de donzelas tediosas em seus castelos à espera do príncipe encantado.
Covardes são eles, os românticos.
Vivem com as palavras presas na garganta, e quando decidem libertá-las,
Acabam por poluir o mundo com aberrações linguísticas,
Com pássaros depenados e sem asas.
O que é o romance ?
A paixão desenfreada por algo que não se pode ter.
Eles, acima de tudo, anseiam pela representação de um beijo.
Mero toque entre lábios, tão vazio e racional.
Não, eles desejam mais. Porém, a moral afasta o que realmente querem escrever com a vontade no papel.
Condenados são eles, os românticos.
Viver pela ilusão do "estar pela metade".
Existir para satisfazer apenas sombras de Eros,
Silhuetas vagas e deprimentes em busca do "amor romântico".
Pobres, mil vezes pobres são os escravos do coração.
O que não é o romance ?
A luxúria escaldante entre corpos em constante incêndio.
É o gemido de dor e prazer envolto pelas trevas da noite,
Onde a ereção e as emoções úmidas ferventes encontram a guerra,
A grandiosa guerra que os românticos fugiram, pois não está no "mundo" deles.
Correm com as palavras e as musas claudicantes para as montanhas,
Ao qual os terremotos eróticos não podem alcançar.
Sim, os românticos querem ser deuses.
Lá do alto gritam impacientes pela garotas de carne e osso que não desejam tanto assim.
Apenas as imagens delas em suas cabeças doentias de semi-divinos basta.
Pena as moças não estarem ouvindo, pois o orgasmo é mais audível do que as lamentações.
As vaginas cantam finalmente, até porque os bastardos românticos são mudos e eunucos para fazerem uma apresentação pélvica indecente para damas ensandecidas.
Não, isso seria levar esses covardes à sério.
Deficientes do corpo, ausentes em alma,
Não merecem aquilo que desejam.
Estão fadados a viver e morrer só no desejo de serem amados de verdade.
Meu lado romântico já está no sepulcro, só não sabe ainda.
Pois isso, escrevo essa afronta póstuma a semeante desgraça.
O gozo da vida limpa os olhos, e me guia no caminho do real prazer,
Numa Via Láctea de mulher satisfeita, para o fim do tudo.
Está chegando mais perto, a última chama.
Permitam-me desencantar o mundo com o simples toque do indizível por vocês.
Colocar vossas cabeças ao chão, ao invés de alimentar esse flutuar enganoso.
Suas mães não prepararam seus ouvidos para o irremediável ?
Fiquem sabendo que Nada está vindo.
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Desamor em verso
PoetryUm dos escritos da grande obra do Nada, surgido da indelicadeza de um cérebro imparável e que não descansa até destrinchar a natureza do gigante ignorado.