Um

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Havia recém completado meus saudosos vinte anos, quando os rumores de que Manuela iria embora da cidade começaram. Um misto de aflição e ansiedade instaurou-se nos meus dias, acompanhando devaneios de um último encontro; Fruto de um sentimento abrigado nos cantos mais longínquos de um peito dilacerado, envoltos em segundos perpétuos de uma despedida que jamais acontecera.

Perdera as contas de quantas vezes tornei a refazer esses momentos no curto período de tempo que permaneci em choque. Apesar de aparentemente estar tudo resolvido, ainda sentia-me apaixonado. A ideia de um adeus, abalava minha estrutura por inteiro.

Por mais absurdo e utópico que fosse um possível retorno de nosso amor, senti parte de minha vida desprender-se forçadamente de mim. Talvez por isso, desejo estar com Manuela mais uma vez, a fim de criar uma última recordação boa ao seu lado. Então liguei para ela. Que atendeu como quem não quer nada, perguntei se era real o burburinho, ela disse "sim".

Notei certa relutância de sua parte em falar comigo, então atrevi-me a perguntar se poderíamos marcar um passeio, antes que partisse. Após segundos infindáveis esperando a resposta, ela disse "Talvez, poderíamos nos divertir" então marcamos de sair dentro de três dias.

Carol, como eu costumava chama-la, havia sido meu primeiro amor tangível. Era uns dez anos mais velha, frequentemente aparecia nas colunas sociais, ao lado de seu marido. Nos conhecemos por um acaso, quando participei de uma reunião de estudantes clandestina próximo a presidente Vargas.

Naquela noite, avistei-a próximo ao palco, seu cabelo era curto com um coque desgrenhado, seus lábios eram vistosos e seu sorriso arrebatador. Trocamos olhares maliciosos. Um amor platônico quase perfeito. Após um uísque duplo já estava enamorado por sua beleza atordoante. Então tomei coragem e aproximei-me com meu intrépido tom de "Matador".

Ela sorriu diversas vezes, contou-me curiosidades de sua vida. Descobrimos prazeres em comum, entre risos e olhares fogosos senti a necessidade de convida-la para um local mais reservado.

Nos dirigimos ao lugar menos privativo do recinto (O banheiro) onde pôs-se a beijar-me o pescoço e desabotoar a camisa. Como mal sabia o que estava fazendo ouvi ela sussurrar em meu ouvido "Não fique nervoso, apenas entregue-se ao momento". Não havia comentando nada mas nitidamente ela sabia que eu ainda era virgem, embora já houvesse acariciado algumas namoradas.

A nossa primeira trepada foi desengonçada e cheia de erros, mas como dizem por aí "A prática leva a perfeição". Passamos a nós encontrar pelo menos duas vezes na semana, tomávamos um café e falávamos sobre literatura e cinema, por fim nos dirigíamos para um quarto de hotel, próximo a minha casa. Dalí em diante, vivemos meses maravilhosos. Carol sempre foi uma mulher fogosa, se não o verdadeiro fogaréu encarnado.

Dona de gentis curvas, figura esbelta, típico padrão de corpo feminino de 68. Caroline sabia o poder que tinha em suas mãos, sabia seduzir e destruir um homem, isso era tão excitante em sua personalidade. Ela era intensa como uma tempestade em alto mar, ao mesmo tempo doce como fago de mel.

Tinha o hábito de fumar meio maço de cigarros por dia, então seu cheiro era uma misto de baunilha e cinzas. Sua boca era amarga, mas de uma forma que não podia reclamar. Ela incentivou-me a fumar, foi questão de tempo até que eu adquirisse o vício.

Nós tínhamos o hábito de fumar maconha após cada trepada. Seu corpo seminu acariciado pelo lençol de seda do hotel, me trazia um bem estar singular, ou era apenas efeito relaxante do baseado.

(...)

É chegado o dia do passeio.

Acordei cedo, preparei minha melhor roupa, tomei meu café e fui ao local de encontro. Chegando lá sentei-me no banco da praça e acendi meu cigarro, a espera de Carol.

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⏰ Última atualização: Jun 13, 2022 ⏰

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