Capítulo 4

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León me levou para a Padaria Gardênia, onde eu costumava tomar o café de manhã antes de ir pra aula e ele sabe disso porque vinha comigo. Era uma padaria com decoração simples, com mesas de madeira cobertas com toalha branca, cadeiras com assento acolchoado, a pintura de cor clara e as portas e janelas eram feitas de vidro, sem contar com o cheiro do pão francês que sai da cozinha e preenche todo aquele espaço.

Sentamo-nos à penúltima mesa, a que não é a mesa de costume e isso me deixou um pouco desconfortável. Involuntariamente, olhei para a mesa que ficava um pouquinho mais à frente.

– Está tudo bem? – perguntou.

– Sim, sim. Só estou observando o espaço – disfarcei todo o meu incômodo olhando ao meu redor.

Eu estava insegura, não sabia o que conversar com ele. Não é normal ter um amigo de anos e por causa de meses não ter nada para falar com ele. Bom, eu tinha muita coisa para conversar com ele, mas parece que ele acha que está me conhecendo.

Estamos em completo silêncio. Li uma vez que era menos constrangedor estar em silêncio com um conhecido que com um desconhecido. Isso está me incomodando como se não nos conhecêssemos.

– É verdade que você é sobrinha da Angie? – perguntou, pela primeira vez.

Hesitei antes de responder. O que eu diria a ele?

– Eu nem sei quem é Angie e nem de onde o Maxi tirou que eu sou sobrinha dela.

– Ah, a Angie foi a nossa professora de canto até a chegada da nova professora. Ela precisou se afastar por causa de uns problemas de família, mas ainda volta.

– Não me lembro de ter uma tia que dá aulas de canto.

– Mas o Maxi não é de inventar histórias.

– Sei que não é.

Foi por eu ter dito isso que ele começou um questionário. Se eu já conhecia o Maxi, de onde e como éramos tão próximos porque ele me chamou por “Vilu” mais cedo.
Eu disse que já nos conhecíamos faz um tempo e desviei o assunto dizendo que ele também pensaria que já somos muito próximos só porque estamos saindo no mesmo dia em que nos conhecemos.
Claro que o Maxi não falaria isso, ele deve achar que estamos saindo como melhores amigos, assim como a Fran também deve pensar. É incrível como só o meu melhor amigo não me reconheceu.

– Você se assustaria se eu dissesse que sinto que já te conheço? – perguntou, fitando os meus olhos, possivelmente com alguma esperança de se lembrar de mim.
E eu tive que tomar muito cuidado para não me perder. Os olhos de León eram verdes cor de esmeralda, simplesmente lindos e são o que mais conquista as meninas. Mesmo sendo completamente acostumada com isso, ele sabe que eu não consigo não me perder.

Agora fico pensando na reação dele quando descobrir que realmente me conhece. Se ficar chateado, vai ser sem razão. Eu passei oito meses em outro continente, ele que se esqueceu de mim. Além do mais, está namorando com a Ludmila.

Se alguém que tiver que jogar todos esses anos de amizade fora, esse alguém deveria ser eu.

– Violetta! – Chamou, estalando os dedos na minha cara. A ficha caiu. Droga, eu me perdi. – Está tudo bem? – Assenti com a cabeça.

No mesmo instante, uma garçonete veio anotar o nosso pedido. O León pediu um pastel de frango com catupiry e um latinha de refrigeração. Foi inevitável não fazer cara feia. Não esperava isso dele. Logo o León que ficou preocupado com essas taxas que têm no sangue depois da aula de biologia e principalmente com a obesidade. Em contrapartida, eu pedi um sanduíche natural com queijo ricota e um suco de uva porque eu sim estou preocupada com a minha saúde. Não só por isso, mas também porque desde pequena sou acostumada a não consumir lanches pesados, gordurosos e cheios de açúcar.

Mi Corazón Es TuyoOnde histórias criam vida. Descubra agora