To Love Somebody

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Querida, você não sabe como é amar alguém... Amar alguém, como eu te amo... E você nunca saberá. E você nunca saberá.  

Pov Regina Mills. 

Não seria honesto vos dizer que a noite foste tranquila, algo ainda me atormentava causando movimentos bruscos. A agitação dominava cada partícula do meu corpo, deixando-me desconfortável até para vivenciar doces sonhos. O controle sobre todas as coisas já não era mais o meu forte e isto me fez pensar em como a vida pode ser assustadoramente cruel em determinados momentos. Até mesmo um lindo jardim de flores me causava espanto. Um lindo céu estrelado não me despertava as mesmas emoções de antigamente. Uma chuva não passava disto... A poesia vinha perdendo-se em rimas insatisfatórias. Eu já não era mais a mesma. A noite já não me abraçava em seu suave leito.

Evito abrir os olhos. O dia pode ser tão terrível quanto o que lhe antecede. Tenho medo do agora! Tenho medo do que o futuro me reserva. Ah, creio estar desenvolvendo o medo pelo viver. Mexo-me sobre os lençóis já bagunçados. Sigo agarrada no travesseiro em que ela deixaste para trás, inalando o seu doce perfume. Sim, é um ato inconsciente realizado por conta das imensas memórias as quais devemos fingir que não nos afeta. 

Dói se lembrar. Dói fingir não lembrar. O passado dói... Um passado recente dói de uma forma inexplicável.  Amar é sinônimo de dor. 

Prefiro não me ater a colocações da língua portuguesa. Sinônimos; antônimos; palavras... Ah, amar devia ser apenas um verbo a ser conjugado, nada mais. É triste ter o amor como algo doloroso, mas infelizmente os dois o qual vim a cativar não me deixou outra perspectiva. 

É como se eu fosse um pequeno pedaço deixado em um espaço pós meteoro. Aqueles que miram para o céu não vêem motivo para fazer morada por lá. É como se eu fosse a sobra de uma grande explosão, nada mais tem consistência. Também podemos dizer que eu sou o impacto de tudo e graças a mim, não há razões para querer ficar. Emma sempre me dizia que eu era o seu universo... Pena que os universos também são devastados. 

Os raios de sol invadem o meu quarto. Insistentes. Eu queria seguir assim, deitada, sem a necessidade de abrir as janelas, mas sei que este é um sonho distante. Sinto o cheiro forte de bacons fritos. Enquanto esse alimento encanta a maioria das pessoas, eu sigo enojada. 

Levanto da cama um pouco zonza. Sigo para o banheiro. Um banho frio para despertar me parece uma ótima opção. Deixo a água cair. Me desligo por completo. 

Assim que me sinto satisfeita, visto um roupão e sigo para a cozinha. Zelena tem os cachos ruivos soltos e cantarola uma música latina, desconhecida por mim – a cena me causa divertimento, não nego. Acabo ficando parada, escorada no balcão, por alguns segundos. A mais velha cora imediatamente quando me vê.

Continue. Eu gostei da canção. - digo de forma cínica, tendo como resposta uma maçã sendo arremessada em minha direção. Desvio-me e solto uma gargalhada devido a sua atitude infantil.  - É sério, eu realmente gostei.

- Palhaça! - diz, enquanto busca uma xícara de café para oferecer-me. - Pelo menos esse mico o qual paguei serviu para ouvir o som da sua risada.

 Obrigada. - me refiro ao café. 

Silêncio. Nos acomodamos para fazer o desejujum. Sorrio por estar vivenciando isso novamente. É, eu não sabia o quanto o meu coração sofria com a distância existente entre nós... Ou talvez eu soubesse. Se há alguém capaz de nunca se tornar ausente em minhas lembranças, esse alguém é a Zelena. 

Deixo-me vagar por aí enquanto saboreio o líquido quente. Acabo por me recordar do tempo em que éramos crianças. Jogávamos desde futebol até xadrez. Jogávamos pedra no telhado do vizinho. Roubavamos doces dos supermercados por mero divertimento. Fugiamos do castigo pela janela e voltavámos horas depois como se nada tivesse acontecido... Sempre tivemos um laço afetivo muito forte e é está a razão pela qual eu nunca me acostumei com a sua viagem.

126 Cabides - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora