Ji Min¹ acordou de um sobressalto, deixando escapar um grito de agonia. Seus olhos estavam úmidos, o rosto molhado de lágrimas e o coração batendo rápido e dolorosamente contra as costelas.
Com a respiração pesada e tremendo, ele olhou para a porta do quarto com certa ansiedade, desejando que ela se abrisse e alguém entrasse perguntando o que havia de errado. Mas, quase de imediato se lembrou de que Jo Hee estava seguindo as pistas de um furo daqueles, que o autor de webtoon com quem Soo Bong trabalhava estava com o prazo de entrega apertado e que Sang Joon praticamente não saía do escritório por causa do grande projeto que sua firma tinha assumido.
Estava sozinho em casa. Ninguém viria vê-lo.
Ji Min fungou, limpando o rosto desajeitadamente com as mãos trêmulas e trouxe as pernas para junto do peito, abraçando-as e apoiando o queixo sobre os joelhos. Uma tentativa de encontrar conforto no próprio calor. Já fazia mais de seis anos desde o acidente que levou seus pais, mas ainda não havia conseguido se acostumar com aquela solidão noturna. Era tão assustadora, e aqueles pesadelos não ajudavam...
Ji Min nunca havia tido uma imaginação das mais férteis e era raro que se lembrasse do que havia sonhado ao acordar — e isso costumava ser um consolo. Costumava porque, de uns tempos para cá, seu cérebro parecia ter se esquecido de que gostava de ter sonhos brancos e o atormentava com sonhos — quase sempre pesadelos — infestados de detalhes de arrepiar que continuavam bem nítidos em sua memória quando despertava. O último... O último não havia sido diferente, e a lembrança dele o fazia tremer todo.
Ji Min fitou o relógio pendurado na parede, um pouco acima da cômoda que ficava de frente para a sua cama. Quatro e vinte e sete da madrugada. Cedo demais para incomodar Yang Soon. Tarde demais para tentar se acalmar e dormir de novo. O rapaz suspirou e afastou as cobertas do corpo. Um banho quente seria o mais próximo de um abraço que conseguiria por enquanto, então se levantou e rumou para o banheiro depois de apanhar uma muda de roupas limpas no armário.
[NOTA: 1 - Vamos grafar o nome do Jimin (e de todos os demais Bangtan Boys) assim, separadinho, só para que não fique diferente dos demais personagens (porque tem alguns nomes que simplesmente não conseguimos escrever junto, tipo Soo Bong), mas eles são eles, ok? Não tem ninguém homônimo por aqui, não.]
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Vozes enchiam a casa.
Logo que amanheceu, os irmãos de Ji Min brotaram pela porta da frente num curto intervalo de tempo, todos com o mesmo objetivo: se banhar e trocar de roupa para pegar no batente outra vez. Era o habitual para eles esses dias, pernoitarem nos locais de trabalho e darem às caras em casa de manhã como os ventos e as troadas de um furacão.
Um furacão e dos mais devastadores, diga-se de passagem. Não havia nem um minuto que a porta da frente havia sido aberta pelo segundo deles, e Ji Min já podia ouvir suas vozes alteradas, reivindicando aos berros o direito de tomar banho primeiro. Só Soo Bong, o último a chegar, colocou a cabeça para dentro do quarto do dongsaeng para dar bom dia e se mandou antes de terminar de ouvir a resposta.
Ji Min suspirou, certo do que o hyung estava pensando: se não posso tomar banho primeiro, vou separar o que houve de melhor para comer nessa casa para o meu café da manhã. Apesar do pensamento mesquinho, o mais novo sabia que no fim Soo Bong acabaria comendo miojo, porque era só isso que ele saberia fazer com os ingredientes que tinham em casa. Aliás, era só isso que ele comia quase sempre. Isso e salgadinhos. Por isso, o rapaz fechou a tampa do notebook e correu para a cozinha.
Soo Bong chiou quando o impediu de colocar a água para aquecer e saiu do cômodo pisando duro, mas passados alguns minutos ele berrou do corredor (provavelmente, a caminho do banheiro):
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Outlander || Yoonjikook
RandomA vida de Park Ji Min se resume a fazer seus deveres acadêmicos - que consomem quase todo o seu tempo -, comer e dormir. Suas amizades são mantidas por encontros de corredor, raras visitas em casa, ligações e mensagens. Vivendo entre o silêncio da c...