"Porquê você não olha pra mim? ooo
Me diz o que é que eu tenho demais oo
Por que você não olha pra mim?
Por trás dessa lente tem um cara legal "Ironicamente era o que tocava no autofalante das barcas bem no momento que meu olhar disperso, que já devia pairar ali há um bom tempo, encontra um borrão de cabelos castanhos claro com um óculos. Saindo do meu estado completamente away, vi o rapaz de pé na minha direita encostado na janela, imediatamente ri. Afinal, foi como se a vida me desse uma palinha de como é ter trilha sonora.
Com uma gargalhada genuína o rapaz solta: Mais irônico impossível, não ?
- Acabei de pensar isso! Fazer o que se a vida deu você como trilha sonora - caçoei
- Ei, vai com calma, por trás dessa lente também bate um coração - recitou outro trecho da música
Foi uma bela sacada, não que eu fosse admitir
O portão se abriu e saímos cada um ao seu rumo, despedidos com um aceno.
Se você espera que agora te conte que o rapaz dominou minha mente, seu sorriso largo não abandonava minha lembrança, desculpa te decepcionar. Fazemos isso todos os dias, quer me dizer que você não tem um crush do ônibus diferente a cada dia ?
Na manhã seguinte lá estava eu, 6h da manhã rumo ao meu estágio, sentada próximo a saída da embarcação para facilitar e aproveitar a viagem para cochilar
- Mina seus cabelo é daora !
Olho pro lado e dou de cara com os olhos, que agora reconheço como verdes, atrás da lente do óculos, o rapaz de ontem.
- Não tem medo o tal João do Santo Cristo ? - disse apertando os olhos
- Era o que diziam, mas me chamo Felipe.
- Barca estranha com gente esquisita, eu não tô legal - fiz uma cara de enjoada
- Maluca, pirada, ainda tá de madrugada - ele riu consigo
- Pagode? Aí você me quebra!
- Mas traduz bem, 6h é madrugada, não deveria ser lícito acordar essa hora. Que dirá já estar nas barcas.
Tive que rir, pensava o mesmo.
- Concordo com você, pagodeiro.
- Infelizmente não vou manter minha fama, não tenho um samba pra perguntar seu nome.
- Pode ser a moda antiga mesmo. Me chamo Larissa, e não não pode me chamar de Lari.
O tal Felipe me olhou com uma cara engraçada, quase gritando para saber o porquê. Eu, obviamente, ignorei para minha própria diversão
- Eu vou cantando até o trabalho e você ?
- Vou cantando até o estágio.
- Universidade? Piores anos da minha vida. - disse sorrindo - O que você cursa?
- Design
- Demais! Mesmo curso da minha prima, ela faz na Federal da Guanabara.
- Também estudo lá ! A Guanabara realmente é um ovo! Ela está em que período?
- 8° fatorial - riu com ar de tristeza.
- Qual nome dela mesmo ?
- Laís - não podia acreditar na coincidência
- Laís Andrade? Loira, alta, desenhista e ...
- E namorada do André Fragoso - Completou
- Não pode ser. Você já me conhecia, cara?
- Claro que não, te vi a primeira vez ontem! - disse levantando as mãos em sinal de inocência
- Tem certeza ? Porque a Laís é tipo minha melhor amiga! - falei rápido até para mim.
- Não brinca ?! Você é a Bastos ?
- Larissa Bastos - disse estendendo as mãos - Bom finalmente te conhecer, Felipe Andrade!
- Realmente a Guanabara é minúscula. Isso porque cheguei têm só uma semana.
- Como eu não liguei o nome a pessoa? Vocês são bem parecidos! E a Laís disse que ia chegar... Hm. Do Canadá certo ?
- Isso mesmo, fui transferido.
- E ficou feliz em sair do frio ? Afinal, você trabalha com o que ?
- Feliz é pouco, eu senti muita falta do calor daqui. Não deixa essa roupa engomada te enganar, sou da área criativa, trabalho com marketing.
- Então, além de pagodeiro, você é mestre em manipular a mente humana para o consumo? - provoquei.
- Olha quanta calúnia! É isso que você já pensa de mim? Sou um bom rapaz - disse fazendo beicinho.
Ele era espontâneo e fofo, conseguiu ser engraçado de um jeito leve e não infantil. Gostava disso nas pessoas.
- Ok, mas não negou. Hora de descer. Até outro dia, Felipe!
- Até, Lari! - disse sorrindo e procurando minha reação com o olhar.
Mas já estava longe o suficiente para ele não ver que eu fiz uma careta.
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Contos Cantados
Romance*Em Construção* Bem vindo ao mundo real, embora alguns afirmem ser o pior dos tormentos, olhando em volta é possível encontrar magia. Esse livro trata de questões humanas, dilemas da vida real, na sua melhor perspectiva: Através da música. Dê uma c...