Capítulo único

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Eram seis e vinte da manhã, não estava tão escuro, mas o sol não havia nascido ainda. Depois de me arrumar saí de casa e fui para a escola, não parecia um dia normal, mas comigo nada era normal. Chegando à escola eu vi a minha melhor amiga sentada no banco que ela sentava sempre, me esperando. Me aproximei dela e ela disse que tinha visto uma coisa estranha no segundo andar da escola. Então eu disse: "vamos ver o que é então!" e fui em direção às escadas para subir. Ela me parou e disse que não dava pra ir de escada, tinha que ser pelo elevador. Eu achei estranho porque ela morre de medo de elevadores, mas fui. Quando entramos e ela apertou o botão do segundo andar tudo começou a ficar maluco. As paredes começaram a balançar, as luzes trocavam de cor, não paravam de piscar e o elevador começou a rodar. Eu comecei a gritar sem entender nada.

"Meu Deus! Você nunca entrou em um elevador antes, não?" disse ela estranhando a minha reação.

"Sim, mas eu entrei em elevadores normais." respondi estranhando o fato de ela estar completamente normal.

"E isso aqui é o que? Tudo bem que ele precisa de uma manutenção, mas isso não o deixa 'anormal'."

"Você não está vendo tudo isso?" disse apontando para as paredes e luzes.

"Isso o que? Você está ficando louca?" disse ela como se o elevador fosse completamente normal.

"Nada." talvez eu estivesse realmente louca.

Quando o elevador parou nós saímos e algo muito mais estranho aconteceu. O segundo andar tem quatro banheiros, dois femininos e dois masculinos, tem um corredor imenso que leva a várias salas, e ele é todo aberto com visão do andar de baixo. Quando eu saí do elevador o segundo andar ainda era o segundo andar, mas estava totalmente fechado, sem visão pro andar de baixo, estava tudo escuro e completamente destruído. Por mais que estava destruído o corredor, as salas estavam perfeitamente arrumadas. Eu olhava com uma cara de quem não estava entendendo o que estava acontecendo.

"O que foi agora?" perguntou minha amiga como se eu estivesse fazendo alguma piada sem graça.

"Ok, esse corredor você tem que estar vendo!"

"Estou, e daí?"

"Você acha isso normal?"

"O que deu em você hoje?"

"Nada." eu disse, mas já estava pensando que tinha algo errado comigo. "O que é que a gente está procurando mesmo?"

"É algo muito estranho."

O que era mais estranho do que aquilo tudo que estava acontecendo? Mas mesmo assim continuei andando como se tudo estivesse completamente normal. Entramos em todas as salas, olhamos todas as mochilas, procuramos em todos os armários. Só faltavam dois lugares: os banheiros, e a sala dos professores. Eu e minha amiga fizemos um acordo, ela verificava o banheiro dos meninos e eu o das meninas. Mas ficava difícil essa busca se eu não sabia exatamente o que eu estava procurando.

Entrei no banheiro e outra coisa estranha aconteceu. Eu entrava em uma cabine e saía em outra. Isso era estranho, mas eu comecei a ver o que tinha de errado com aquele banheiro. Eu apertava o interruptor da luz e acendia a luz do corredor. Tinham três pias, eu ligava a torneira de uma e saía água da outra. Tinham quatro janelas, eu abria uma, e isso era a única coisa normal mesmo.

Saí correndo e fui atrás da minha amiga contar o que estava acontecendo, ela correu para ver se era realmente verdade, o que obviamente não era. Se ela não viu o elevador e nem o corredor ela nunca ia ver o que acontecia naquele banheiro.

"Você precisa de um psiquiatra, urgentemente." disse ela depois de apertar o interruptor e a luz do banheiro acender.

Não respondi. Queria concordar, estava quase acreditando que eu estava realmente louca quando eu ouvi uma voz. Tentei ver se tinha mais alguém naquele banheiro. Olhei em todas as cabines e não havia ninguém, então eu gritei "saia daí agora", e minha amiga veio correndo.

A coisa estranhaWhere stories live. Discover now