Quasar

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"A safada que habita em mim saúda a safada que habita em você".
KKKKKKKKKK paray/
Créditos à @bomma, que me fez plotar com o photoshoot de "Love Shot" e fez a sinopse da história durante nossos surtos no grupo do Whats do Clube dos Flopinhos, vulgo "projeto do meu core" <3
Obrigaaaaada, lindona! Se por um acaso isso aqui tiver ficado uma bosta, desconsidere KK
Revisei às pressas e tal, então depois eu concerto os erros porque queria postar logo, é.

Boa leitura procês ;3

Originalmente postada em 21/12/2018

Morar em um dos prédios mais altos da cidade tinha lá suas vantagens.

Não que se tratasse da construção mais opulenta e chamativa de Incheon, nem com a melhor localização; o presente aos sentidos era a vista magnífica que se descortinava em todas as direções, até onde seus olhos se dispusessem a alcançar. Junmyeon gostava de observar aquela paisagem duramente moldada por mãos humanas infinitamente mais talentosas do que as suas, pequenas e de dedos curtos. Era uma sensação agridoce: Vislumbrar um fragmento de quão imenso é o nosso planeta – mesmo com a visão limitada a uma cidade de médio porte como aquela – e sentir–se tão pequeno. Insignificante. Ainda assim era prazeroso avistar tudo ali de cima, como se vivesse numa torre à salvo do mundo lá fora e de seus perigos, principalmente à noite, quando tudo o que se via era um amontoado de esferas brilhantes de intensidades diversas permeando a escuridão, às vezes até se confundindo com as verdadeiras estrelas, que pendiam do véu negro acima de sua cabeça.

Não raramente, perdia a noção do tempo quando se postava ali, quase debruçado ao vidro reforçado que selava o lado sul de seu quarto sem barrar a visão daquele cenário, exceto quando por vontade própria resolvia fechar as cortinas longas e pesadas, que bloqueava parte da luz e fazia o cômodo mergulhar na penumbra. Provavelmente o faria quando decidisse retornar à cama que dividia com o esposo, mas não agora, já que a inquietação em sua mente persistia. Junmyeon tentara combater aquela sensação incômoda com pensamentos positivos conforme sua terapeuta vinha o instruindo há meses, obstinado a não abordá-la pelo que seria a milésima vez apenas naquela semana. Sabia que precisava aprender a lidar com suas crises aos poucos e, de fato, aquela não era nem de longe uma de suas piores. Provavelmente nem uma dentre as medianas. Não havia a falta de ar costumeira que parecia estrangular seus pulmões e que roubava sua capacidade de raciocinar. Nem seu coração retumbava em galopes furiosos dentro do peito, como se ameaçasse dar um fim à sua função. Em meio a essa ausência, porém, havia o medo, que ainda o paralisava; existia uma escuridão dentro de si que ele estava aprendendo a preencher aos poucos.

O acompanhamento psicológico vinha ajudando-o em demasia. Paulatinamente, fora aprendendo a lidar com aquela euforia negativa e sufocante que tentava abarcá-lo nas situações mais complicadas, de início, até impedi-lo de realizar tarefas simples como sair de casa e trabalhar. E tudo isso em decorrência de fatores negativos demais para um espírito sensível e inseguro como o seu, que se acumularam aos poucos e foram comprimidos dentro dele silenciosamente, até que certo dia a pressão os expulsara, numa rebentação violenta, originando aquele buraco negro que hoje residia em seu peito, tragando tudo a sua volta e destruindo cada pequeno avanço que conseguia. Sentia–se incapaz, inconsistente, como se fosse o resultado rarefeito de algo que deixou de existir.

Como poeira estelar.

Sua opinião não mudara muito quanto àquele ponto, mas pelo menos as crises de ansiedade haviam diminuído e se atenuado, saía de casa de vez em quando e até já havia retomado seus afazeres profissionais – ainda que trabalhasse em seu apartamento – enquanto designer gráfico de uma empresa mediana, passando horas ao computador e se utilizando de sua mesa digitalizadora para dar vazão àquilo em que ele se julgava razoavelmente bom. Aos poucos voltava a acreditar em si mesmo e via que alguns dos problemas que o atormentavam eram apenas resultados de seu psicológico abalado pelos conflitos vividos. Entretanto, quando momentos como este ocorria, em que sua perturbação voltava motivada por um novo desafio – que seria visto com simplicidade perante outros olhos mais sadios que os seus –, era inevitável não sentir medo de que tudo voltasse a ser como antes, que por um descuido sua mente o sabotasse novamente e perecesse mais uma vez dentro de si mesmo.

Celestial ⠀ ⠀ ➳ SeHoOnde histórias criam vida. Descubra agora