Dom Eduardo
Ao chegarem no pátio central do castelo, dezenas de serviçais aproximam-se para cuidar dos cavalos e leva-los para os estábulos.
Após desmontarem, Rosso aproveita que o Príncipe está distraído explorando o pátio e se aproxima de Dom Eduardo.
- Isso não está certo – Rosso diz, sussurrando para não ser ouvido pelas pessoas ao seu redor.
- Eu avisei para ele que não teríamos como garantir a sua segurança – diz Dom Eduardo. – Mas não adiantou nada.
- Não é com ele que estou preocupado. – Rosso olha para o Príncipe por um momento. – O que deu na cabeça dele para trazer o seu herdeiro até aqui?
- O herdeiro é Fernando, que está a salvo no Punho. O João... bom, o Imperador não quer que Lorde Lucas seja o único Scliros na Terra do Amanhã.
Rosso coça o queixo e dá um longo suspiro.
- Entendi – ele diz. – Mas você conhece Lorde Baliol tão bem quanto eu. Espero que ele não decida ser uma boa ideia matar dois coelhos com uma cajadada só.
Dom Eduardo tenta controlar o seu ímpeto de gritar com o cavaleiro. O cavaleiro não acredita na ousadia de Rosso de expressar em palavras o medo que ele tem tentado suprimir há meses.
- Tenha cuidado, meu amigo – Rosso diz antes de virar as costas e se afastar.
Ainda contrariado, Dom Eduardo chama o Príncipe João e os dois se dirigem à torre principal do Ninho, onde ficarão o Imperador, o Príncipe e os membros da Corte. Eles são conduzidos pelos corredores e escadas do castelo por um garoto que não deve ter mais de dez anos de idade.
- Os senhores ficam aqui – diz ele, apontando para uma maciça porta de madeira, entregando as chaves a Dom Eduardo. – Caso precisem de alguma coisa, basta chamar um dos serviçais.
- Obrigado.
Dom Eduardo fecha a porta e inspeciona rapidamente o quarto, em busca de alguma ameaça ou entrada secreta que possa ser usada na calada da noite. Após alguns minutos, ele conclui que não há nada preocupante.
Há duas camas no quarto; uma para ele, e outra para o pequeno Príncipe. Além de mentor, Dom Eduardo também é protetor do Príncipe João, o qual jurou proteger com sua própria vida.
- Hora de trocar de roupa – diz Dom Eduardo.
- Por que não posso ficar com a armadura?
- Você não vai para nenhuma guerra, que eu saiba.
- Eu não estava indo para guerra antes, e estava usando armadura mesmo assim.
Dom Eduardo respira fundo, tentando não perder a paciência.
- Nós não sabíamos exatamente o que encontraríamos – ele diz. – Por isso você tinha que usar sua armadura. Agora nós sabemos exatamente o que nos espera: uma recepção cheia de Lordes e Ladies. Você não precisa de sua armadura para isso.
O pequeno Príncipe bufa, insatisfeito, embora aparentemente convencido. Ele começa a tirar a armadura e Dom Eduardo o ajuda. Ele veste o Príncipe com roupas finas, mas que ainda assim são apropriadas para um guerreiro: uma brigantina de couro escuro, afivelada até a cintura, por cima de camisa e calça de linho roxo escuro, além de um manto negro, preso aos ombros com dois broches de ouro em forma de serpente.
Dom Eduardo escolhe roupas mais simples, vestindo uma camisa, colete, calça e manto de linho.
- Posso ao menos ficar com a minha espada? – o Príncipe pergunta.
- Claro – Dom Eduardo concede. Como ele manterá sua própria espada, não teria como negar o mesmo ao Príncipe.
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Das Cinzas da Era Perdida
FantasiUma traição põe fim à Guerra dos Dois Irmãos e arrasta o Império para um novo conflito. Novas alianças se formam na luta pelo poder, enquanto outros lutam pela sobrevivência em meio ao caos.