Capítulo Único

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Um Presente De Natal Inesperado

— Eu vou ficar bem. — Afirmei pela quinta vez. — Sophia, pelo amor da nossa senhora da progressiva, eu vou ficar bem. Amanhã vou na sua casa para almoçarmos juntos. Beijos. — Vitoriosa, desliguei o celular e respirei aliviada. Sophia sempre foi minha melhor amiga desde que me entendo por gente. Seu instinto protetor me encanta, mas não quero que ela perca sua vida cuidando de mim.

Natal, minha data preferida do ano. Espero pacientemente a chegada desse dia, e quando ele finalmente chega, aproveito da melhor maneira possível. Para muitos, o natal significa presentes, festas granes e luxuosas e claro, uma mesa farta, mas para mim o que realmente importa é o fato de estar viva. Passei por tantas coisas, que hoje em dia agradeço a Deus por acordar mais uma vez.

Esse será o primeiro natal que passarei sozinha desde meu renascimento. Sempre passei ao lado de Sophia, Pedro e Giovanni, mas hoje todos tem seus compromissos a serem cumpridos. Não os culpo por me deixarem sozinha, afinal, antes da minha chegada, todos já tinhas suas vidas estabelecidas, principalmente Sophia e Pedro que são casados a anos.

Sozinha, caminhei cabisbaixa sobre a calçada. A rua não estava tão movimentada, mas ainda sim havia pessoas andando de um lado para o outro com bolsas e sacolas de mercados.

Eu estava sem rumo, apenas queria andar e aproveitar a linda noite no Rio de Janeiro sem ter hora marcada para voltar para casa. Não teria ninguém mesmo à minha espera.

Um aperto no meu coração me fez parar. Fazia tempo que não sentia isso. Uma sensação estranha. Olhei para trás e notei que alguém me seguia de longe. Um frio percorreu por minha coluna me fazendo voltar a andar um pouco mais rápido. Dava para sentir a presença do estranho atrás de mim, e o medo também.

Continuei andando rápido pelas ruas até parar atrás de um restaurante. A rua um pouco escura só piorava a situação.

"Porque decidi sair a essa hora?"

Prendi a respiração quando ouvi passos entrar pelo beco indo em minha direção. Várias coisas se passavam por minha cabeça: será que eu iria morrer ali? Será que ele era um estuprador? Será que eu seria sequestrada e logo em seguida iriam pedir um resgate gordo?

"Sou pobre, não tenho como pagar nada!"

Permaneci quieta na tentativa de que sabe, ele não me notar.

— Eu já te vi, não adiante se esconder. — Uma voz rouca e um pouco familiar me assustou. — Anália.

Ali, naquele momento, escondida atrás de uma lata de lixo, eu o reconheci. Eu jamais esqueceria aquela voz. Onde quer que vá, ela me perseguiria.

— Bruno? — Mencionei seu nome sentindo um nó se formar em minha garganta. — Como me achou?

— Acredite em mim, foi um milagre de natal.

Eu acreditava sim em milagres natalinos, mas aquilo passou longe de ser um milagre. Estava mais para uma cena de filme de terror que passam nas televisões nos dias das bruxas.

Sai devagar de onde estava escondida e mirei seus olhos, assustada. Depois de tanto tempo ele estava de volta. Outra vez tudo voltaria a me atacar.

— Você está linda, como sempre. — Lentamente, ele andou até mim. Dois passos para trás e bati minhas costas na parede fria. — Não se assuste, quero apenas conversar. Aceita jantar comigo?

Se fosse a alguns anos atrás, eu aceitaria sem pensar duas vezes, mas as circunstâncias mudaram. Eu mudei, tudo mudou.

Tentei escapar do seu cerco, mas seu corpo me bloqueava. Gritar não adiantaria muito, o jeito era entrar no seu jogo.

Um Presente De Natal InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora