ᴜɴɪϙᴜᴇ

486 53 41
                                    

[jungkook pov]

Cheguei em casa exausto e com uma terrível dor nas costas, tirei meus sapatos, joguei a mochila em algum canto e me atirei no sofá. O dia havia sido extremamente puxado, passei a manhã na faculdade e a tarde toda no café que trabalhava. Já que queria ser independente, resolvi arrumar um emprego para pagar a faculdade sozinho, trabalhando duro no café de um amigo de segunda a sexta. Yoongi era o melhor amigo que eu poderia pedir, e quando soube que precisava de emprego logo me ofereceu uma vaga em seu café que mantinha com o namorado Hoseok, outro grande amigo meu. Meus pais queriam me ajudar a pagar as mensalidades mas já tinham gastado muito comprando um pequeno apartamento para que eu ficasse mais próximo da faculdade, então recusei sua ajuda e continuo assim, sei que consigo me virar, mesmo com as frequentes dores nas costas e cabeça, nada que um bom banho quente e um remédio não resolvessem.

Morar sozinho não é tão ruim quanto as pessoas me diziam. Meu apartamento é pequeno e aconchegante, e como eu era organizado, era raro vê-lo bagunçado ou sujo por mais de 3 dias. Eu fazia minha própria comida e lavava minha roupa, não de um jeito perfeito, mas dava para sobreviver. Aprendi desde de cedo a dar meu jeito nas coisas sozinho, minha mãe sempre me disse que eu não poderia viver embaixo de sua asa para sempre então tinha que aprender. Dedico meu espírito independente todo à ela. Vivia no sétimo andar, uma péssima escolha se você quer ter um pouco de paz em casa. É sério, eu realmente devia ter escolhido outro andar, porque meus vizinhos são péssimos e rabugentos, com exceção do garoto do 704, que era a própria personificação da doçura e gentileza.

Seu nome era Kim Taehyung, morava sozinho bem antes de eu me mudar para esse prédio e estudava na mesma faculdade que eu, porém cursava artes plásticas enquanto eu, fotografia. Eu sou meio apaixonado por ele desde a vez que ele fez um bolo de morango e me convidou para ir em sua casa experimentar e conversar um pouco. Era impossível negar algo para o loiro do sorriso quadrado, então fui. Desde então viramos amigos, ele sempre me convida para ir em sua casa quando faz alguma receita nova ou procura minha opinião quando termina um quadro importante para sua aula, até me chamou para sair uma vez para ir a um museu de arte onde havia uma exposição de seu artista favorito. Eu também o convidava para ir em casa jogar videogame e jogar conversa fora. Desde o momento que percebi que estava apaixonado por ele, esse sentimento crescia cada vez que ele me abraçava, beijava minha testa ou me fazia rir com alguma piada péssima. Não sabia se ele sentia o mesmo e nunca tive coragem de perguntar, não queria ser rejeitado e perder sua amizade, então deixava meus sentimentos bem escondidos dentro de meu peito.

Não sabia quanto tempo havia ficado no sofá e nem percebi que tinha cochilado até ouvir batidas na porta. Peguei meu celular no bolso e olhei o relógio: eram 11 da noite. Levantei preguiçosamente murmurando um "já vai" até chegar a passos de tartaruga na porta, quando abri minha expressão cansada deu lugar a um grande sorriso quando vi o belo garoto loiro com uma sacola na mão e um sorriso no rosto.

- Olá Jeongguk!
- Oi Tae!
- Vim te convidar para uma noite de filmes.
- Hoje?
- Sim, temos na programação Um Amor para Recordar, Simplesmente Acontece, Alex Strangelove e A Culpa é Das Estrelas. - Ele sorri orgulhoso de sua seleção de filmes.
- Céus quanto romance! - Dou uma risada e ele faz um biquinho adorável.
- São meus filmes favoritos, tá bom?
- Ok, ok... - Levanto as mãos em rendição. - Aceito seu convite meloso. Só me deixa tomar um banho que eu já vou.
- Tudo bem, enquanto isso eu faço a pipoca. Até mais. - Ele deu outro sorriso brilhante e seguiu para sua casa, que era em frente à minha.

Fechei a porta e corri para o banheiro, joguei meu uniforme no cesto e tomei um banho rápido. Fui ao meu quarto e coloquei uma camisa branca, uma calça e jaqueta de moletom azuis e meias quentinhas, já que o frio de Seoul estava mais forte do que quando tinha chego em casa. Penteei os fios castanhos meio molhados com as mãos e me olhei no espelho respirando fundo antes de apagar a luz do cômodo e ir para sala, peguei meu celular jogado no sofá e saí de meu apartamento indo para o de Taehyung. Dei duas batidas na porta e no mesmo instante a porta foi aberta, mostrando um Tae sorridente de moletom e shorts pretos e de chinelos.
- Não está com frio?
- Não sinto frio nas pernas. Vamos entre!
Entrei e fui recepcionado por um pequeno ser peludinho e fofo latindo para mim. Yeontan era o cão mais fofo que conheci, claramente tinha puxado o dono. Me sentei no sofá da sala enquanto Tae entrou na cozinha e voltou com um balde grande de pipoca e dois copos de suco de laranja que colocou na mesa de centro com Tannie a seu encalço. A luz da sala estava apagada e apenas a luz fraca da televisão iluminava o cômodo.
- Quer começar por qual? - Disse Tae se sentando ao meu lado no sofá e pegando uma coberta que tinha do seu lado para nos cobrir.
- Simplesmente Acontece, o único que eu conheço da sua lista. - Rio baixinho de sua expressão surpresa enquanto pego o balde de pipoca e coloco em meu colo.
- Você nunca viu nem A Culpa é Das Estrelas? Jeon em que buraco você vivia antes?
- Não gosto de filmes de romance, prefiro de terror.
- Péssimo gosto. - Fez uma cara de desdém.
- Ei! - Bati nele com uma almofada tentando fazer uma expressão séria, mas falhando lindamente. - Invocação do Mal maior e melhor.
-Essa noite vai ser longa... - Revirou os olhos em brincadeira e pegou o controle da televisão.

Já estávamos na metade do filme e eu realmente estava ficando irritado, os protagonistas nunca ficavam juntos, parecia que o destino estava sempre pregando alguma peça para que ele se separassem. Eu estava concentrado na televisão, assistindo uma briga que eles estavam tendo, e ficando cada vez mais indignado. Suspirei e olhei para Tae, que tinha seu olhar direcionado a mim com um pequeno sorriso nos lábios. Ele se aproximou e meu coração começou a bater mais forte dentro do peito e minhas mãos suaram frio, seu rosto ficou centímetros perto do meu. Nunca tínhamos ficado tão perto assim.
- Está gostando do filme? - Ele sussurrou, dando arrepios nos pelos da minha nuca e me fazendo corar.
- S-sim, e v-você?
- Não estou prestando atenção. - Ele se aproximou mais ainda encostando nossos narizes, seu corpo inclinado no meu e seus olhos encarando meus lábios. - Você tira minha concentração.
Ficamos assim por um tempo que pareceu anos, o filme estava pausado e o silêncio pairava pelo apartamento, me deixando ainda mais nervoso. Parecia que uma bolha de calor havia se instalado na sala fazendo todo o frio que eu sentia sumir. Fechei os olhos tentando controlar meu batimento cardíaco, o que deu certo por 2 segundos, até que meus esforços foram por água abaixo quando ele sussurrou com sua voz rouca:
- Eu posso te beijar?
- Você quer me beijar? Agora?
- Eu quero isso desde a primeira vez que te vi.
Sem perder tempo, Taehy deslizou sua mão direita em meu pescoço e me puxou para o mais leve dos selares, me fazendo desmanchar com o contato. Sua outra mão descansou em minha cintura me puxando para mais perto de si, até que acabei em seu colo e minhas mãos foram rapidamente até seus ombros em busca de apoio para me sentar confortavelmente sem quebrar o selar. Seus dedos brincavam com os cabelos de minha nuca enquanto minhas mãos alisavam seus ombros. Nos separamos em busca de ar e quando abri os olhos vi um sorriso enorme diante de mim me fazendo sorrir grande também.
- Uau... - Foi o que saiu de minha boca no momento, me fazendo corar mais ainda.
- Eu... obrigado. Por não me rejeitar.
- E como eu ousaria fazer isso? - Seu sorriso aumentou mais ainda, parecia que iria rasgar seu rosto. - Então isso significa que você gosta de mim?
- Muito.
- Desde quando?
- Acho que desde a vez que você foi comigo no museu. Nunca alguém se interessou por algo que eu gostava, sempre me chamavam de "chato" ou "nerd". Meu melhor amigo Jimin era o único que me entendia, mas desde que me mudei pra cá ficou difícil de nos vermos. Quando eu te convidei para aquela exposição, fiquei com medo de você fechar a porta na minha cara. Mas não, você deu seu sorriso de coelhinho e aceitou de primeira.
- Dei um sorriso com a lembrança e ele beijou minha bochecha antes de continuar. - Quando estávamos lá, eu nem conseguia prestar atenção nas pinturas, meu olhar sempre ia para você concentrado nas obras ou lendo as legendas. Você parecia tão interessado em aprender um pouco do que eu amava que derreteu meu coração. Eu sempre gostei de você, mas naquele dia eu me vi apaixonado por você. - Sem hesitar abracei seu pescoço e deixei minha cabeça na curvatura de seu pescoço, dando vários beijinhos na pele exposta ali, não contendo minha felicidade em ouvir suas palavras. Ele ria com os beijos e suas mãos faziam carinho em minha cintura, levantando um pouco a minha blusa para sentir minha pele.
- Eu apaixonei por você no momento que bateu na minha porta perguntando se eu queria comer bolo de morango. - Ele deu uma gargalhada gostosa e me deu um selinho demorado.
- Vou fazer aquele bolo para você de novo.
- Irei cobrar. - Sorri antes de beija-lo novamente, dessa vez mais profundo do que um simples selar, um beijo cheio de carinho e amor, abri um pouco a boca para chupar seu lábio inferior com gostinho de laranja por conta do suco que tinha bebido. Minha língua entrou em sua boca explorando cada parte enquanto Kim suspirava contra meus lábios.
Ele deitou de costas para o sofá e me levou junto, me deixando por cima dele enquanto me abraçava pela cintura para não nos separarmos. Minhas mãos agora estavam em suas bochechas, acariciando-as como se fossem de porcelana. Quebramos o beijo para recuperar o fôlego, respirávamos calmamente com sorrisos bobos estampados em nossos rostos, ele me olhava com tanto carinho, eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo por estar ali naquele sofá nos braços quentinhos de Taehyung. Eu estava completamente apaixonado por ele, e sentia que aquele sentimento não iria morrer tão cedo.

- Você pode dormir aqui? Por favor? - Murmurou enquanto passava as mãos grandes em minhas costas calmamente. Descansei minha cabeça em seu ombro e seu cheiro atraiu meu nariz, que subia e descia por seu pescoço sentindo seu cheirinho de sabonete, minhas mãos faziam cafuné em seus cabelos loiros e macios.
- Nem precisa insistir, amor... - Senti um beijo em meu ombro antes que Tae se movesse um pouco a procura da coberta, nos protegendo do frio.
- Gostei do apelido. - Se esticou até a mesinha pegando o controle e desligando a televisão para depois voltar a se aconchegar em mim, no nosso novo mundinho. - Boa noite, amor.
Dei uma risadinha com seu tom doce de voz e sussurrei em seu ouvido. -Boa noite, amor.

↬the boy next door | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora