126 Cabides

924 49 5
                                    

Cinco horas da manhã. Encontro-me com a minha maquiagem borrada; os meus lábios manchados pelo batom vermelho; a minha camisa xadrez vermelha cheirando a cerveja que em outrora algum desconhecido derrubou em mim! a barra da minha calça jeans dobrada e o salto alto em minhas mãos.

Todas as partículas do meu corpo estão dominadas pelo álcool. Por incrível que pareça, os passos trôpegos não me derrubam.

A razão que me trouxeste tão longe pode não lhe parecer o suficiente, mas para mim é insuportavelmente justificável. Estranho não? Com toda a certeza que está impregnada em meu ser. Ou melhor; com toda a bebida que amortece; acalma; anestesia; envenena e embriaga a minh'alma. Variadas palavras, um único significado, um efeito devastador e ninguém se importa.

A noite estrelada me fascina, mas não ligo... quer dizer, um pouco. Continuei andando, sem olhar para trás. Eu havia desistido de tentar encontrar um feixe de luz em meio a escuridão.

- Senhorita Swan, é restrita a entrada por este local! - escuto uma voz grave sendo direcionada a mim. Continuo o meu trajeto. - Senhorita!

Entro pela entrada de carros.

- Ah va se foder, Daniel. - digo para o porteiro.

- O que disse?

Não o respondo. Sigo para o apartamento. Várias lembranças atormentam-me enquanto a porta de metal se abre. Os planos que estavam sendo feitos. Os detalhes escolhidos depois de longas discussões. A felicidade compartilhada. Os passeios. Todas as festas as quais fomos juntas. A preocupação para não deixá-la degustar uma única dose de qualquer bebida.

Sinto os meus olhos lacrimejarem. Sinto o meu rosto se banhar pelas lágrimas quentes. Sinto a necessidade de acender um cigarro. Seria essa uma das piores decisões que eu já tomei em toda a minha vida. Sim, estou sendo extremamente egoísta ao querer tornar indiferente o efeito de seus olhos castanhos e de seu sorriso quando direcionados a mim.

Ela irá me odiar. Todos irão, mas é preciso. Eu não sou forte o bastante... eu nunca fui e ela sempre soube disso. Ela sempre soube que merecia alguém melhor mas insistiu em me ter aqui. Estúpido erro.

Entro no elevador. Tudo havia se passado em milésimos de segundos.

Algumas pessoas são dignas de perdão, mas este não será o meu caso. Espero que ela seja muito feliz depois de minha partida.

Acendo um cigarro. Um vazio invade o meu peito que parece queimar; arder; pulsar descontrolado... eu realmente não sei qual a melhor definição e isto não é preciso. Não, não sinta pena do meu estado deplorável... me odeie com todas as suas forças, pois Regina o fará... eu acho.

Duas voltas na chave. A porta se abrindo. Uma morena sentada com as pernas cruzadas, no sofá.

- Emma! - ela diz aliviada. Os seus olhos vermelhos denunciam um choro recente.

Regina parece exitar entre levantar ou não. Era melhor se ela não o fizesse como o fez. Sentir o seu beijo molhado tornava tudo mais difícil... Tornava a dor em meu peito mais constante.

- Você bebeu? - se afastou. - e fumou. - Fora nítido a decepção em seu olhar. - Porra Emma.

Eu não era capaz de seguir olhando para as suas íris castanhas.

- Não tem nada para me dizer? - insistiu. Suspirou. - Também está sendo difícil para mim. Ou será que tu não pensaste que eu também estou sofrendo? - não a respondo. - Pelo visto não.

Prefiro fugir daquela situação. Sigo para o quarto. Escuto os passos sobre o piso de madeira. Busco uma mala qualquer perdida no guarda-roupas. Regina parece desacreditada. Sim, tal situação não tinha explicação. A morena encostou-se próxima a porta, mas não sustentou a pose por muito tempo. Ela não iria insistir, não diria: "você está bêbada, não sabe o que faz." A Senhorita. Mills não me impediria de fazer qualquer besteira. A sua única reação foi a respiração pesada e a sua meia volta para a sala.

126 Cabides - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora