John Green e seus livros.
Seria uma falha não contar aqui o que o John Green e a sua escrita significam para mim. Como muitas pessoas ao redor do mundo, eu o conheci através do clichê adolescente 'A Culpa É das Estrelas', mais especificadamente em meados de dois mil e treze, um ano antes da minha viagem para o Rio de Janeiro (que rendeu a minha decepção de não conseguir visitar o Cristo Redentor).
Aconteceram coisas na minha vida, naquele ano, que podem explicar o quanto eu devo, praticamente, todos os meus esforços e aplausos a esse escritor incrível, que se tornou uma parte muito especial de mim.
Me lembro que eu e meus pais estávamos indo até o Carrefour do bairro do Limão, na capital de São Paulo, afim de comprar leite e coisas que normalmente se tem dentro do armário da cozinha. Não sei se conhecem o mercado, mas lá existe - ou pelo menos existia naquele tempo, uma seção perto dos caixas em que eram colocados livros pela metade do preço. Claro, não era uma Saraiva, ou uma Livraria Cultura, então a maioria dos livros estavam em péssimo estado e alguns até mesmo rasgados (espero que não registrem isso como uma crítica ao mercado, por mais que eu tenha bastantes).
Encarei um livro de capa azul com duas nuvens, e tenho quase certeza de que meu primeiro pensamento foi ''ei, eu já vi essa capa no WeHeartIt!'', aliás, quem usa isso hoje em dia? Aparentemente, o Pinterest acabou com qualquer concorrência que poderia existir.
Minha primeira reação foi pegar o livro com plástico empoeirado naquela estante de madeira e ir até o caixa pedir aos meus pais. ''Que livro é esse?'', um deles perguntou. ''Lembra daquele livro que te contei? Então...''.
Antes mesmo de chegar no carro eu já havia rasgado completamente todo o plástico que ''protegia'' o livro e já começava minha leitura, mesmo com a claridade péssima e a falta de ajuda do céu. Eu li esse livro em poucas semanas, e o fim foi mais doloroso do que *spoiler alert* a morte de Augustus Waters.
Como eu disse, muita coisa acontecia comigo naquele tempo. Meus únicos refúgios era a One Direction e A Culpa É das Estrelas, e ambos tinham, e tem, um significado muito forte para mim. Noites que passei chorando foram substituídas por noites vendo vídeos da banda ou lendo as palavras do meu autor favorito impressas na primeira edição de dois mil e doze de 'A Culpa É das Estrelas'. Eu me lembro de facilmente brincar com o fato de tudo o que estava acontecendo ser ''culpa das estrelas'', até que eu finalmente entendi o sentido das estrelas.
Em dois mil e quatorze, foi anunciado o filme, e foi, de longe, um dos melhores momentos naquele ano horrível - juntamente com o show da One Direction, que foi uma conquista incrível. Desde então, eu me apaixonei perdidamente por todos os livros do John Green, pelo John Green em si e por sua escrita incrível. Ler algo escrito por ele me faz sentir como se estivéssemos conversando sozinhos dentro de uma sala, e eu tenho plena certeza de que eu leria até mesmo sua lista de compras, ou suas ideias de vídeos para o canal que divide com o seu irmão, Hank - outro escritor incrível que acabou de lançar seu primeiro livro, possivelmente quando eu o terminar vou falar dele aqui também.
'Cidades de Papel' acabou sendo o meu 'queridinho', logo após o filme - com a Cara Delevingne e o Nat Wolff, sair dos cinemas. Eu tinha acabado de ganhar 'O Teorema Katherine' como presente dos meus treze anos, mas eu nunca tive o real interesse nesse livro, então acabou que ele é o único livro do John Green que não terminei até hoje.
Na mesma época, estavam acontecendo uns problemas comigo, e decidi que seria melhor passar aquelas férias na casa da minha avó, em Indaiatuba, interior de São Paulo. Era um ótimo lugar para fugir dos problemas, mas eu escolhi lá por querer fugir de quem eu era em São Paulo. Ir a um lugar em que ninguém te conhece, somente a sua ''família'' é satisfatório.
Como lá é uma cidade pequena demais para ser encontrada no mapa, havia apenas uma livraria, a La Selva. Fica em uma esquina dentro de um cruzamento repleto de casas e comércios, como bares, lojas de roupas e etc. Eu tinha uma boa quantia de dinheiro - quarenta reais, ao que me lembro, e sei que foram muito bem gastos quando comprei, ou melhor, ganhei Cidades de Papel. Meu tio não me deixou gastar o meu dinheiro, então ele mesmo comprou para mim - com o meu dinheiro, e chegando em casa me devolveu. Confuso, não?
O resto da viagem de volta para casa foi lendo essa incrível história, no maior silêncio, calma e conforto possível. Eram mais ou menos dez horas da manhã quando pegamos o nosso ônibus para voltar para São Paulo. Eu, minha avó, e meu primo. A Bandeirantes é uma excelente rota da rodoanel para se pegar voltando para a capital.
Algum tempo antes da viagem, eu li 'Quem É Você, Alasca?', já que minha irmã havia comprado e simplesmente deixado de lado - outro livro incrível que tem um pequeno significado para mim. Mas foi em dois mil e dezessete, mais precisamente em primeiro de outubro, que eu entrei em uma emoção bem maior que qualquer outra.
Depois de anos sem lançar nada, saindo da ressaca do sucesso de A Culpa É das Estrelas, John havia anunciado seu novo livro a dois meses. Dia trinta eu o encomendei via internet pela saraiva na pré-venda, dia primeiro o livro foi lançado e dia dez eu retirei na loja do Center Norte.
No dia em que encomendei, minha mãe e minha irmã estavam em Indaiatuba, foram visitar minha avó que estava doente - a mesma que eu fui para a casa dela tentando fugir de mim mesma, e acabou ficando somente eu e meu pai em casa, o que resultou em copos largados pela casa, dois dias comendo coisas nem um pouco saudáveis e um pequeno aumento de peso.
'Tartarugas Até Lá Embaixo' é um livro com significado para mim, um significado tão forte e tão complexo que sequer consigo explicar. A maneira em como consigo escutar o John e não a Aza é insana.
acho que um dos meus maiores sonhos
é conhecer o John,
sentar em uma salinha com ele,
e falar dos livros dele.
eu tenho tantas perguntas.
são
milhões
e milhões
de perguntasSe a Aza é um retrato dele.
Se todos os pensamentos que rondavam a Aza, eram os mesmos que corriam pela mente dele.
Tartarugas Até Lá Embaixo mostra e fala tanto sobre ele
que me deixa paranoica,
saber que a Aza não é só uma personagem que saiu da mente e dos dedos dele,
e sim que ela pode SER a mente dele,
que ela é uma parte do John,
mesmo que seja uma parte pequena.
ela é
e isso me faz sentir como se eu estivesse tão próxima dele
enquanto ele escreve os surtos da Aza que, por um momento, me parecem ser surtos dele mesmo.
John Green descreveu o TOC dele em um outro corpo, em uma outra vida, em outra persona,
como se fosse o TOC dessa pessoa,
da Aza,
Mas não é.
É o TOC do John,
que foi representado pelo John,
como se fosse da Aza.
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what means to me... John Green e seus livros
Non-Fiction*TEXTO PUBLICADO NO MEU TUMBLR @residentofshit* - Não posso falar da nossa história de amor, então vou falar de matemática. Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,1...