Capítulo 2

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Parece que todos os dias minha mãe encontra uma maneira diferente de me acordar. Ontem foi me sacudindo, hoje foi abrindo as cortinas da janela, deixando a luz do sol entrar e saindo do quarto. Como vai ser amanhã?

Ela estava ansiosa. Hoje sai o resultado do meu teste e, se eu passar, pode ser o meu primeiro dia de aula.

Levantei-me com toda a falta de coragem do mundo, fiz as higienes matinais e após o banho vesti uma blusa branca e uma saia rendada azul. Nunca fui fã de shorts, calças e tênis, por isso dizem que sou antiquada e menininha. Mas eu não penso mais assim. É o meu estilo e não preciso que as pessoas me digam o que tenho que vestir. Calcei uma sapatilha e deixei o cabelo solto. Hoje ele não parecia um ninho.

Na mesa, o café da manhã já tinha sido servido e meus pais conversando. Essa é a primeira vez que não os vejo discutindo. Ao perceber que cheguei – atrasada, mas cheguei –, meu pai me lançou um olhar severo. Preciso chegar sempre no horário, ou antes, em todas as refeições para não ter problemas com pontualidade no futuro, segundo ele.

– São horas de chegar? – perguntou.

– Desculpe papai, eu... – tentei me justificar, mas ele me interrompeu. Claro que não poderia dar certo, ele odeia atrasos.

– Venha aqui, Violetta.

Eu fui morrendo de medo. Ele não ia me bater ou algo do tipo, mas eu ia levar uma bronca e isso não é legal.

Mas pelo sorriso que ele deu quando eu me aproximei, pude entender o que realmente queria. Abracei-o por trás e, como estava sentado, beijei-lhe a cabeça. Ele retribuiu colocando suas mãos nos meus braços e acariciando-os. Depois de cumprimentá-lo, segui para a minha cadeira e sentei à mesa. Se todas as vezes que eu me atrasasse fossem assim, todos os dias eu o faria.

Havia uma variedade de coisas para comer e eu não sabia escolher nem por onde começar. Como estava apressada, peguei apenas torradas recheadas com geleia e um copo com suco de laranja. Ramalho apareceu na sala de jantar, composto. Eles trocaram algumas palavras e me olharam.

– Vocês vão agora? – o meu pai perguntou a minha mãe.

– Combinamos depois do café da manhã.

Meu pai pediu que o Ramalho fosse preparar o carro para nos levar ao Studio.

Terminei de comer o mais rápido que pude e mesmo assim demorei. É a primeira vez que não reclamam disso. Esperei que meus pais se levantassem para que eu fizesse o mesmo, mas eles continuaram sentados, conversando.

– A Violetta se saiu tão bem no teste ontem que já passou – comentou a minha mãe, desnecessariamente.

Meu pai apenas sorriu para mim, preferiu não falar nada porque essa mulher é louca. Agora ela está tão animada como se já soubesse o resultado, se é que não sabe. Ela devia aprender a disfarçar.

– Diga ao seu pai que você foi maravilhosa, Violetta – pediu, sorridente.

– Eu fui boa na prova, pai – falei insegura. Ela está manipulando até o que eu falo. Agora deu pronto.

– Você está querendo me convencer ou se convencer quando me diz isso? – meu pai perguntou e foi suficiente para a minha mãe fechar a cara. Ao contrário do que eu imaginava, ela não respondeu e eles não começaram a discutir. Fiquei bastante aliviada por isso.

Graças a Deus ninguém falou mais nada e ficamos no mais perfeito silêncio. Claro que o olhar da minha mãe parecia pronto para soltar fogo caso alguém falasse alguma coisa, por isso que o meu pai só começou a conversar comigo quando ela foi embora.

Mi Corazón Es TuyoOnde histórias criam vida. Descubra agora