Além das Aparências

1 - Prólogo

— VOCÊ NÃO PRESTA PRA NADA! NÃO CONSEGUE NEM SER UMA MENINA! COLOQUE UMA COISA NA SUA CABEÇA! VOCÊ É UMA MULHER!

(...)

Não, eu não sou uma mulher! Eu sou uma homem como qualquer outro, eu gosto de mulheres, mas não sou uma.

Mas como colocar isso na cabeça de uma mulher doente como a minha mãe?

Enquanto muitas estão se descabelando por ter filhos fora do padrão, gays que querem se assumir, a minha me xinga e menospreza porque sou hétero (?), Não entendo entendo isso, realmente.

Senhora Kim Ri Jin - minha mãe - queria muito uma filha e ela nem quis saber o sexo antes do nascimento do bebê, ela tinha certeza que eu era uma mulher, certeza mesmo, e quase infartou quando o obstetra disse que eu tinha um pau - sério, ela passou muito mesmo.

Aí vocês pensam: " Então ela tentou ter outros filhos e seguiu a vida", Ahn... não.

Minha omma é dona de um internato só para garotas - deu pra notar que ela gosta de meninas né?! Estou até cogitando a possibilidade dela ser lésbica, mas okay -, assim que eu tive idade suficiente para entrar nessa merda de lugar ela começou a me vestir de mulher, ela sempre me escondeu a sete chaves e agora espalha para todos que tem uma filha adolescente rebelde.

ACONTECE QUE EU NÃO SOU UMA MULHER!

Eu sou rebelde porque fico olhando as meninas tomarem banho? Oh nossa, que pecador eu sou!

Eu já tenho dezessete anos e sou a Min Sook para a maioria das pessoas, a menina exemplar filha da diretora desde os seis anos.

Mas durante a noite, quando eu não preciso me esconder de ninguém, que fico trancado em meu quarto, sou apenas Kim Minseok, pelo menos é o que diz minha certidão de nascimento.

Aquela noite era um dos momentos que eu não precisava me esconder, que eu podia prender meus cabelos - que eram compridos, mas não tanto - tirar aquela maquiagem ridícula, e o vestido, salto...

Minha doce e adorável mãe entrou sem permissão no meu quarto, num momento um tanto quanto constrangedor.

Eu sou homem afinal, eu gosto de pornô, e bater punheta, na adolescência é completamente normal fazer isso sempre, ninguém pode me julgar, aquele filme era cheio de mulher peituda, não aguentei...

Ri Jin entrou no momento que eu sussurrava o nome de Yeon-ah, estava quase gozando, pensando nos peitos dela - vantagem de estudar em um colégio de mulheres e parecer com uma: ver todas peladas - deixando minha mão subir e descer mais rápido, fazendo o barulho molhado com o pré-gozo que facilitava os movimentos, eu mordia meus lábios para que meus gemidos não fossem altos demais, nada além de suspiros altos, meus olhos estavam fechados e minha cabeça apoiada na parede, eu estava sentado na cama macia imaginando muitas coisas que poderiam ser feitas ali, sem ser dormir, mas a desgraça entrou e acabou com a minha festa.

— Seu moleque imprestável! - Ri Jin começou a me bater, me segurou pelos cabelos enquanto desferia vários tapas pelo meu rosto e corpo. — VOCÊ NÃO PRESTA PRA NADA! NÃO CONSEGUE NEM SER UMA MENINA! COLOQUE UMA COISA NA SUA CABEÇA! VOCÊ É UMA MULHER! UMA MULHER!

— Omma! Eu sou um homem! Eu gosto de meninas!

— Filha lesbica eu não aceito! Pode parar de pensar essas coisas nojetas! Você vai arrumar um bom homem e casar assim que fizer dezoito! Porque é o que boas filhas fazem!

Espera... Oi?

— Omma, você está doente! Doente! Eu sou um homem, você sabe disso!

— Kim Min Sook! Não quero mais saber desses atos pecaminosos, se eu souber que isso aconteceu outra vez... EU TE MANDO PARA UM CONVENTO! - ela gritou e saiu do quarto, passando a chave pelo lado de fora, para que eu não fosse espiar o banho das meninas.

(...)

Tudo isso aconteceu por causa de uma punheta, imagina se eu transasse...

Eu estava sentado no pátio, havia matado aula, eu gostava de sentir o sol na minha pele, gostava de ficar no pátio perto do portão, sonhando com a minha liberdade.

Foi a primeira vez que vi outro menino entrar naquela escola, a única vez... Até então.

Ele parecia trabalhar para os correios, estava com um uniforme vermelho e uma grande caixa nas mãos, nosso olhar se cruzou por uma fração de segundos, então ele sorriu e seguiu seu caminho para dentro da escola, me deixando curioso para saber o que outro homem fazia ali, e mais ainda... Como era poder ter uma vida normal?