Vocabulário das flores intrínsecas

7 | Decisões para se levar na mochila

~ Taehyung

Raleigh, Carolina do Norte.

Observo enquanto algumas formigas passam carregando migalhas pelo chão,sentada na calçada.Sinto o frio da noite começar a arrepiar meus braços na medida que a cidade começa a se iluminar com as luzes amareladas dos postes. Isso acaba deixando tudo a minha volta  com um ar de melancolia. De qualquer forma, minha espera não demora muito mais.

Minha  pulsação começa a acelerar gradativamente enquanto olho para Taehyung que vem subindo a rua. Minhas mãos tremem, estou nervosa demais. Tento lembrar da última vez que estive tão ansiosa assim,mas é difícil pensar. Vários pensamentos passam voando em minha cabeça, me confundindo e fazendo meus olhos marejarem.

Na medida que Taehyung se aproxima eu vou sentindo seu efeito costumeiro sobre mim. Agora consigo ver seus cabelos lisos e soltos pela testa, quase posso senti-los em meus dedos,de todas as vezes que os afastei para poder deixar um beijo em sua testa ou apenas ver os olhos brilhantes e felizes que eu tanto amo. Ele tem um sorriso cativante que vejo apenas pela claridade do poste em que Tae está passando. Percebo agora que eu sou fraca demais para essa noite e que talvez não tenha sido uma boa ideia chama-lo até aqui.
  - Ei,menina bonita. - ele entoa com sua voz rouca quando chega perto o suficiente.

Levanto do chão para passar meus braços pelo seu pescoço,mas ele é alto demais e preciso me equilibrar na ponta dos pés. É, definitivamente, uma péssima ideia. Porque quando ele está assim tão perto eu não posso resistir. Eu tenho amado esse garoto desde sempre,e isso dói.

Ainda lembro de quando pensei que ele podia ser todos os caminhos que eu precisava, sem me importar com quantas vezes eu teria que me perder. Tae sempre foi assim, como se pudesse ser qualquer coisa que eu quisesse. Me pergunto como não vi o nosso problema antes.

  - Por que você não está usando casaco? 

Olho para os olhos gentis de Taehyung tentando descubrir como vou terminar o que eu vim fazer aqui. Mas eu não consigo pensar direito com ele por perto,minhas pernas fraquejam enquanto ele fala alguma outra coisa que não escuto, acho que não estou acordada o suficiente.

  - Você está ouvindo? - ele pergunta se aproximando e roçando o nariz em minha bochecha.

  - Não... - escuto meu sussurro se perder em meio a escuridão da noite. - Preciso que você fique comigo esta noite. Tudo bem?

Ele se afasta arqueando uma sobrancelha para mim.

  - Pra quê? - ele pergunta com um sorrisinho.

Deixo uma risada curta escapar,mas ela não dura muito tempo. Meu coração se encolhe de agonia, é a coisa mais difícil que farei em toda a minha vida.

  - É sério. Quero sair com você esta noite, me divertir. -  dou de ombros tentando disfarçar a tristeza em minha voz. 

  - Ainda está difícil na sua casa? Sabe que pode ir para a minha.

Confirmo com a cabeça e deixo ele decidir para  o que. Ele abre a boca para falar alguma coisa,mas um latido que vem de uma das casas em que estamos em frente nos distrai. Tae aperta os braços em minha volta quando um casal sai pela porta falando alto. O homem carrega uma caixa nas mãos enquanto anda até o carro estacionado em frente a casa,ele guarda as coisas nos bancos de trás antes de gritar mais alguma coisa para a mulher parada na varanda com os braços cruzados. Ela fica apenas observando enquanto ele entra no carro e vai embora, só então ela entra na casa novamente, batendo a porta com força.

  - Meu Deus, o que foi aquilo? - murmuro baixinho.

  - Eu não sei. - ele me puxa para ainda mais perto. - Nunca vamos brigar assim. Prometa.