Prólogo

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O vento frio da noite bate na minha janela, vejo as cortinas do meu quarto irem de um lado para o outro como se estivessem em uma dança totalmente sem compasso. Junto os braços no meu corpo na tentativa de escapar do frio, a camisola fina de seda sobre meu corpo não é o suficiente para combater o que sopra pela minha janela. Observo as ondas que vão de encontro umas com as outras, o mar parece agitado, talvez sinta a mesma aflição que estou sentindo. Ao mesmo tempo imagino os braços de Henrique envolvendo meu corpo, por vezes me encontrei perdida nos meus pensamentos com aquela vista e o seu abraço tinha o poder de me tirar do transe e me colocar de volta na realidade. Por um momento pude sentir o calor daqueles braços o que confortou um pouco meu coração.

A muitos dias essa tem sido minha rotina, a casa, a cama não tem mais o mesmo cheiro, aquela presença que antes enchia a casa agora não passa de lembranças. Quando fecho os olhos posso vê-lo sorrindo em minha direção, dificilmente eu o via triste ou chateado, parecia que nada abalava aquele homem. Parte de mim era fascinada por esse jeito e a outra parte era completamente apaixonada por ele, seu corpo, seu rosto seu coração, quem o conhecia quase que imediatamente já o amava. Era difícil não ficar animada mesmo depois de um dia longo de trabalho, ele sempre via o lado positivo em todo lugar até mesmo nos mais impróprios.

Volto até a cozinha, andar por esses corredores me lembram todas as vezes que corri no meio da noite de um lado para o outro procurando ajuda. Os momentos de terror que passei aqui dentro me causam arrepios, cada passo que dou por esse corredores me lembram a voz dele me falando que tudo iria ficar bem e no final a única coisa que ecoou por esses corredores foram meu gritos de desespero. Devagar tiro a água quente de fogão e despejo na minha caneca preferida o que me lembra todas as vezes que ele me falou do péssimo gosto que eu tinha com a louça de casa ao escolher uma caneca com orelhas de Minnie. Era fácil acordar no meio da noite e encontrar ele debruçado na mesa terminando o seu projeto com a mesma caneca que ele tanto criticava por ser feia o que me fazia rir. A bebida quente desce pela minha garganta no primeiro gole o que me fez pensar se continuaria a tomar até o fim. É difícil compreender certas coisas no começo aliás, mais complicado ainda é ter que reaprender tudo novamente.

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