I Miss Hear

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Pov. Regina Mills. 

Os meus dias poderiam continuar apenas se arrastando. A beleza do nascer do sol quase não me encantava mais. O surgir da noite servia apenas para degustar a solidão em taças de vinhos. Os discos antigos voltaram a se fazer parte da minha realidade enquanto eram "arranhados" pela vitrola. Os livros empoeirados deixaram de ser meros enfeites e pela primeira vez os peguei para ler sem uma visão profissional... pela primeira vez eu havia decidido ser apenas uma leitora. Era diferente lê-los prestando atenção apenas nas emoções e não nos quesitos buscados pela minha editora; era diferente sentir as emoções humanas ao invés de julgar se era lucrativo.

Mais um trágico final. Porque as pessoas vinham se esquecendo de como é belo os clichês que arrancam sorrisos ao invés de lágrimas? Tal obsessão me soa assustadora… ou talvez os escritores só queiram algo que chame a atenção – seja de forma polêmica, seja de forma reflexiva. Se creio ser o correto? Eu não sei. Eu só queria embarcar em outras dores; outros dramas e se esquecer da minha realidade... eu só queria não ser eu por um mísero período.

As emoções seguiam embaralhadas em minha cabeça e nenhuma fazia sentido. A forma como eu estava (sobre) vivendo não podia ser explicado.

- Ah, Regina Mills, só tenha cuidado para não se apaixonar pela melancólica. Às vezes ela é incrivelmente sedutora. - penso em voz alta.

Guardo o livro em seu devido lugar. Busco uma taça para poder degustar o gosto forte de Petrus. Vinhos amargos nunca me encantaram, mas neste momento, me encantas em demasia.

- Quem diria que eu viria a ser uma fã de tal bebida. Quem diria que eu viria a colecionar garrafas vazias. Quem diria tantas coisas.

A minha rotina fora desfeita e substituída por horas e horas jogada no sofá. Não havia mais nem lágrimas para serem derramadas. Não havia mais motivos para se culpar, nem razões para justificar as últimas perdas. Quer dizer, haviam todos os motivos e todas as razões, mas eu já não sabia mais como sentir tudo isso pelo simples fato de já tê-lo feito. Eu estava perdida.

Se viessem a me analisar, não saberiam o que dizer. Se eu viesse a passar por alguma consulta, não saberia relatar o que acontece dentro do meu coração; dentro do meu ser. É loucura sentir tudo e não sentir nada. É loucura sentir-se vazio.

Uma voz aguda se espalhando pelo ambiente. Me encantas ouvir um cantarolar sair de minha vitrola nos momentos indefinidos do meu ser. Foste assim quando não sabia o que fazer da minha vida. Foste assim quando pensei que Emma seria um amor impossível. Foste assim quando tivemos a nossa primeira briga por um motivo tosco – éramos tolas e muito jovens. Foste assim quando a minha irmã me disse que iria para fora do país – Zelena e eu sempre fomos muito próximas. Foste assim quando eu e Emma nos perdemos pela segunda vez. Está sendo assim agora que o destino resolveu me bagunçar por completo.

O tempo poderia ser considerado um grande amigo ou até mesmo um fiel inimigo. Não há definições.

O barulho da campanhia me tira do transe o qual nem percebi que me encontrava. Sem pressa alguma e muito menos esperanças, sigo em direção a porta. Os meus olhos ganham um certo brilho. Sinto um acalentar em meu peito. Aquele enorme sorriso me trouxesseste paz. Pisco duas vezes, descrente do que via, mas não podia ser uma miragem – ilusão nenhuma seria tão perfeita em detalhar aqueles cachos ruivos e aquela pele alva.

- Zelena! - a minha voz não faz questão de esconder a vontade de chorar; vontade desconhecida até mesmo por mim.

- Eu vim assim que soube do acontecido. - ela disse um tanto sentida.

Ela deixa as malas caírem e me puxa cuidadosamente para um abraço. Não consigo retribuir da mesma forma por conta da taça de vinho que segue em minhas mãos. Eu ainda não conseguia acreditar. Zelena estava aqui?! Ela havia voltado por mim? Ela havia voltado porquê sabe o quanto preciso do seu carinho; do seu amor.

126 Cabides - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora