entre beijinhos e um quase nariz quebrado

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    As botas de Jaemin afundavam na espessa camada de neve que havia se formado desde o início do inverno.

    A branquidão cobrira aos poucos os telhados das casas, os vidros dos carros - que por vezes tinham desenhos no gelo acumulado, provavelmente obra de uma das crianças da rua - e tudo que podia alcançar.

    Jaemin tinha no mínimo cinco casacos por cima do pijama, além de um cachecol e uma touca vermelha que já começava a ser salpicada pelos flocos de neve.

    Estaria ferrado se fosse pego pelos pais saindo escondido no meio da noite. Mas que tipo de namorado seria se deixasse Renjun sozinho no Natal?

    Não pensou duas vezes, calçou as botas e caminhou na ponta dos pés até a saída assim que recebeu a mensagem de Renjun, antes da de boa noite, dizendo que sua mãe havia sido chamada de última hora para o plantão no hospital.

    Luzes e enfeites podiam ser vistos por toda a vizinhança. Desde pisca-piscas pendurados nos galhos das árvores, até bonecos de neve gigantes que brilhavam de um jeito bizarro.

    A casa de Renjun não era diferente (exceto a parte do boneco de neve gigante). Luzes contornavam o telhado e havia uma guirlanda em frente a porta principal. Jaemin sorriu com o pensamento de Renjun e sua mãe arrumando tudo.

    Felizmente, ele conhecia o lugar o suficiente para saber que a janela da sala sempre ficava destrancada e sem muito esforço conseguiu abri-la.

    A parte difícil foi pular para o outro lado com o dobro de seu peso só em casacos. Vendo pelo lado bom, se caísse, ao menos iria amortecer a queda.

    Apoiou as mãos no batente, empurrando o corpo para cima. Passou uma perna e depois outra, e com um salto já estava na sala.

    Havia uma grande árvore de natal próxima à janela e decorações em verde e vermelho percorriam todo o corrimão da escada.

    Teria reparado nos outros enfeites que se seguiam por toda a casa se seus olhos não tivessem pousado na velhinha do outro lado da rua e uma pontinha de desespero não tivesse se instalado em seu peito.

    Ele arregalou os olhos ao vê-la prestes a discar no telefone. Ótimo Jaemin, que bom que você pensou na possibilidade de que pular a janela de alguém durante a noite poderia parecer um pouco SUSPEITO.

    Jaemin rapidamente aproximou-se da janela, retirou a touca e desajeitadamente afastou o cachecol do rosto o máximo que pôde, apontando com o dedo indicador para si mesmo enquanto sussurrava um "sou eu, Jaemin".

    Rezava para que ela lembrasse de já tê-lo visto em alguma das vezes em que visitara Renjun. O que, convenhamos, foram muitas.

    Por sorte, depois de apertar um pouco os olhos, ela conseguiu o reconhecer. Jaemin nem quis saber o que se passava na cabeça da velhinha quando balançou a mão como se dissesse que deveria levar umas palmadas, muito menos quando um sorrisinho surgiu no canto dos seus lábios antes de desaparecer pela porta.

    Fechou a janela apressadamente, impedindo que a brisa fria entrasse e que qualquer outro vizinho com problemas para dormir o confundisse com um invasor.

    Não conseguiu evitar que um suspiro de alívio se desprendesse de sua garganta. Alívio esse, que não durou por mais de três segundos, quando um taco de beisebol passou por milímetros de acertar sua cabeça.

    Sinceramente, se não fosse por seu ótimo reflexo, Jaemin estaria com no mínimo alguns dentes quebrados e um puta galo na cabeça.

    Olhou estarrecido para o garoto à sua frente, que segurava o taco de beisebol com ambas as mãos.

christmas night ♡..⃗. ʳᵉᶰᵐᶤᶰOnde histórias criam vida. Descubra agora